Hospital de Maputo pede que deixam passar médicos e sangue
24 de dezembro de 2024O Hospital Central de Maputo apelou esta terça-feira (24.12) para que os manifestantes que contestam os resultados das eleições "deixem passar" os profissionais de saúde, face ao volume de doentes que estão a chegar, alertando que as reservas de sangue são críticas.
"Por causa da situação em que os trabalhadores de saúde não estão a conseguir aceder ao Hospital Central de Maputo [HCM] e às outras unidades sanitárias, o nosso apelo é para que deixem passar as ambulâncias, para que os trabalhadores de saúde possam vir tratar dos doentes", disse Mouzinho Saíde, diretor daquela unidade, em conferência de imprensa realizada esta manhã.
"Muitos destes doentes que nos procuram estão em situações críticas, precisam de tratamento urgente. Se não tivermos equipas disponíveis não conseguiremos tratar. Então, que deixem circular as ambulâncias livremente, com trabalhadores de saúde ou com doentes", insistiu, reconhecendo a dificuldade de formar equipas médicas.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que está a realizar disparos para tentar a desmobilização, com registo de pelo menos três mortos e vários feridos, segundo levantamentos provisórios de organizações não-governamentais no terreno.
Nenhum dos restantes três candidatos reconhece estes resultados eleitorais.
Na conferência de imprensa de hoje, o diretor do HCM alertou igualmente que a "situação do sangue é crítica" no maior hospital de Moçambique.
"No ano passado tínhamos 718 unidades de sangue disponíveis, este ano temos 180 unidades de sangue disponíveis, portanto, muito aquém das necessidades. No dia de ontem [segunda-feira] só tivemos 55 transfusões feitas e 20 pedidos não atendidos", apontou Mouzinho Saíde, acrescentando que num dia "normal" o HCM necessita de 100 unidades, de 0,45 litros.
"O nosso apelo é que as pessoas que puderem doar sangue, por favor, dirijam-se ao banco de sangue do HCM para doar sangue. Estamos a precisar (...) A maior parte dos casos que estamos a receber são cirúrgicos, maior parte destes casos vão precisar de sangue", disse ainda.