Empresa responsável pela construção do novo hospital, na cidade de Maxixe, afirma que recebeu apenas 20% do financiamento previsto pelo Governo de Moçambique no Orçamento Geral do Estado. Populares pedem celeridade.
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A construção do novo hospital, na cidade de Maxixe, província de Inhambane, no sul de Moçambique, está atrasada. As obras deveriam ter começado em 2015, mas só arrancaram no ano passado e, segundo a construtora, estão em falta os pagamentos do Governo para executar o projeto.
A Castanheira e Soares Moçambique Lda. afirma que só recebeu 20% dos cerca de 712 milhões de meticais (10 milhões de euros) previstos no Orçamento Geral do Estado para a construção do Hospital Provincial de Inhambane, uma obra promovida pela Direção de Planificação e Cooperação.
"A obra tem um desembolso dos valores meio lento", diz Simão Paruque, um dos engenheiros da construtora. "Estamos a falar do Orçamento do Estado, é por isso que estamos aqui, até hoje, a aguardar que haja mais valores".
Simão Paruque considera "pouco" os 20% recebidos até agora, lembrando que há algumas alterações a fazer aos blocos que estão em construção.
Prazos esgotados
Em declarações à imprensa, a arquiteta responsável pelo novo hospital, Tacia Alibai, confirmou que o prazo da obra está esgotado e que o projeto está ligeiramente atrasado, uma vez que falta ainda a construção de novos edifícios principais.
"O prazo da obra é de 18 meses, mas estamos ligeiramente atrasados e temos ainda em desenvolvimento as enfermarias, consultas externas, todos os edifícios técnicos como a lavandaria, a casa mortuária e a cozinha", explica. "O atraso deveu-se à falta de fundos, porque estamos a ser financiados pelo Governo".
Governo falha pagamentos e atrasa novo hospital de Inhambane
Para Fernando Laice, residente em Inhambane, a demora do novo hospital provincial é preocupante. A maior parte da população vive no campo e não tem acesso a atendimento médico adequado. Os residentes consideram, por isso, que o Governo devia esforçar-se mais para disponibilizar o dinheiro.
"É uma situação alarmante que nem devia estar a aparecer perante um Governo que é do povo. Devia haver um esforço total para a maior parte da população que está fora da cidade", diz Fernando Laice.
Ouvido pela DW, Naftal Matuce, diretor provincial de saúde em Inhambane, não falou sobre o desembolso dos valores para as obras do novo hospital, mas disse que, devido à insuficiência no orçamento, o Governo decidiu construir dois blocos, numa primeira fase, para atender casos de acidentes de viação e serviços de urgências.
"Nesta primeira fase priorizámos a construção de serviços de urgências para dar resposta aquilo que é a demanda provocada na Estrada Nacional 1", explicou.
Entretanto, a obra ainda não foi finalizada e o prazo para a entrega destes blocos terminou em agosto. A direção não avançou uma nova data.
Moçambique: O que foi feito ao dinheiro destas obras?
É a pergunta de vários cidadãos de Massinga, província moçambicana de Inhambane. Cada vez há mais obras na vila, que nunca chegam ao fim.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras atrasadas
As obras arrastam-se no município de Massinga, sul de Moçambique, e os cidadãos querem saber porquê. Os empreiteiros ganham obras de construção civil na região, mas muitas são abandonadas após ser pago 50% do dinheiro para a sua execução, segundo o Conselho Municipal. A Justiça já notificou alguns empreiteiros para explicarem os atrasos, mas as estradas e avenidas continuam em péssimas condições.
Foto: DW/L. da Conceição
Mercado por construir
A União Europeia e a Suécia financiaram a construção de um mercado grossista em Massinga. Segundo a placa de identificação, as obras começaram a 28 de setembro de 2017 e deviam ter terminado a 28 de janeiro, mas até agora estão assim. O município remete as responsabilidades para o empreiteiro; contactada pela DW, a empresa negou explicar o motivo do atraso nas obras.
