128 professores suspensos na Zambézia por ostentarem falsos certificados de habilitações literárias. A Direção Provincial das Finanças diz que as investigações prosseguem e que os professores serão levados a tribunal.
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O diretor provincial de Planos e Finanças da província da Zambézia, Graciano Francisco, considera fraudulenta essa situação em que muitos professores, na sua maioria do nível primário, tiveram que
falsificar certificados de habilitações literárias, passando-se por professores.
Graciano Francisco diz que o número de diplomas falsificados poderá aumentar nos próximos dias, porque os 128 supostos professores foram descobertos em apenas quatro distritos da Zambézia faltando outros 13 distritos por fiscalizar.Segundo o diretor provincial de Planos e Finanças "esses professores foram contratados no princípio deste ano e estão distribuídos pelos distritos de Mulumbo, Milange, Mulevala e Gilé. Eles já tinham começado a auferir os seus salário."
Francisco garante ainda que "os professores que foram detetados já foram suspensos, tal como o pagamento dos seus salários. A maior parte já estava a regularizar a sua situação no Tribunal Administrativo e esperavam pela aprovação para serem incluídos no sistema de pagamento."
Institutos de Formação de Professores acusados pelos supostos professores
Os professores afastados alegam que os certificados falsos foram passados pelos Institutos de Formação de Professores de várias províncias moçambicanas, um deles da Cidade de Quelimane, província da Zambézia.António Bofana, diretor do Instituto de Formação de Professores de Quelimane, descreve a ação com preocupação: "Se houvessem casos em que o certificado tivesse sido passado pela instituição nós poderíamos ter notado, mas desses casos nenhum certificado foi falsificado pela instituição. São pessoas de má fé que estão a promover esta situação e devem ser tomadas medidas para que se desencoraje as pessoas a prosseguirem com esta prática."
O diretor das Finanças tem apelado para que seja efetuada uma fiscalização financeira cerrada nos setores públicos para evitar que haja mais dirigentes a desviar fundos do erário público: "Estamos a passar um pente fino, temos que fazer triagem de todos professores contratados este ano e outros para apurarmos se os documentos são verdadeiros. Alguns documentos não foram passados nesta provincia, deve haver cruzamento de informação."
Momento de calcular prejuízos financeirosO Porta-voz do Comando Provincial da Policia da República de Moçambique na Zambézia, Miguel Caetano, diz que desde abril nenhum outro professor foi detido: "Tivemos dez professores detidos no mês de abril a mando do tribunal por que já havia um processo que corria sobre eles sobre ordens da Direção Provincial de Educação."
Entretanto ainda não foi calculado o montante já pago a esses professores, diz Graciano Francisco: "Quero confessar que nós começamos a pagar os professores no mês de março deste ano, estamos a fazer um levantamento para apurarmos o valor real que estes professores receberam."
Anualmente na província da Zambézia são formados dois mil professores do ensino primário e este número não cobre a totalidade das escolas existentes. Daí a contratação de professores provenientes das províncias do centro, norte e da província de Inhambane no sul do país.
A dor dos talibés
Entregues pelos pais para serem educados por líderes religiosos, os meninos são agredidos por professores e obrigados a mendigar nas ruas. Escolas corânicas no Senegal são ambiente de sofrimento e exploração infantil.
Foto: DW/K. Gomes
Infância perdida
Nas paredes desta escola corânica, no Senegal, rabiscos contornam figuras de bonecos e estrelas. Aqui, as fantasias de criança convivem com uma realidade amarga. Meninos conhecidos como talibés são separados da família para aprender o Corão.
Foto: DW/K. Gomes
Sem portas nem janelas
Afastada do centro da cidade de Rufisque, no oeste do Senegal, fica esta estrutura abandonada, sem portas nem janelas. Esta madrassa, como é chamada a escola corânica, abriga cerca de 20 crianças entre três e 15 anos de idade. A falta de infraestrutura torna a rotina dos talibés ainda mais penosa.
Foto: Karina Gomes
Desprotegidos
Este é um dos quartos onde os talibés dormem. Não há camas, nem cobertores. E também faltam travesseiros. Os meninos deitam-se sobre sacos plásticos, no chão de areia. Nos dias frios, a maioria fica doente e não recebe tratamento médico adequado.
Foto: Karina Gomes
Aulas sobre o Corão
As crianças são entregues pelos pais aos marabus – poderosos líderes religiosos do país – para terem aulas sobre o Corão. Os professores têm uma reputação social elevada e é a eles que muitas famílias pobres do Senegal e da vizinha Guiné-Bissau confiam a educação dos filhos.
Foto: DW/K. Gomes
Entre livros
Tábuas com palavras em árabe e exemplares do livro sagrado estão espalhados pela madrassa. Os talibés acordam diariamente por volta das cinco da manhã para aprender o Corão. Em coro, recitam repetidamente trechos do livro sagrado.
Foto: DW/K. Gomes
Mendigos
Depois das orações, os meninos são obrigados a pedir dinheiro nas ruas e a conseguir algo para comer. Cada professor estipula uma quantia diária. Se os meninos não conseguem cumprir, são espancados. "Tínhamos de levar dinheiro para sustentar o marabu e a sua família, porque ele vivia disso. Eu sofri muito. Uma vez fui espancado porque cheguei atrasado", conta o ex-talibé Soibou Sall.
Foto: DW/K. Gomes
Amigos de rua
Os talibés vestem-se com roupas velhas e rasgadas e a maioria anda descalça. Chegam a mendigar sete horas por dia pelas ruas de Rufisque. Eles também pedem esmolas perto da estrada que liga a cidade à capital, Dakar. Curiosos, estes dois amigos aproximam-se e pedem para ser fotografados. E sorriem, apesar da rotina dolorosa.
Foto: DW/K. Gomes
Hora da refeição
Sentados no chão de areia, os talibés juntam-se para comer o que conseguiram nas ruas. Hoje têm arroz, vegetais e alguns pedaços de frango para dividir. Há restos de comida espalhados pelo plástico preto. "Gosto de viver aqui. Eu tenho paz", diz Aliou, de 8 anos.
Foto: DW/K. Gomes
Condições degradantes
Nesse espaço comum fica uma espécie de casa-de-banho e há muito lixo no chão. Os meninos andam descalços sobre objetos cortantes. Há chinelos e roupas velhas por toda a parte. Os meninos são constantemente vigiados por adolescentes que foram talibés na infância e auxiliam os professores. Agressões são constantes.
Foto: DW/K. Gomes
Exploração
As escolas alcorânicas surgiram nas zonas rurais do Senegal. Os meninos trabalhavam na lavoura e tinham aulas sobre o Alcorão. Com as constantes secas, os marabus foram forçados a aproximar-se das grandes cidades, como Dakar. Com dificuldades financeiras para sustentar todas as crianças, o incentivo à mendicância infantil tornou-se uma atividade rentável.
Foto: DW/K. Gomes
Sem os pais
Por chegarem muito pequenos às daaras, muitos meninos desconhecem o motivo de terem saído da casa dos pais. Bala, de 11 anos, não vê a mãe há sete anos. "A minha mãe está viva e tenho saudades dela. Estou aqui em Rufisque desde muito pequenino. Depois da escola, eu vou pedir dinheiro", diz. "Preferia viver com os meus pais."