A dirigente do partido no poder em Maputo, Esperança Bias, disse que os partidos da oposição "têm as suas razões para reclamar". O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e a FRELIMO obtêm ampla vantagem na capital.
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A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, considerou este domingo (20.10) que a oposição é "livre de contestar" os resultados das eleições gerais de 15 de outubro.
"Eles têm as suas razões para reclamar e são livres de o fazer", disse Esperança Bias, dirigente da FRELIMO na capital Maputo, à margem de uma conferência de imprensa convocada pelas autoridades eleitorais para apresentar os resultados do apuramento na capital.
Resultados distritais divulgados em Tete sem presença da oposição
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A apresentação pública está prevista na lei, mas os partidos da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não compareceram.
A FRELIMO venceu na capital, tanto nas presidenciais, como nas legislativas. Segundo o apuramento provisório do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), com 1.130 das 1.665 mesas de voto apuradas, o Presidente da República e candidato à reeleição da FRELIMO, Filipe Nyusi, tem 69,12% dos votos válidos, seguido de Ossufo Momade, candidato da RENAMO, com 24,55% dos votos, e Daviz Simango, do MDM, com 6,04% dos votos.
Com apenas 20% das urnas apuradas em Maputo, os deputados da FRELIMO alcançaram 73,17% dos votos, contra 19,63% da RENAMO e 4,99% do MDM. Para Esperança Bias, a vitória da FRELIMO resulta do "compromisso" que o partido tem com as suas promessas.
Resultados em Cabo Delgado
Na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) local anunciou este domingo que a FRELIMO conserva a sua vantagem nas eleições para a Assembleia da República, assim como o seu candidato à Presidência da República. Filipe Nyusi mantém-se na liderança em Cabo Delgado com 75.3%, seguido de Ossufo Momade, com 20.66%, Daviz Simango, com 3.71%, e Mário Albino, com 0.71%.
No Parlamento moçambicano, a FRELIMO obteve 73.88% dos votos. A RENAMO obteve 20.22% e o MDM, 3.10%. O partido no poder também consolidou vantagem eleitoral na Assembleia Provincial de Cabo Delgado, com 74.54% dos votos.
Contestação
O MDM e o Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), presentes na cerimónia, não reconhececem os resultados anunciados alegando várias irregularidades. Almeida Dali, do PAHUMO, recordou que as irregularidades iniciaram antes mesmo da votação com discriminação contra os partidos extraparlamentares, o que terá ditado a rejeição da lista do seu partido para as eleições legislativas e presidenciais, além de dificuldades no embolso do dinheiro para a campanha eleitoral.
Moçambique: FRELIMO já festeja em Chimoio
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Paulo Assante, mandatário do MDM, fala numa campanha eleitoral promovida pelos presidentes das mesas durante o processo de votação. A RENAMO não prestou declarações a jornalistas.
O nível de abstenção em Cabo Delgado superou os 50%. No ato da apresentação dos resultados, o presidente da Comissão Provincial de Eleições, Albino Pariela, referiu que não houve votos reclamados e a deliberação dos mapas do apuramento provincial foi por consenso.
A lei prevê que os trabalhos de centralização nacional e apuramento geral dos resultados tenham início na segunda-feira (21.10) e incluam a apreciação de questões prévias e requalificação de votos. Até dia 30 de outubro, os resultados devem ser anunciados em cerimónia pública pelo presidente da CNE.
Dia de eleições em Moçambique em imagens
De norte a sul de Moçambique, grande afluência de eleitores marcou primeiras horas de votação. 13,1 milhões de moçambicanos foram chamados a escolher Presidente da República, 250 deputados e 10 governadores provinciais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Filipe Nyusi abre votação em Maputo
As primeiras assembleias de voto abriram às 07:00 para as sextas eleições gerais. Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique e candidato a um segundo mandato, abriu a votação em Maputo. Depois de votar na Secundária Josina Machel, em direto na televisão pública, pediu ao país para mostrar ao mundo que Moçambique "apoia a democracia". "Vamos acreditar e vamos confiar", sublinhou o candidato da FRELMO.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Ossufo Momade vota na Ilha de Moçambique
O candidato presidencial da RENAMO, Ossufo Momade, disse que "nunca" vai aceitar "resultados eleitorais manipulados", assinalando que a negação da vontade popular levou o país a hostilidades militares no passado. "Estamos determinados em fazer qualquer coisa que o povo nos indicar", declarou Momade. O candidato falava após votar na sua terra natal, na Ilha de Moçambique, província de Nampula.
