Trabalho dos Grupos é louvado pelas autoridades de saúde.
Amós Fernando (Tete)
2 de janeiro de 2018
Num dos países com mais casos de HIV/SIDA no mundo, Grupos de Apoio e Adesão Comunitária (GAACs) estão a melhorar a vida dos seropositivos e a reduzirem filas nas Unidades Sanitárias no país.
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Já passaram dez anos desde que foram lançados em Moçambique os Grupos de Apoio e Adesão Comunitária (GAACs) para pessoas que vivem com HIV/SIDA.
A iniciativa partiu da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras em parceria com o Ministério da Saúde, no distrito de Changara, na província de Tete. Nesta região, existem mais de 3000 Grupos de Apoio e Adesão Comunitária, com mais de 9 mil membros em todos os distritos.
Os números são encorajadores para as autoridades da saúde em Tete, uma das províncias com maior índice de retenção de pessoas em cuidados e tratamento anti-retroviral. Ali, pelo menos 7 em cada 10 pacientes em tratamento tomam a medicação.
Cuidados de saúde melhoraram
Segundo dados das autoridades da Saúde, os Grupos de Apoio melhoraram a retenção de pacientes em cuidados e tratamento em cerca de 20%.
A supervisora provincial de ITS/HIV/SIDA em Tete, Sandra Viga, considera que o trabalho feito pelos Grupos de Apoio tem melhorado a comunicação entre o setor da saúde e a comunidade, bem como a melhoria na prestação de serviços de saúde.
"Reduz bastante a ida à unidade sanitária e o clínico tem mais tempo para avaliar aqueles pacientes que realmente precisam", afirma Sandra Viga
Sandra Viga explica que, cada grupo de pacientes com mais de 18 anos tem entre 3 a 6 membros: "Se eu tenho um grupo de seis indivíduos significa que cada pessoa vai à Unidade Sanitária só duas vezes por ano. Isso deixa o paciente livre - ir ao trabalho e reduz a ida do paciente à unidade Sanitária", diz.
Para além de escalas para o levantamento dos remédios nas unidades sanitárias, os grupos também apoiam no aconselhamento e busca de pacientes em caso de abandono ao tratamento. Os membros dos grupos são ainda treinados para detetarem algumas patologias, como a diarreia e a tuberculose em outros pacientes seropositivos para o devido seguimento.
Tratamento Anti-retroviral
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Atualmente, mais de 61 mil pacientes ativos estão em Tratamento Anti-retroviral (TARV) na província de Tete.
Manuel, de 39 anos, é um destes pacientes. Há sete anos descobriu que era seropositivo e de imediato iniciou o tratamento anti-retroviral.
O seu estilo de vida mudou desde que criou juntamente com um vizinho e a sua esposa um grupo de apoio, há sete anos e que hoje conta com cinco membros.
Em entrevista à DW África, Manuel conta como como funciona o grupo: "Estava há três meses sem vir cá levantar os medicamentos, porque não tinha chegado a minha escala. Hoje mesmo vou aproveitar fazer consultas. A próxima vez é outra pessoa a vir levantar os medicamentos e depois quando chegar em casa distribui pelos restantes membros".
OS GAACs são também grupos sociais onde os seus membros se ajudam em casos de necessidades. Se por exemplo, um dos elementos não tiver dinheiro para ir ao hospital levantar os medicamentos, os restantes membros do grupo fazem uma contribuição para que aquele membro consiga ir buscar os remédios.
Para além da província de Tete, os Grupos de Apoio e Adesão Comunitária já estão a ser implementados em outras partes de Moçambique.
Moçambique: Natal em tempos de crise
Este ano, nem todos terão um Natal com prato cheio em cima da mesa. A crise financeira pesa nos bolsos de muitos cidadãos. Na província de Inhambane, no sul de Moçambique, até o frango falta.
Foto: DW/L. da Conceição
Um Natal difícil
O negócio está fraco neste mercado em Maxixe, a capital económica da província moçambicana de Inhambane. A crise económica tem afastado os clientes. As vendedoras até já baixaram o preço dos amendoins, por exemplo, mas mesmo assim poucos querem comprar. Este será um Natal difícil.
Foto: DW/L. da Conceição
Fraco movimento nos supermercados
O Natal costuma ser uma altura de muito movimento, com as famílias a comprarem produtos para as refeições da quadra festiva. Mas vários estabelecimentos estão quase vazios. Os proprietários temem que este seja o pior Natal de sempre.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta frango
O frango é o produto mais procurado nesta época do ano; é um produto sempre presente nas mesas das famílias. Mas falta frango, tanto nacional como estrangeiro. O preço aumentou e algumas famílias não estão a conseguir comprar. As autoridades prometem, no entanto, controlar a especulação de preços.
Foto: DW/L. da Conceição
Onde estão os ovos?
É uma pergunta que muitos colocam e ninguém consegue responder. Os ovos parecem ter desaparecido de vários estabelecimentos comerciais. Mesmo quem vende, tem poucos disponíveis. Meia dúzia de ovos chega a custar 100 meticais (o equivalente a 1,40 euros) - por isso, muitas pessoas deixaram de consumir.
Foto: DW/L. da Conceição
Pouca procura
Em época de Natal, costuma notar-se o vaivém de pessoas das zonas rurais a entrar e sair das cidades. Mas este ano vêem-se menos pessoas nas estradas.
Foto: DW/L. da Conceição
Publicidade nas ruas
Como muitas pessoas deixaram de entrar nos estabelecimentos comerciais, por causa da crise, as empresas adotaram novas estratégias. Cada vez há mais campanhas nas ruas e avenidas com (pequenos) descontos para os clientes, para atrair clientes. A empresa Bela, que vende arroz e massa, não ficou atrás.
Foto: DW/L. da Conceição
Tudo bem gerido
Com pouco dinheiro, não há lugar para desperdícios de comida. Por isso, saber planificar e aproveitar os alimentos é essencial.
Foto: DW/L. da Conceição
Natal a vender nas ruas
A crise económica obrigou muita gente a ir para as cidades, em busca de melhores rendimentos. Várias pessoas vendem pequenos produtos nas ruas. Mas, com a crise económica, a situação tornou-se mais complicada - os rendimentos são menores. A crise não permite festas felizes, dizem estes cidadãos.
Foto: DW/L. da Conceição
Natal com fome
Todos os anos, no dia de Natal, costuma haver um almoço solidário para as crianças mais necessitadas. Mas, em vários cantos de Moçambique, muitas crianças não deverão beneficiar desse almoço este ano devido aos cortes no financiamento de várias ONG. Muitas crianças passarão o Natal nas ruas.
Foto: DW/L. da Conceição
Turismo afetado?
Haverá, ou não, mais turistas durante a quadra festiva em Inhambane? As informações do Governo e dos empresários são contraditórias. O Executivo espera receber mais de 700 mil turistas, mas os proprietários das estâncias turísticas queixam-se de cancelamentos constantes das reservas, devido à falta de transporte aéreo. A província de Inhambane é um destino predileto de visitantes de vários países.