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Moçambique: IDM pede diálogo "sem condicionalismos"

Lusa
27 de dezembro de 2020

Instituto para Democracia Multipartidária espera que trégua anunciada pelo líder dissidente da RENAMO, Mariano Nhongo, seja genuína e que o diálogo a iniciar na segunda-feira decorra "sem condicionalismos".

Mosambik Angriff Unbekannter in Mecombezi
Vestígios de ataque armado supostamente perpetrado pela Junta Militar em NhamatandaFoto: DW/A. Sebastião

"A organização espera, no entanto, que as declarações sejam genuínas e o diálogo venha a decorrer sem condicionalismos, até porque está em curso o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), resultante do Acordo de Paz Definitiva assinado em agosto de 2019", refere-se numa nota do Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) divulgada este domingo (27.12).

Em causa está o anúncio feito pelo líder da autoproclamada Junta Militar, na quarta-feira (23.12), dando conta da suspensão das emboscadas e ataques de viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique, para permitir o início, na segunda-feira (28.12), de negociações de paz com o Governo.

A autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerrilha, é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto do ano passado. 

Mariano NhongoFoto: DW/A. Sebastiao

A ONG moçambicana diz ainda que "recebeu com satisfação" o anúncio da trégua, considerando que poderá contribuir para que os moçambicanos passem a quadra festiva "num ambiente pacífico, depois de um ano difícil e marcado por várias adversidades". 

"O anúncio responde aos anseios dos moçambicanos que almejam viver num país tranquilo podendo circular livremente, sem o risco de serem vítimas de ataques militares", refere o IMD. 

Na terça-feira (22.12), o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique capturaram três homens próximos do líder do grupo dissidente da RENAMO, um dos quais era o seu assistente de campo. 

O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o Governo e a RENAMO e a renúncia do atual presidente do principal partido da oposição, Ossufo Momade - a quem acusam de ter desviado o processo de negociação dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, o líder histórico do maior partido da oposição moçambicana que morreu em maio de 2018. 

O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, já havia anunciado que o grupo dissidente da RENAMO se manifestou disponível para negociar. 

Em outubro, o Presidente moçambicano decretou uma trégua na perseguição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) à Junta Militar da RENAMO durante sete dias, mas tentativas de aproximação para um diálogo fracassaram, com as duas partes a trocarem acusações.

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