RENAMO acusada em Quelimane de aliciar membros do MDM a abandonarem o partido para se juntarem ao maior partido da oposição. Delegação do MDM na Zambézia confirma fuga de muitos membros, inclusive de chefes dos postos.
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Não foi revelado o número de membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda maior força da oposição em Moçambique, que abandonaram o partido para se juntar à RENAMO, o maior partido da oposição, em Quelimane, capital da província central da Zambézia.
Desde o início da campanha eleitoral para as eleições autárquicas ocorridas a 10 de outubro, o MDM tem denunciado que a RENAMO está a aliciar os seus membros a mudar de partido.
Listano Evaristo, o delegado do MDM na Zambézia, aponta o dedo a Manuel de Araújo, edil de Quelimane, como o principal culpado por esta situação: "Temos informações que Manuel de Araújo está a incitar os membros do MDM nos bairros bem como no seio do próprio partido. Condenamos essa atitude de aliciar os membros do MDM para integrarem as fileiras da RENAMO."
O delegado do MDM denuncia que "isso está a acontecer nomeadamente nos bairros de Liberdade e Janeiro Manhaua, mas também em quase todos bairros da cidade de Quelimane."E Listano Evaristo afirma que também alguns chefes dos postos administrativos que pertenciam ao MDM decidiram formalmente abandonar a partido para se filiarem à RENAMO.
Moçambique: RENAMO é acusada de aliciar membros do MDM
"O que queremos dizer e deixar claro aos munícipes da cidade de Quelimane é que o MDM continua firme e para as pessoas não olhem as ações ou os planos que foram realizados na cidade de Quelimane como se fossem do edil Araújo. Ele, Araújo, fez esse trabalho porque era membro do MDM", lembra o delegado Listano Evaristo.
Visados desmentem
Mas alguns chefes dos postos Administrativos desmentem a informação de que têm sido aliciados para abandonarem o partido. Um deles é Emílio Assegura: "Se eu saí do MDM para RENAMO foi por causa da política que o MDM usou. Achei que devia ir para outro partido, não fui obrigado por Manuel de Araújo e não fui lá para conquistar emprego. Eu não fui para a RENAMO como chefe do posto, mas sim como membro."
Não foi possível contactar Manuel de Araújo, mas o porta-voz da RENAMO em Quelimane, Latifo Charifo, nega as acusações proferidas pelo Movimento Democrático de Moçambique.
"A função de um político é convencer as pessoas a pertencerem o seu partido. Agora, se o MDM não tem essa capacidade eu não posso dizer nada", entende Latifo Charifo.
E o porta-voz da RENAMO em Quelimane assegura: "Não estamos a coagir ninguém. Se o MDM está a desmoronar-se e não consegue segurar os seus membros não podem agora vir acusar os outros partidos de estarem a aliciar as pessoas a mudarem de partido."
Decisão sobre perda de mandato de Araújo é problema
Entretanto, a capital da Zambézia vive atualmente um ambiente político turbulento, segundo vários observadores. Recentemente, a FRELIMO, o partido no poder, e o MDM uniram-se para dizer que a cidade de Quelimane está abandonada porque o Conselho Constitucional e o Tribunal Administrativo não estão a dar resposta convincente sobre a perda de mandato do edil Manuel de Araújo.
Rijone Bombino é membro da FRELIMO e disse à DW África que "foi declarada a perda de mandato de Manuel Araújo em agosto e até hoje essa perda de mandato não foi efetivada na prática. Sobre este assunto a lei é clara e portanto tem que ser respeitada."
E o membro da FRELIMO distancia-se de qualquer responsabilidade no caso: "Se a decisão não vale não sou eu quem deverá dizer se continuamos a realizar o nosso trabalho normalmente como órgão deliberativo da Assembleia Municipal."
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.