1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ex-guerrilheiros da RENAMO "tomam" sede do partido

Lusa
26 de novembro de 2024

Grupo de antigos guerrilheiros da RENAMO "tomou" hoje a sede do partido exigindo demissão de Ossufo Momade face aos maus resultados nas últimas eleições gerais. Intervenção policial travou protestos.

Moçambique: Ossufo Momade, líder da RENAMO, em Manica
Ossufo Momade, líder da RENAMO, é contestado pelos antigos combatentes, que pedem a sua demissão Foto: Bernardo Jequete/DW

A polícia foi chamada esta terça-feira (26.11) à sede nacional da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), em Maputo, após antigos guerrilheiros da força da oposição, contestatários do líder do partido, Ossufo Momade, terem protestado na sequência dos maus resultados nas eleições gerais.

O grupo, que integra desmobilizados ao abrigo do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), assinado com o Governo, deu a conhecer numa mensagem distribuída à imprensa, que, juntamente com outros quadros do partido, "tomaram" a sede, "exigindo a demissão" de Ossufo Momade do cargo de Presidente, depois de já terem pernoitado no local.

"Ainda interessa-nos saber quem chamou a polícia e com que intenção", disse aos jornalistas o deputado Muhamad Yassine, à porta da sede do partido, envolvida por um aparato policial. "Nós chegámos e pedimos que a polícia não entrasse nas premissas da RENAMO, porque afinal de contas não há necessidade de haver polícia para resolver um problema que está dentro de casa", advertiu.

Presente no exterior, o contingente policial acabou por não tomar qualquer ação na sede nacional da RENAMO em Maputo.

"Esta era uma situação que, no meu entender, não era assim tão complicada de se resolver", admitiu Muhamad Yassine. "Era uma questão de nos sentarmos com os nossos mais velhos militares, poder perceber exatamente qual era a sua exigência e como é que se poderia tratar" o problema, acrescentou o deputado, garantindo que foi alcançado um "consenso".

Conselho Nacional ainda este ano?

Muhamad Yassine considerou tratar-se de "uma questão de índole estatutária", pelo que o segundo Conselho Nacional do partido deve ser realizado este ano.

"Eu penso, em função daquilo que discutimos, que vamos submeter uma carta ao gabinete do Presidente e pedir que o Conselho Nacional seja realizado este ano", acrescentou Muhamad Yassine, que falava em representação do porta-voz do partido.

"Não há uma casa que não tenha desentendimentos", disse o deputado da RENAMO Muhamad YassineFoto: S. Lutxeque/DW

Embora sem detalhar o motivo para a convocatória da reunião magna, o deputado garantiu que o pedido em causa "não fere" os estatutos da RENAMO.

"Não há uma casa que não tenha desentendimentos", admitiu Yassine, aplaudindo o facto dos assuntos do partido serem resolvidos a nível interno.

"Estamos felizes com o resultado do nosso entendimento", concluiu Yassine, mas sem permitir que os representantes dos antigos guerrilheiros falassem à comunicação social presente.

A queda da RENAMO

Em outubro, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou a vitória de Daniel Chapo (FRELIMO) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos. Venâncio Mondlane, ex-deputado da RENAMO e apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos. Seguiram-se Ossufo Momade, com 403.591 votos (5,81%), e Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceiro partido parlamentar), com 223.066 votos (3,21%).

Já para as legislativas, de acordo com a CNE, venceu a FRELIMO, no poder, garantindo mais 11 deputados, para um total de 195 mandatos, seguida do PODEMOS, elegendo 31 deputados. De acordo com os resultados anunciados pela CNE, a RENAMO, até agora maior partido da oposição, caiu de 60 para 20 deputados, e o MDM manteve a representação parlamentar, mas viu o total de deputados cair de seis para quatro.

Os resultados dos escrutínios em Moçambique ainda carecem da validação do Conselho Constitucional, mas os mesmos não são reconhecidos por nenhum dos restantes três candidatos que, entre outras, sustentam acusações de fraude eleitoral.

RENAMO exige novas eleições e "criação de Governo de gestão"

04:52

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema