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Moçambique: Greve dos professores a meio-gás

15 de novembro de 2022

Centenas de professores do ensino primário aderiram à greve, mas não foi o suficiente para uma paralisação geral.

Foto: R. da Silva/DW

Cerca de 300 profissionais dos distritos da província e cidade de Maputo concentraram-se, esta terça-feira (15.11), no Jardim dos Professores, na cidade de Maputo, para boicotar os exames finais.

Os professores queixam-se da falta de uma resposta clara do Governo sobre as preocupações da classe relativamente a "irregularidades" no processo de enquadramento na nova Tabela Salarial Única (TSU).

O líder dos Professores Unidos de Moçambique lamenta as declarações recentes do Presidente Filipe Nyusi, que pediu aos profissionais para não "complicarem" a implementação da TSU.

Foi um discurso "pejorativo e discriminatório", diz Avatar Cuamba, "não temos nenhuma resposta positiva nesse sentido. Por isso, a nossa manifestação continua em pé e continuaremos a lutar pelos nossos direitos".

Avatar Cuamba: Discurso do Presidente Filipe Nyusi foi Foi "pejorativo e discriminatório"Foto: R. da Silva/DW

Vários professores garantiram à DW África que o objetivo de boicotar os exames estava a ser cumprido. Mas em algumas escolas por onde a DW África passou, notava-se a presença de vários professores, que estiveram nas salas de exame.

Alguns, em breve conversa, declararam que estava tudo bem. "Todos os professores estão a fazer trabalho nas salas", afirmou um profissional. Outro disse que continuou a trabalhar, seguindo as "orientações" do Governo.

O Ministério da Educação garantiu que os professores do ensino primário "aderiram aos exames".

Protesto deverá continuar

Sem avançar números, o líder dos Professores Unidos de Moçambique, fala, no entanto, numa adesão positiva à greve em todos os distritos da província e cidade de Maputo. O mesmo terá acontecido em Inhambane, Nampula e Gaza, onde os professores chegaram a enfrentar a polícia.

"Os professores dirigiram-se à Praça dos Heróis e, como não era uma manifestação legal, foram obrigados a sair do local", conta Avatar Cuamba. "Mas também surtiu efeito na província de Gaza e houve eco".

O responsável não concorda que a greve tenha sido um fracasso, como consideram professores e gestores de algumas escolas. "Porque não sabem o que nós queremos alcançar. É triste ouvir e perceber que eles pensem assim".

O secretário de Estado da cidade de Maputo, Vicente Joaquim, recordou à imprensa que o Governo está disponível para dialogar, mas apenas com a Organização Nacional dos Professores (ONP).

"A ONP [terá de] encontrar uma plataforma de inclusão de todos os outros [que protestam contra a TSU], porque quem pode dialogar com o Governo neste momento é a própria Organização Nacional dos Professores", disse Vicente Joaquim.

O grupo de professores promete prosseguir com a paralisação nos próximos dias.

Artigo atualizado às 14:34 (CET) de 16 de novembro de 2022, corrigindo a função de Avatar Cuamba para líder do movimento Professores Unidos de Moçambique e não da ONP. 

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