Moçambique: Fraca afluência ao recenseamento preocupa
Leonel Matias (Maputo)
8 de maio de 2018
O recenseamento para as eleições autárquicas de outubro próximo está a registar uma fraca adesão, depois das metas já terem sido revistas em baixa. Secretariado Técnico de Administração Eleitoral já tomou medidas.
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Mais de cinco milhões e 300 mil potenciais eleitores foram inscritos nos primeiros 49 dias do censo eleitoral quando faltam nove dias para o final do processo.
Estes números representam cerca de 69% da meta planificada, segundo revelou esta terça-feira (08.05), em conferência de imprensa, o porta-voz do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), Cláudio Langa.
Previa-se o recenseamento de cerca de oito milhões de eleitores em 53 autarquias que vão a votos para escolher as Assembleias Municipais e o Presidente da autarquia, a 10 de outubro.
A província do Niassa regista os números mais baixos, com uma percentagem abaixo de 50% de inscritos.
Metas já revistas em baixaComentando o número de potenciais eleitores já registados, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Carimo, não escondeu que a situação deixa os membros da Comissão "preocupados”.
Para o analista Borges Nhamire, os números oficiais poderiam ser piores se as autoridades eleitorais não tivessem revisto em baixa por duas vezes as metas inicialmente planificadas.
"Não é transparente que comece com uma meta e três semanas depois a meta é revista em baixa e cinco semanas depois volta a ser revista em baixa. Dá sempre uma ideia de que o processo de planificação não foi tão bem conseguido”.
Cidadãos demonstram interesse no recenseamento
A DW África questionou alguns citadinos de Maputo se já se tinham recenseado.
"Ainda não fiz o recenseamento porque o Bilhete de Identidade está em Manjacaze, a minha terra natal", conta Nelson Francisco Mabasso, jovem de dezoito anos.
Uma outra cidadã, Adélia António Chavana, confessa que ainda não o fez por "desleixo”, mas garantiu que pretendia ir recensear-se em breve.
Já Samido Augusto Petróleo diz-nos que já fez o recenseamento e deixa um apelo: "Gostaria que todos fossem recensear para todos irmos votar”.
"Falhas técnicas e humanas" dificultam recenseamentoBorges Nhamire, que pertence à organização Centro de Integridade Pública (CIP), assim como a Organização Não Governamental "Votar Moçambique" já tinham alertado, após o censo piloto realizado pelo STAE, que este organismo não estava preparado para realizar o recenseamento.
Moçambique: Fraca afluência ao recenseamento
Ouvido pela DW África, Borges Nhamire apontou que há vários fatores técnicos estão a prejudicar o curso normal do processo, como a utilização de computadores obsoletos, máquinas de impressão que não funcionam corretamente, além dos falhas humanas.
"Também há fatores humanos, como o furto até de computadores com informação, mas também a questão de brigadistas que faltam ou atrasam a apresentar-se nos postos”, explica.
Horário alargado, mais gente e mais equipamento
Agora, o STAE decidiu alargar o período diário de recenseamento eleitoral em todo o país, de nove para onze horas, de modo a permitir o registo do maior número de potenciais eleitores.
Além disso, o STAE distribuiu ainda mais mobiles aos distritos que frequentemente registam avarias dos equipamentos, mandou equipas mistas de supervisão para monitorar o recenseamento nas províncias e cidades com menor índice de afluência.
O Presidente da CNE, Abdul Carimo, apela à consciencialização da população para os seus direitos.
"O esforço que temos que fazer todos é consciencializar os cidadãos para exercerem este direito e este dever de se recensear”.
Edifícios e monumentos históricos de Maputo
Na baixa da capital moçambicana, Maputo, há edifícios históricos ao virar de cada esquina. Quem visita a cidade tem muito para apreciar - desde a Estação Central à Casa de Ferro, desenhada por Gustave Eiffel.
Foto: DW/Romeu da Silva
Desenhada pelo arquiteto da Torre Eiffel
A Casa de Ferro foi construída em 1892. O desenho foi encomendado pelo Governo português ao escritório de Gustave Eiffel, o autor da torre de Paris, especializado em construções metálicas. Foi construída antes de se inventar um sistema de ar condicionado para enfrentar as altas temperaturas em África. A Casa de Ferro destinava-se a ser a sede do governador-geral, mas isso nunca se concretizou.
Foto: DW/Romeu da Silva
O mítico Bazar Central
O Mercado Municipal de Maputo, também chamado de Bazar Central, foi inaugurado em 1901. Aqui vende-se um pouco de tudo: frutas, legumes, especiarias, perfumes, enfeites. O mercado é um ponto turístico bastante visitado em Maputo - mesmo por aqueles que não têm intenções de fazer compras.
