Marcelo Chaquisse, ex-diretor provincial da Agricultura da Zambézia, é acusado de desviar fundos da Instituição para fins próprios. Foram ainda detidos mais dois funcionários da instituição no âmbito do mesmo processo.
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Detido desde quarta-feira passada (12.07), Marcelo Chaquisse, ex-diretor provincial da Agricultura da Zambézia, é acusado de desviar ilicitamente cerca de três mil euros da instituição para fins próprios, a par de crimes de abuso de cargo e função, entre outros. Foram ainda detidos mais dois funcionários e Alfredo Ramos, presidente provincial do Conselho Empresarial da Zambézia, no âmbito do processo, onde constam acusações de abuso de cargo e função, entre outras.
"Confirmo sim que, dos sete arguidos constituídos no processo 162/2017, quatro deles já foram conduzidos à cadeia, depois de terminada a instrução preparatória", esclarece Miguel Cândido, procurador provincial da Zambézia. "Pelas investigações feitas, existem indícios fortes de que estas pessoas tenham sido autoras de crimes de abuso de cargo, peculato e participações em negócios ilegais."De acordo com o procurador, ainda não foi possível reunir "provas do envolvimento" de três dos sete arguidos do processo.
Sem data para o julgamento
Alfredo Ramos, presidente provincial do Conselho Empresarial da Zambézia, foi também detido por, segundo Miguel Cândido, se tratar "de uma das pessoas que era usada para a entrada e retirada do dinheiro da Direção Provincial da Agricultura".A defesa de Alfredo Ramos negou prestar quaisquer declarações sobre este processo, mesmo depois de ter recorrido para a libertação provisória do arguido.
17.07 Detenções na Zambézia por suspeita de desvio de fundos públicos - MP3-Mono
Antes do seu afastamento e detenção, Marcelo Chaquisse já teria sido alvo de um processo disciplinar emitido pelo governador da província, Abdul Razak. "Fizemos um processo disciplinar ao diretor Provincial da Agricultura, para obter informações objetivas e claras sobre o que aconteceu", afirmou Razak à DW África, acrescentando que "pelas informações que tínhamos e por problemas que havia na Direção Provincial da Agricultura, o Ministério tomou a decisão de fazer cessar as [suas] funções e nomear um novo diretor".
O processo-crime contra Marcelo Chaquisse e Alfredo Ramos deu entrada esta sexta-feira (14.07) no Tribunal Provincial da Zambézia e ainda carece de verificação do juiz presidente para marcar a data do julgamento.
O Hotel Chuabo de Quelimane: uma surpresa
Na cidade de Quelimane, na província central da Zambézia, o Hotel Chuabo é uma referência histórica. Desenhado por arquitetos portugueses, o edifício de betão preserva um design único dos anos sessenta.
Foto: Gerald Henzinger
Fachada do Hotel Chuabo
No centro da cidade de Quelimane, em Moçambique, há poucos edifícios com mais de dois andares. Um deles é o Hotel Chuabo. A construção do edifício, um projeto da empresa portuguesa Monteiro&Giro, iniciou-se em 1954 e a inauguração teve lugar em 1966. Se a fachada de betão é pouco apelativa, no interior o visitante é surpreendido com o design único dos anos sessenta.
Foto: Gerald Henzinger
Um restaurante para todos
O interior de madeira escura é o original, o usado na época da construção. No piso superior do Hotel Chuabo situa-se o restaurante "Grill". Hoje, independentemente da cor da pele ou da origem, todos são ali servidos. Mas nem sempre foi assim. Durante a época colonial apenas o brancos ou os "assimilados" (negros considerados "equivalentes" aos europeus) podiam frequentar o "Grill".
Foto: Gerald Henzinger
Olímpio, o empregado leal
Manteve-se fiel ao Hotel Chuabo desde a inauguração. Olímpio já serviu políticos e personalidades africanas e internacionais com elevados cargos. Kenneth Kaunda da Zâmbia, Robert Mugabe do Zimbabué ou a rainha de Inglaterra foram alguns dos ilustres que serviu. "Não deves ter medo!", diz Olímpio.
Foto: Gerald Henzinger
Discoteca Malagangatana
Ao lado do restaurante "Grill" fica a discoteca Malangatana. Há muito que aqui não passa música, mas as paredes continuam a ostentar obras de pintores moçambicanos. O Hotel Chuabo foi desenhado pelos arquitectos portugueses Arménio Losa (1908-1988) e Cassiano Barbosa (1911-1998). E tem a curiosidade de ser o único edifício em Moçambique, da época, a ter persianas.
Foto: Gerald Henzinger
Escada em caracol
Do restaurante "Grill" parte uma escada em caracol que desce ao longo de vários andares. Também ela espelha o espírito dos anos 60. Quem não conseguir descer escadas pode apanhar o elevador, supostamente o único que funciona em toda a província da Zambézia.
Foto: Gerald Henzinger
Um quarto com charme
Depois da independência, em 1975, os 160 quartos do Hotel foram ocupados por militares e funcionários políticos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). Até 2005, o Hotel Chuabo foi gerido pela portuguesa Dona Amália. A sua gestão era feita com "mão de ferro".
Foto: Gerald Henzinger
Dormir aqui sai caro
Atualmente, o Hotel Chuabo é gerido pelo Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU) e serve para a formação de estudantes de turismo. O hotel não é barato. Quem quiser passar a noite nele terá de desembolsar 2500 Meticais (85 Euros).
Foto: Gerald Henzinger
Ar condicionado é só decoração
Nem tudo o que parece é e nem todos os interruptores funcionam no Hotel Chuabo. Quem rode o botão "Temperature Control" esperará em vão que o ar condicionado se ligue. O velho ar condicionado foi há algum tempo substituído por um novo.
Foto: Gerald Henzinger
Lavandaria do Hotel
A lavandaria do Hotel Chuabo situa-se no segundo andar. Dez empregados encarregam-se da limpeza da roupa de cama, toalhas e uniformes. A maioria das máquinas de lavar ainda é dos anos sessenta e precisam de ser travadas manualmente. Mas já existem também duas máquinas novas e a compra de outras está planeada.
Foto: Gerald Henzinger
Cozinhar é preciso
Na cozinha do restaurante "Grill" trabalham quatro cozinheiros. Recebem mensalmente 3500 meticais (120 euros). Valor que é cerca de um terço acima do ordenado mínimo moçambicano. O prato mais famoso do restaurante é o "Frango à Zambéziana" (frango assado no churrrasco coberto com leite de coco).
Foto: Gerald Henzinger
Os anos parecem não passar pelo candeeiro
Quando perguntam ao senhor Olímpio porque é que o Hotel Chuabo está em tão bom estado de conservação, a resposta sai pronta: "aprendemos com os portugueses a ter cuidado com as coisas".
Foto: Gerald Henzinger
Coco Bar
No piso térreo situa-se o "Coco Bar" com capacidade para mais de duzentas pessoas. O ambiente é semelhante ao do restante Hotel.