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Moçambique: LAM e Tmcel enfrentam risco de "colapso"

Silaide Mutemba (Maputo) | Lusa
10 de maio de 2023

Perante a critica dos partidos da oposição, o Executivo moçambicano admite que as empresas públicas LAM e Tmcel podem estar à beira do colapso. A gestão financeira das empresas públicas esteve em debate no Parlamento.

Mosambik l Flugzeug der LAM
Foto: Johannes Beck/DW

Na sessão de respostas do Governo moçambicano às perguntas dos deputados da Assembleia da República, o ministro dos Transportes e Comunicações alertou que as empresas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e de telecomunicações Tmcel enfrentam risco de "colapso" se não houver medidas imediatas e urgentes para a sua recuperação financeira.

"A situação da LAM é preocupante, sem uma intervenção adequada, a LAM pode estar à beira do colapso", afirmou Mateus Magala, citando um relatório internacional pedido pelo Executivo e que, se não houver medidas, diz que só há três vias: liquidação, falência controlada ou privatização.

Magala informou ao Parlamento que a Tmcel perdeu a capacidade de honrar com os seus compromissos no mercado e tem dificuldades em pagar salários aos cerca de 1.700 trabalhadores.

"A empresa transporta uma dívida global acumulada elevada, de mais de 400 milhões de dólares com tendência a agravar-se e a sua receita em progressivo declínio com uma perceção dos clientes sobre a marca a agravar-se", disse o governante nesta quarta-feira (10.05).

Devido a crise financeira, o ministro moçambicano avançou que um estudo aconselhou a venda de mais de 80% dos ativos da Tmcel, redução de mão-de-obra e assunção da dívida pelo Estado, visando atrair um parceiro estratégico que ajude na recuperação da companhia.

RENAMO criticou as medidas tomadas pelo Governo moçambicano Foto: Marcelino Mueia/DW

Críticas da oposição

Na sessão parlamentar desta quarta-feira, a oposição moçambicana criticou ainda a decisão do Governo de contratação de uma empresa sul-africana para a gestão das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), sem que houvesse um concurso público para o efeito.

Arnaldo Chalaua, porta-voz da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), diz que a referida empresa não é confiável. "A empresa sul africana não garante aquilo que é a confiabilidade, a experiência no mercado. É preciso que seja uma empresa certificada ao nível internacional."

Por seu turno o MDM, a terceira força política no Parlamento, diz que faltou transparência na seleção da empresa gestora da LAM. "Nós achamos que devia ter havido um concurso internacional e encontrar-se uma empresa capaz, uma empresa com histórico de gestão de empresas no ramo de aviação civil", disse Fernando Bismarque, porta-voz da bancada do MDM.

LAM à beiro do "colapso"Foto: DW/J. Carlos

Sobre o tema LAM, o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, justificou que foram contactadas "várias companhias aéreas de reputação mundial e nenhuma delas se mostrou interessada em tomar a LAM ou fazer parcerias neste momento."

O ministro explicou ainda que para evitar o "colapso", o Governo recorreu à empresa sul-africana Fly Modern Arc para uma gestão conjunta - anunciada em 18 de abril - que estabilize a transportadora moçambicana.

O mandato da Fly Modern Arc é transitório e deverá criar as condições para uma próxima etapa, que será a recuperação e crescimento da companhia, sublinhou.

Só em 2022, a empresa registou perdas no valor de cerca de 75 milhões de dólares (cerca de 68 milhões de euros) e apresentou um rácio de endividamento em relação ao capital próprio bastante elevado, concluiu.

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