Moçambique: Ex-guerrilheiros da RENAMO já em liberdade
30 de maio de 2025
A forma como a detenção dos ex-combatentes do segundo maior partido de Moçambique ocorreu gerou críticas do ex-deputado da RENAMO e assessor político de Ossufo Momade, Venâncio Mondlane.
O político classificou nesta quinta-feira (29.05), numa live no Facebook, a intervenção policial na sede nacional da RENAMO como a "última humilhação” ao partido e ao seu histórico líder Afonso Dhlakama.
"Foi aceitar ou mandar as botas da UIR [Unidade de Intervenção Rápida, da polícia] pisarem, humilharem e cuspirem sobre a lápide da memória de Afonso Dhlakama. A última humilhação que faltava ser feita à RENAMO foi exatamente isto que aconteceu agora", criticou.
A Liga da Juventude da RENAMO também não gostou da intervenção da Polícia. Ivan Mazanga, presidente da agremiação, afirmou esta quinta-feira (29.05), em conferência de imprensa, que se tal aconteceu com anuência da liderança do partido, "colocamos aqui a nossa firme oposição, porque estamos convictos de que o diálogo incessante deve ser o caminho permanente para ultrapassarmos os nossos diferendos, hoje e sempre”.
Mazanga insta à liderança do partido a olhar para o braço-de-ferro com os ex-guerrilheiros e a crise interna na RENAMO com a devida seriedade.
"Por isso instamos para que reconvoque a reunião do Conselho Nacional, para que juntos, e de forma institucional, encontremos as melhores soluções para o nosso partido RENAMO”, defendeu.
Solução negociada
Por seu turno, Geraldo Carvalho, chefe nacional de mobilização da perdiz, também defende uma solução urgente para a clivagem entre a liderança do partido e os desmobilizados.
Num vídeo partilhado nas redes sociais, Carvalho anunciou a realização para breve de uma conferência nacional dos desmobilizados.
"Cada um vai colocar na mesa todas as suas questões, porque vai ser a primeira conferência desta natureza que vai acontecer depois da morte de Afonso Dhlakama", disse.
Carvalho reconhece que a situação não deveria ter chegado aos extremos como está neste momento: "Mas nunca é tarde para recomeçar um processo e acomodar lá as preocupações, as reivindicações e corrigir os erros que tenham sido cometidos”.
Os ex-guerrilheiros da perdiz exigem a saída de Ossufo Momade da liderança da RENAMO. Aliás, na última quarta-feira (28.05), João Machava, porta-voz dos guerrilheiros, acusou, em entrevista à DW, Momade destruir o partido: "Não consegue gerir o partido. Está a pôr o partido em falência, por isso estamos a combater Ossufo Momade”.
No entanto, Geraldo Carvalho critica a atuação dos desmobilizados, defende que qualquer diferendo deveria ser resolvido dentro dos órgãos do partido.