Moçambique: Forças da SADC mataram 20 rebeldes desde agosto
Lusa
14 de outubro de 2021
A missão militar da África Austral em Moçambique (SAMIM) matou 20 rebeldes desde o início das operações de apoio às forças moçambicanas no combate à insurgência armada em Cabo Delgado, informou o chefe da entidade.
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O balanço é o resultado das operações feitas pelas forças da missão militar da África Austral em Moçambique (SAMIM) desde 9 de agosto, data em que a missão começou a "combater atos de terrorismo e extremismo violento no norte de Cabo Delgado", disse Mpho Molomo, chefe da missão, em conferência de imprensa em Maputo esta quinta-feira (14.10).
Embora sem avançar detalhes sobre as operações no terreno, o chefe da missão indicou que as estratégias da força para erradicar o terrorismo em Cabo Delgado prosseguem de forma satisfatória, tendo sido desativadas bases dos grupos armados, mas é importante garantir que as causas da insurgência também sejam eliminadas. Houve três baixas de membros da missão e cinco insurgentes foram capturados.
"Nós precisamos de erradicar as causas do terrorismo e, se olhar para o cenário, vai observar que as questões do desemprego da juventude existem e devem ser abordadas", declarou Mpho Molomo.
Assistência humanitária permanece um desafio
Novas esperanças para deslocados em Cabo Delgado
02:12
Por outro lado, prosseguiu, a assistência humanitária para as populações deslocadas permanece um desafio e é fundamental o envolvimento da comunidade internacional.
"Há uma grande necessidade de apoio no que diz respeito à assistência humanitária. Convidamos os nosso parceiros de cooperação internacional para que nos apoiem de todas formas possíveis porque entendemos que uma paz duradoura em Moçambique não pode ser garantida apenas na dimensão militar", frisou o chefe da missão da SAMIM.
Apesar de não avançar números, o chefe da missão da SADC disse que a presença de tropas de países membros da comunidade em Cabo Delgado tem "custos muito onerosos", principalmente agora com o prolongamento da missão, que inicialmente ia até 15 de outubro de 2021 e agora estende-se por mais três meses.
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Missão prolongada
O prolongamento da missão militar da SADC foi anunciado no sábado, no final da Cimeira Extraordinária da Troika do Órgão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral mais a República de Moçambique, presidida pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, realizada em Pretória, capital da África do Sul.
Desde julho, a ofensiva das tropas governamentais com apoio externo permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas de Cabo Delgado onde havia rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
Além da SADC, as forças moçambicanas contam com o apoio de soldados e polícias do Ruanda, no âmbito da cooperação no domínio da defesa entre os dois estados.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.