Cabo Delgado: "Os terroristas estão em fuga", garante Nyusi
Lusa
14 de setembro de 2022
Presidente moçambicano defendeu, esta quarta-feira, que as petrolíferas retomem os projetos de gás em Cabo Delgado, considerando que a estabilidade está a voltar a Palma e a procura mundial assim o exige.
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"O sucesso no combate aos terroristas no eixo Mocímboa da Praia - Palma, que contempla vias rodoviárias e acesso ao porto, confere uma situação de estabilidade mais elevada" do que antes do ataque à vila, em março de 2021, referiu o chefe de Estado moçambicano Filipe Nyusi, esta quarta-feira (14.09), numa conferência sobre gás, em Maputo.
Por outro lado, o novo contexto, em especial com o corte de fornecimento de gás da Rússia à Europa, permite que a oferta de Moçambique vá "além dos volumes a serem produzidos" estimados pelos estudos iniciais dos projetos.
"A alta de preços de produtos energéticos afigura-se favorável à rentabilidade dos investimentos", destacou, realçando que os números estão muito acima dos modelos usados em 2019 para lançar os projetos da bacia do Rovuma.
"Neste contexto, é nossa expectativa que sejam retomadas as atividades de desenvolvimento pelos concessionários da área 1", consórcio liderado pela TotalEnergies e que suspendeu a construção da fábrica de liquefação de gás devido à deterioração das condições de segurança.
Da mesma forma, Nyusi defendeu para "tão depressa" quanto possível, a decisão final de investimento na área 4, liderada pela ENI e Exxon.
O Presidente moçambicano referiu que vai manter "mais encontros especializados" com o setor para estudar "outras medidas de apoio para manter a segurança".
"Na semana passada havia mais de 10 mil pessoas em Palma", acrescentou, população que "timidamente começa também a regressar a Mocímboa da Praia", concluiu.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.