Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, reuniram-se em Maputo para "alinhar" etapas rumo a um acordo de paz em Moçambique.
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"Hoje (07.03.) estive reunido com o líder da RENAMO e estivemos a fazer o alinhamento do que deve acontecer até à celebração do acordo de paz ou de cessação de hostilidades", declarou o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, após a reunião com o líder do maior partido de oposição em Moçambique, Ossufo Momade.
O Presidente moçambicano não deu detalhes sobre a agenda do encontro, que é o segundo entre os dois líderes em pouco mais de uma semana.
"Não tem sido nosso hábito detalhar o que se falou. O povo quer resultados e o resultado principal é a paz", disse Filipe Nyusi, garantindo que tudo está ser feito para que as eleições gerais, marcadas para 15 de outubro, aconteçam num ambiente de paz.
"As eleições em Moçambique não falham e nós tudo fazemos para que desta vez também não falhem. Para tal, o ambiente de paz é fundamental", concluiu o Presidente moçambicano.
Encontros frequentes desde fevereiro
Os encontros entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade começaram a ser frequentes depois da nomeação, a 26 de fevereiro, de 11 oficiais da RENAMO para cargos de chefia no exército moçambicano, totalizando, com mais três nomeados em dezembro do ano passado, 14 oficiais daquele partido em cargos de liderança nas Forças Armadas moçambicanas, em cumprimento de um memorando assinado em agosto do ano passado entre as duas partes.
Além das nomeações no exército, o memorando de entendimento prevê a integração de 10 oficiais da Renamo na direção e comando da Polícia da República de Moçambique, mas só depois de um entendimento referente à sua colocação na orgânica do Ministério do Interior.O atual processo negocial entre o Governo moçambicano e a RENAMO arrancou há mais de um ano e meio, quando Filipe Nyusi se deslocou, no dia 06 de agosto de 2017, à Gorongosa, no centro de Moçambique, para uma reunião com o então líder do principal partido de oposição, Afonso Dhlakama, que morreu a 03 de maio do ano passado devido a complicações de saúde.
Ossufo Momade, que foi eleito presidente no último congresso do partido no mês passado, transferiu-se de Maputo para a Serra da Gorongosa em junho do ano passado, ainda como líder interino, condicionando a sua saída daquela que foi a base central da RENAMO, quando ainda era movimento de resistência armada, à integração dos seus guerrilheiros.
Além do desarmamento e da integração dos homens do braço armado do maior partido da oposição nas Forças Armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a revisão da Constituição, em maio do ano passado.
Mercados de Nampula são perigo à saúde pública
Mercados de Nampula são um perigo à saúde pública - alguns não possuem sanitários. Apesar dos esforços dos governantes em alguns locais, muitos vendedores enfrentam mau cheiro para garantir o seu sustento.
Foto: DW/S. Lutxeque
Hipotecar a saúde a favor da sobrevivência
Fátima Sualehe é vendedeira de hortícolas no mercado da Padaria Nampula. Ela desenvolve esta actividade há mais de dois anos, quando se separou do seu esposo. Aqui, ela enfrenta o cheiro ruim produzido pelas águas negras. Mas "é para garantir o sustento dos meus cinco filhos", disse a vendedeira de espinafre.
Foto: DW/S. Lutxeque
Espaço dos CFM transformados em mercado
Nos 18 bairros que a cidade de Nampula tem a apetência de vender, aliada ao desemprego, acarreta no aumento da actividade comercial. Isso faz com que mesmo lugares impróprios sejam ocupados pelos vendedores. Um desses lugares é o recinto dos "Caminhos de Ferro de Moçambique", onde está instalado o famoso "Mercado da Padaria Nampula".
Foto: DW/S. Lutxeque
Nas ruas da cidade
A cidade de Nampula está a ficar praticamente sem ruas e passeios. Nestes locais, vendedores encontram maior atrativo para a prática comercial. "Nos mercados não há muitos clientes, por isso a aproveitamos esses locais para vender nossos produtos e ganhar dinheiro", justificam quase todos os vendedores "assaltantes das ruas".
Foto: DW/S. Lutxeque
"Reciclar" consumíveis e vender
Todas as manhãs, mulheres e crianças escalam o mercado grossista do Waresta, o maior estabelecimento comercial de venda a grosso e a retalho. Nem todos vão para vender, muito menos comprar os produtos. Aproveitam-se da chegada e descarregamento dos camiões de grande tonelagem, transportando produtos, para selecionar os que não estão em decomposição e postereriormente colocá-los nas bancas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Lixo e locomotivas
A luta pela sobrevivência de milhares dos moçambicanos, sobretudo os residentes na província mais populosas do país, já está a causar prejuízos e acidentes ferroviários. Os vendedores acumulam lixo e até chegam a embaraçar as locomotivas. As autoridades municipais falam em transferência dos vendedores, enquanto as empresas ferroviárias não param de sensibilizar os vendedores para o abandono.
Foto: DW/S. Lutxeque
Insuficiência de sanitários públicos
Muitos mercados da cidade de Nampula não tem sanitários públicos. Um dos maiores mercados é o da Padaria Nampula, no centro da cidade. Para atender as necessidades biológicas, os vendedores que ficam quase todo o dia a praticar a actividade comercial fazem as necessidades ao relento, mesmo no recinto dos estabelecimentos comerciais.
Foto: DW/S. Lutxeque
Sanitários em abandono
Enquanto muitos estabelecimentos comerciais não possuem sanitários públicos, no mercado grossista do Waresta existem dois desses melhorados, construídos pelas autoridades. Mas, de acordo com os gestores dos mesmos, os vendedores preferem fazer suas necessidades biológicas ao relento, distanciando de pagar uma taxa de 10 meticais por cada vez que necessitam.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercados a céu aberto
Apesar dos esforços da edilidade, reconhecido pelos munícipes, a cidade, que ainda ostenta o título da terceira maior de Moçambique, tem alguns dos seus mercados com aspetos rurais. Há muitos mercados e bancas a céu aberto, e outros de construção precária. Em tempos chuvosos, os vendedores vivem à deriva.
Foto: DW/S. Lutxeque
Partidarização dos mercados
Os partidos políticos na cidade de Nampula também procuram ganhar protagonismo através de propagandas baratas. Em quase todos os mercados da periferia existem bandeiras dos três partidos políticos com assento parlamentar (RENAMO, FRELIMO e MDM). A situação agudizou-se no período das campanhas eleitorais, mas até agora nenhum partido removeu os seus materiais de propaganda.
Foto: DW/S. Lutxeque
Esforços da Edilidade
O Conselho Municipal de Nampula, liderado por Paulo Vahanle, tem, apesar das dificuldades financeiras que herdou do antigo Governo (quando assumiu o poder depois das eleições intercalares) se esforçado para melhorar os mercados. Um deles é o mercado do Waresta, o maior da cidade, que está a beneficiar-se das obras de reabilitação.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercado Novo
O Mercado Novo, localizado no centro da cidade, é o primeiro e mais organizado. Aqui não existe lixo no chão, muito menos degradação. Há lojas organizadas e com sistema de escoamento de águas negras. Está localizado a pouco mais de 200 metros do edifício da edilidade, e a menos de cem metros do Mercado Central. Foi criado no Governo de Mahamudo Amurane, edil já falecido.