Moçambique foi o país que mais reduziu mortes por terrorismo
2 de março de 2022"O sucesso foi motivado por medidas de contraterrorismo bem-sucedidas contra o grupo extremista Estado Islâmico levadas a cabo pelas forças moçambicanas, apoiadas pelo Ruanda e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral [SADC]", escrevem os autores do Índice Global do Terrorismo, publicado esta quarta-feira (02.03).
O relatório, divulgado pelo Instituto de Economia e Paz (IEP, na sigla em inglês), sediado em Sidney, conclui que, apesar de um aumento de 17% no número de ataques no mundo (5.226), o terrorismo fez em 2021 menos 1,2% de vítimas mortais, num total de 7.142 vidas perdidas.
O instituto, que reúne dados sobre incidentes de terrorismo, mortos, feridos e reféns, refere que em 2021 dois terços dos países do mundo não registaram qualquer ataque terrorista e 119 países não registaram vítimas mortais do terrorismo, o melhor resultado desde que começou a recolher estes números, em 2007.
Nível mais baixo desde 2017
Enquanto Myanmar foi o país que registou o maior aumento de vítimas mortais, Moçambique foi o que teve a maior queda, invertendo a tendência após sete anos de aumentos consecutivos.
Em 2020, o número de mortos por terrorismo em Moçambique tinha aumentado 48%, para 507, mas em 2021 diminuiu 82%, para 93, lembra o relatório.
A queda no número de mortos foi provocada por uma redução significativa das mortes atribuídas a elementos ligados ao grupo extremista Estado Islâmico, responsável por sete ataques em 2021, contra 22 em 2020.
O número de vítimas mortais em Moçambique está agora no seu nível mais baixo desde 2017, conclui o documento.
Situação
A província moçambicana de Cabo Delgado tem sido aterrorizada, desde 2017, por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu o aumento da segurança, recuperando várias zonas onde havia a presença dos rebeldes, mas os ataques continuam em zonas dispersas da província e de regiões vizinhas.