Foto: DW/Romeu da Silva
Fortaleza à beira-mar
A Fortaleza de Maputo fica em frente à Baía de Maputo. No local, consta que foi construída no séc. XVIII, num período de rivalidades entre os países europeus que disputavam a "Baía D'Lagoa", uma importante rota comercial para os países do hinterland, sem acesso ao mar. Antes chamava-se Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição.
Foto: DW/Romeu da Silva
Paragem obrigatória: Museu da Moeda
O Museu da Moeda, na Praça 25 de Junho, retrata a história do mercado monetário moçambicano. É uma paragem obrigatória, que fica numa zona com muitas outras atrações turísticas. Construída em 1787, a Casa Amarela, como também é chamada, foi das primeiras edificações convencionais a existirem em Lourenço Marques, hoje Maputo. O edifício é conservado pela Universidade Eduardo Mondlane.
Foto: DW/Romeu da Silva
Museu de História Natural
Tutelado pela Universidade Eduardo Mondlane, o Museu de História Natural exibe vários animais embalsamados: mamíferos, aves, insetos e répteis. Foi em 1911 que se deram os primeiros passos para a criação do atual museu, com a exposição de exemplares marinhos, minerais, madeiras e produtos agrícolas na antiga Escola Comercial e Industrial 5 de Outubro.
Foto: DW/Romeu da Silva
Das mais belas estações do mundo
A Estação Central fica na baixa da capital moçambicana, Maputo. Começou a ser construída em 1908 e foi concluída dois anos depois. A partir desta estação, antes chamada Estação dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, nasceram vários corredores ferroviários nacionais e internacionais. Em 2009, a revista norte-americana Newsweek classificou-a como a sétima mais bela do mundo. Foto de arquivo.
Foto: picture-alliance / dpa
Conselho Municipal de Maputo
O edifício do Conselho Municipal de Maputo é um imóvel de inspiração clássica inaugurado em dezembro de 1947 para ser a sede da Câmara Municipal de Lourenço Marques. Hoje, é a casa do órgão executivo da cidade de Maputo, constituído por um presidente eleito pelos residentes na capital e por quinze vereadores designados por ele.
Foto: DW/Romeu da Silva
Monumento aos Mortos da I Guerra Mundial
Este monumento foi inaugurado em 1935 para prestar homenagem aos portugueses e moçambicanos mortos na Primeira Guerra Mundial. Lembre-se que Moçambique foi afetado pelo conflito, uma vez que militares alemães estabelecidos na colónia de Tanganica atacaram guarnições militares portuguesas no norte de Moçambique, substituindo-as pela sua guarnição.
Foto: DW/Romeu da Silva
Catedral emblemática
A catedral metropolitana de Nossa Senhora da Conceição é um edifício emblemático de Maputo, projetado em 1936 pelo engenheiro Marcial Freitas e Costa e inaugurado em 1944, como consta no local. Fica na Praça da Independência e tem uma torre com 61 metros de altura. É a sede da Igreja Católica em Maputo, onde dirigentes e classe média da capital vão aos domingos à missa.
Foto: DW/Romeu da Silva
Igreja da Polana
A igreja de Santo António da Polana é igualmente um edifício emblemático, de estilo moderno, em forma de flor invertida. Foi construída em 1962. O arquiteto foi Nuno Craveiro Lopes, filho do Presidente português Francisco Craveiro Lopes (1951-1958), no auge do fascismo liderado por António Oliveira Salazar.
Foto: DW/Romeu da Silva
Vila ao abandono
Vila Algarve, na zona nobre da capital, no bairro da Polana, é um edifício elegante, decorado com azulejos. Foi construído em 1934 e ampliado em 1950. Sede da PIDE em Moçambique, a Vila Algarve testemunhou muitas cenas de tortura perpetradas pela polícia portuguesa contra cidadãos que desobedecessem às ordens do regime fascista. O edifício está ao abandono e alberga sem-abrigo.
Foto: DW/Romeu da Silva
Prédio Pott em ruínas
O proprietário deste prédio era Gerard Pott, um emigrante holandês e pai de Karel Pott, um dos primeiros jornalistas e advogados moçambicano a contestar a discriminação racial no início do século XX. Em 1990, um incêndio destruiu quase por completo o prédio, que também alberga agora sem-abrigo, à semelhança da Vila Algarve.
Foto: DW/Romeu da Silva
Açucareira de Xinavane
A cerca de 140 quilómetros da capital, mas ainda na província de Maputo, investidores ingleses fundaram, em 1914, esta fábrica de açúcar. Este é dos mais históricos edifícios na zona rural de Maputo e ainda conserva a mesma arquitetura. Nos anos 50, passou para as mãos de portugueses e hoje é propriedade da empresa sul-africana Tongaat Hulett.