Moçambique: Filipe Nyusi volta a pedir mais armas à UE
Lusa
31 de outubro de 2022
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, voltou a pedir apoio em armamento à União Europeia para combater o terrorismo na província de Cabo Delgado.
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"Que o apoio a Moçambique não se limite apenas a [equipamento] não letal". O apelo é do Presidente Filipe Nyusi, que afirma a necessidade de tornar robustas "as Forças de Defesa e Segurança para intervenção combativa".
À margem da abertura da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE, reunida na capital moçambicana por três dias, o chefe de Estado pediu ainda que um apoio financeiro já atribuído pela União Europeia para o apoio militar à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) seja também concedido ao Ruanda, que também apoia as tropas moçambicanas em Cabo Delgado - nomeadamente nas zonas para onde o país quer fazer regressar projetos de gás natural.
A União Europeia anunciou no início de setembro a atribuição de 15 milhões de euros para a missão da SADC, nomeadamente para fortificações de campo e contentores de armazenamento, equipamento médico, veículos e barcos, assim como dispositivos tecnológicos.
Esta parcela complementa uma verba de 89 milhões de euros de financiamento às Forças Armadas de Moçambique destinada a equipar as unidades que estão a ser treinadas pela missão da União Europeia no país.
UE vai aceitar?
O terrorismo é um dos temas na agenda da assembleia entre África, Caraíbas e Pacífico (ACP) e a União Europeia, e o eurodeputado Carlos Zorrinho, co-presidente da assembleia, já tinha anunciado no seu discurso que, sobre Cabo Delgado, a União Europeia deverá dar mais passos no apoio a Moçambique, sem concretizar.
Questionado pelos jornalistas, o eurodeputado referiu que a entrega de armas letais "normalmente não está" no pacote de apoios da União Europeia, "mas há muitas formas de ajudar e cooperar sem que tenha de se fazer necessariamente esse fornecimento de armas".
No entanto, "a decisão ainda não está tomada" e essa, a par do apoio ao Ruanda, são questões "em cima da mesa" e cujo desfecho "a seu tempo se saberá".
Uma coisa parece certa, segundo Zorrinho: "Todos os sinais que tenho é que, sim, o apoio a Moçambique vai continuar a ser forte e a aumentar".
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.