Foto: Getty Images/A. Barbier
Daviz Simango apela ao voto de todos
Daviz Simango, candidato à presidência pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou no bairro de Macuti. "Aproveito esta oportunidade para lembrar a todos os moçambicanos que não votarem que vão ter a oportunidade de ser dirigidos por aqueles que não escolheram", advertiu. Pediu ainda às autoridades para "criarem condições para que estas eleições sejam transparentes livres e justas".
Foto: DW/A. Sebastião
Tentativas de fraude a favor da FRELIMO
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), registaram-se já vários "casos de tentativas de enchimento de urnas" nos dois maiores círculos eleitorais do país. Os casos, a favor da FRELIMO, ocorreram nas assembleias de voto instaladas nas escolas primárias completas Eduardo Mondlane de Angoche, em Nampula, e 16 de Junho, em Mopeia, na Zambézia, precisou a ONG.
Foto: DW/L. da Conceição
UE: Observação eleitoral "em boas condições"
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) considera que a abertura das mesas de voto decorreu de modo ordeiro. "Havia muitas filas, mas os procedimentos foram seguidos em grande parte", disse Sànchez Amor. O chefe da missão da UE informou ainda que "a observação está a realizar-se em boas condições" e, por enquanto, "o processo desenrola-se conforme o previsto".
Foto: DW/L. Matias
Quelimane: Zambezianos em peso nas urnas
Assembleias de voto em Quelimane, província central da Zambézia, registam grande afluência de eleitores desde as primeiras horas. A DW encontrou vários cidadãos que não conseguiram votar por problemas com o cartão de eleitor. Luís Boavida, cabeça de lista do MDM, e Manuel de Araújo, da RENAMO, apelaram aos zambezianos para irem às urnas. Pio Matos, da FRELIMO, garantiu que está "tudo tranquilo".
Foto: DW/N. Issufo
Gaza: Ambiente calmo e ordeiro
A tranquilidade marcou a abertura das mesas de voto em Mandlakazi, na província de Gaza, no sul. Gaza foi notícia nos últimos meses porque foi aqui que os órgãos eleitorais moçambicanos recensearam cerca de 230 mil eleitores a mais do que o número da população em idade eleitoral anunciada pelo INE. Irregularidades muito contestadas por oposição e sociedade civil.
Foto: DW/C. Matsinhe
Nampula: Eleitores impedidos de votar
Em Mulila, no populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, pelo menos oito eleitores foram impedidos de votar, alegadamente porque os seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais. O bairro de Namicopo é na sua maioria habitado por apoiantes da RENAMO. Já a Sala da Paz condenou a "falta de vontade dos órgãos eleitorais" em credenciar observadores na província de Nampula.
Foto: DW/S. Lutxeque
Tete: Balanço positivo da Sala da Paz
A Sala da Paz faz um balanço positivo das primeiras horas de votação em Tete, apesar de se verificaram longas filas de eleitores e de alguns membros desta plataforma eleitoral não terem sido credenciados pelos órgãos de administração eleitoral para a observação do pleito. Nestas eleições, Tete elege 21 deputados para a Assembleia da República e 82 membros para a Assembleia Provincial.
Foto: DW/A. Zacarias
Inhambane: Prioridade para eleitores idosos
Idosos em Inhambane estão a ter prioridade nas mesas das assembleias de voto. Nesta província, as mesas abriram à hora prevista, com milhares de eleitores nas filas para exercerem o seu direito cívico. A afluência às urnas diminuiu ao final da manhã. Os concorrentes ao cargo de governador votaram cedo e aguardam os resultados nas suas residências, sob fortes medidas de segurança.
Foto: DW/L. da Conceição
Pemba: Longa espera para votar
Ao contrário de Inhambane, em Pemba, província de Cabo Delgado, alguns idosos queixam-se da longa espera para votar e lamentam que não lhes seja concedida prioridade, como preconiza a lei. "Há lutas na fila e como nós somos mais velhas não conseguimos ficar paradas, por isso ficamos sentadas", disse à DW África a idosa Albertina Navaia, que vota na Escola Primária de Cariacó.
Foto: DW/D. A. Uatanle
Manica: Votação sem sobressaltos
Em Manica, a votação tem sido sobressaltos nem registo de ilícitos eleitorais. Apesar de, no geral, os partidos darem nota positiva ao arranque do processo na província, o delegado do MDM, Humberto Escova, lamentou a circulação de automóveis blindados, na zona de Pinanganga, no distrito de Gondola, e acusou o contingente policial de semear o medo entre os eleitores.