1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Famílias pedem libertação de jovens detidos em Gaza

Carlos Matsinhe (Xai-Xai)
19 de novembro de 2019

Na província de Gaza, multiplicam-se os apelos à libertação dos opositores detidos há mais de um mês, alegadamente por apresentarem credenciais falsas para as eleições. A Procuradoria diz que o caso não é prioritário.

Campanha eleitoral em Gaza (foto de arquivo)Foto: DW/C. Matsinhe

As famílias lançam um grito de socorro e pedem às autoridades a libertação imediata dos jovens detidos em Gaza, sul de Moçambique, no dia das eleições gerais, 15 de outubro.

Nesta terça-feira (19.11), falando à DW África, a mãe de um deles, que pede anonimato por temer ameaças, alertou em particular para o caso de uma detida, que não tem podido amamentar a filha de seis meses.

Campanha eleitoral na província de Gaza, em setembroFoto: DW/C. Matsinhe

"Uma criança de seis meses está a viver com a vizinha. A mãe deixou-a com a vizinhança por pouco tempo, pois no dia seguinte à votação retornava a casa… Mas não aceitaram [libertá-la], nem para que a mãe fosse buscar a criança para amamentá-la. Então, não será um crime eles estão a cometer, desamamentar esta criança de seis meses?"

Esta mãe lembra ainda que há detidos que podem perder o ano escolar, porque os exames finais começam na quarta-feira, dia 20: "Os [alunos] de ensino secundário ainda fazem o exame. Estão a perder a escola."

Detidos membros da oposição

Ao todo, 23 pessoas estão detidas há um mês, alegadamente por terem credenciais falsas para a fiscalização das eleições gerais. Dezoito detidos são do partido Nova Democracia e os restantes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Dentro e fora do país, têm-se multiplicado os apelos à libertação dos detidos. Na segunda-feira, a Amnistia Internacional pediu a "libertação imediata e incondicional" e criticou a transferência dos detidos de Guijá para a penitenciária provincial na cidade de Xai-Xai, algo que, segundo a organização, "parece uma tentativa deliberada das autoridades de ocultar detalhes" sobre o seu paradeiro.

O partido Nova Democracia denunciou esta semana que os advogados de defesa ainda não tinham tido acesso aos processos.

Famílias pedem libertação de jovens detidos em Gaza

This browser does not support the audio element.

Detidos acusados

A Procuradora-Chefe Provincial, Emília Benedita Chirindza, explicou, entretanto, que os detidos estão já acusados de crimes de falsificação e uso de documentos falsos. Como não se trata de ilícito eleitoral, o caso não é tratado de forma tão célere.

Emília Benedita nega, no entanto, a existência de motivações políticas ligadas às detenções: "Simplesmente, as instituições estiveram diante de um crime e deram seguimento, tal como em qualquer circunstância."

A Procuradora-Chefe provincial diz que o processo foi remetido ao tribunal na semana passada. Sobre a transferência dos detidos, afirma que se trata de um processo normal. E sobre a falta de comunicação aos advogados, a procuradora explica que só defensores constituídos são comunicados e, no caso concreto, não tem informação sobre quem tem procuração para o efeito.

Moçambique: "Sala da Paz" classifica de cruel e intimidador assassinato de Matavel

01:49

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema