Foi oficialmente encerrada hoje em Maputo mais uma fase do processo de Desmobilização, Desmilitarização e Reintegração de ex-guerrilheiros da RENAMO. Durante a cerimónia, Ossufo Momade criticou o recenseamento eleitoral.
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O processo de Desmilitarização e Desmobilização dos antigos guerrilheiros da RENAMO chegou oficialmente ao fim nesta sexta-feira (23.06). Durante a celebração deste marco histórico em Maputo, porém, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, voltou a lembrar que "a fraude eleitoral foi sempre motivo para desentendimentos com o Governo".
"As graves irregularidades do último recenseamento eleitoral, que denunciámos e participámos oficiosa e publicamente às autoridades competentes, não mereceram o devido provimento, o que indicia uma autêntica pólvora de conflito", alertou o líder do maior partido da oposição.
Vícios no recenseamento
Avarias nos aparelhos e a alegada exclusão de eleitores simpatizantes da oposição durante o recenseamento foram algumas das irregularidades denunciadas.
O líder da RENAMO advertiu que, se o país quiser trilhar o caminho da paz e reconciliação, deve abandonar "todos os vícios que retiram a credibilidade ao recenseamento eleitoral".
"Depois de seis eleições gerais e cinco autárquicas, continuamos a assistir à prática dos mesmos atos ilícitos de forma deliberada no processo [eleitoral]", disse Momade.
Silêncio de Nyusi
O Presidente da República, Filipe Nyusi, não se pronunciou sobre o recenseamento eleitoral. Disse apenas que, com o encerramento de mais uma fase do DDR, "ficam para a história as escaramuças armadas que ocorriam no centro do país".
"Quero recordar ainda que este ato é um grande investimento para que fique para trás o derramamento de sangue de irmãos devido a divergências políticas", acrescentou.
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"Reintegração deve continuar"
Além disso, o chefe de Estado reiterou que a "desmobilização" e a "desmilitarização" terminaram, mas a "reintegração" deve continuar e será "talvez o mais difícil e exigirá a compreensão de todos".
Também por resolver continua o pagamento de pensões aos desmobilizados.
O enviado pessoal do secretário-geral da ONU, Mirko Manzoni, destacou que a reintegração dos antigos guerrilheiros da RENAMO e a reconciliação são um grande desafio para o país.
"Cabe a todos nós garantir que este processo tenha continuidade e que os beneficiários do DDR, as suas famílias e as suas comunidades, continuem a beneficiar mutuamente do processo de paz durante as gerações vindouras", afirmou.
A última base da RENAMO foi encerrada oficialmente na semana passada, em Vunduzi, no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.