Foto: DW/L. da Conceição
Jardim perdido
O Conselho Municipal de Massinga gastou mais de 1,5 milhões de meticais (20.000 euros) para construir aqui um jardim etnobotânico - um projeto com a participação do Governo central e da Universidade Eduardo Mondlane. Mas as plantas colocadas aqui desapareceram e o terreno está abandonado. O Município promete que o jardim voltará a funcionar em breve, embora falte água para regar as plantas.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada sem fim à vista
Os trabalhos neste troço de cinco quilómetros duram há mais de três anos. O município de Massinga culpa o empreiteiro pela demora; a DW tentou contactar a empresa, sem sucesso. Segundo o município, aos 4,8 milhões de meticais (63 mil euros) pagos inicialmente ao empreiteiro foram acrescentados outros 3,9 milhões (51 mil euros) para continuar as obras, que deviam ter terminado em outubro.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada acabada?
25 de setembro de 2017 era a data de "entrega" desta estrada, segundo a placa de identificação. Mas a via, que parte da EN1 até ao povoado de Mangonha, continua em estado crítico. A obra está orçada em cerca de 1,9 milhões de meticais (quase 25 mil euros). Tanto a Administração Nacional de Estradas, delegação de Inhambane, como o Conselho Municipal recusaram comentar este assunto.
Foto: DW/L. da Conceição
Mais obras por acabar
Os trabalhos da pavimentação desta avenida também já deviam ter terminado, mas as obras continuam. O custo: cerca de 3,9 milhões de meticais (cerca de 51 mil euros). Mas a avenida continua por pavimentar. A DW tentou perguntar o motivo da demora à empresa Garmutti, Lda, responsável pela execução da obra, sem sucesso.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta transparência
Segundo o regulamento de contratação de empreitadas de obras públicas, nos locais de construção devem constar as datas de início e do término dos trabalhos. Mas não é isso que acontece aqui. Segundo um relatório do governo local, um ano depois desta obra começar, só 30% dos trabalhos foram concluídos. O empreiteiro está incontactável; a empresa não tem escritório em Inhambane.
Foto: DW/L. da Conceição
Fatura sobre fatura
O orçamento inicial para os trabalhos de reabilitação no Hospital Distrital de Massinga rondava os dois milhões de meticais (cerca de 26 mil euros), mas, meses depois, o custo aumentou 600 mil meticais (8.000 euros).
Foto: DW/L. da Conceição
Edifício milionário
Este edifício custou à edilidade mais de 40 milhões de meticais (acima de 500 mil euros), sem contar com os equipamentos novos - cadeiras, secretárias ou computadores. Alguns empreiteiros acham estranho que tenha custado tanto dinheiro, porque o material de construção foi adquirido na região. Em resposta, o município justifica os custos com a necessidade de garantir o conforto dos funcionários.
Foto: DW/L. da Conceição
Adjudicações continuam
O município de Massinga continua a adjudicar novas empreitadas apesar de muitas obras não terem terminado. Vários residentes dizem-se enganados pelo edil, Clemente Boca, por não cumprir as promessas eleitorais.
Foto: DW/L. da Conceição
Campo por melhorar
Todos os anos, a Assembleia Municipal de Massinga aprova dinheiro para melhorar este campo de futebol, mas o campo continua a degradar-se. Segundo membros da assembleia, o dinheiro "sai" dos cofres públicos, mas nada muda e os jogadores "sempre reclamam". Em cinco anos, terão sido gastos 30 mil meticais (cerca de 400 euros). Nem o edil, nem os gestores do campo dizem o que foi feito ao dinheiro.
Foto: DW/L. da Conceição
"Fazemos sozinhos"
Devido à demora na construção de mercados e bancas, os residentes da vila de Massinga têm feito melhorias por conta própria, para manterem os seus produtos em boas condições. Questionados pela DW, os vendedores disseram que preferem "fazer sozinhos", porque se esperarem pelo município nunca sairão "do sol, da chuva e da poeira".