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Moçambique: Exploração ilegal de mina de Muiane causa mortes

4 de fevereiro de 2017

Doze pessoas morreram nas últimas três semanas em desabamentos na mina de Muiane, na província da Zambézia. A empresa que explorava a mina abandonou a região. E a exploração tem sido feita por populares.

Jovens a caminho da exploração de rubis, nas minas de Namanhumbiri, em Cabo DelgadoFoto: DW/E. Valoy

Há cada vez mais jovens e adultos a arriscarem a vida na mina de tantalite de Muiane, no distrito de Gilé, para ganhar algum dinheiro. Só nas últimas três semanas, 12 pessoas morreram e várias ficaram gravemente feridas na sequência de desabamentos. E nos últimos dias, os desabamentos têm sido frequentes.

O director provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, Almeida Manhiça, mostrou-se preocupado com a situação. "O governo está a sensibilizar [as comunidades] para que deixem esta prática de garimpo ilegal e está a fazer todo esforço para que a empresa que estava a explorar aquela mina retome as suas atividades."

Almeida Manhiça, director dos Recursos Minerais da província moçambicana da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

Há mais de um ano que a mina de Muiane está a ser explorada por populares. A Tantalum Mineração, a empresa que explorava os jazigos de tantalite, abandonou a região em novembro de 2015, depois de uma violenta rebelião popular. Populares destruíram máquinas e instalações da empresa para protestar contra a morte de um garimpeiro. Nessa altura morreram vários civis e agentes da polícia.

As autoridades acreditam que as mortes não vão parar, porque não há controlo da atividade e cada um extrai à sua maneira. Para Almeida Manhiça, uma solução seria o regresso da Tantalum Mineração.

"Já estamos a trabalhar no sentido de reabrir a mina. O que significa que a empresa vai ter de pagar novo equipamento. Tudo o que estava lá foi destruído, o equipamento foi queimado na totalidade. E vai ter de investir de novo" para repor toda a maquinaria, admitiu Almeida Manhiça, diretor dos Recursos Minerais da província da Zambézia, centro de Moçambique.

Garimpo sem qualquer segurança

Alfredo Ramos, da Confederação das Associações Económicas da Zambézia, sublinhou que é preciso reduzir os riscos que os garimpeiros correm em Muiane. "A atividade do garimpo, de uma maneira geral, é feita de forma artesanal e, muitas vezes, as pessoas não respeitam as regras de segurança no trabalho", alertou.

02.02.17 Mina de Muiane - MP3-Mono

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Alfredo Ramos lembra que as mortes na mina de Muiane acontecem porque os garimpeiros ilegais não cumprem as regras de segurança: "Não têm a tecnologias que facilitam o processo e as consequências são essas. Não é bom que se esteja a perder pessoas jovens que deviam dar o seu máximo para desenvolver este país."

O porta-voz da polícia na Zambézia, Miguel Caetano, afirmou que a corporação já foi chamada a intervir muitas vezes. "Temos vindo a sensibilizar a população para que não pratique aquela ação ilegal. A nossa equipa deslocou-se ao local, conseguiu resgatar quatro jovens. Por sinal, dois já estavam sem vida", recorda Miguel Caetano.

De acordo com o governo provincial da Zambézia, desde que a mina de Muiane passou a ser controlada por ilegais perdeu muito dinheiro de impostos que deviam ser pagos pela companhia mineira, de capitais canadianos, que deixou a região.

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