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Moçambique inicia processo de transição para sinal digital

Arcénio Sebastião
22 de setembro de 2021

Moçambique começou esta segunda-feira, (20.09), a desligar os emissores analógicos de transmissão de TV. O processo de transição para sinal digital deverá estar concluído até fim de 2021. Mas nem todos estão preparados.

Satelliten-Antennen in Maputo
(Imagem de arquivo)Foto: DW/Johannes Beck

Nesta segunda-feira, (20.09.), começaram a ser desligados os emissores analógicos localizados nas cidades de Maputo, Tete e Nampula.

Segundo o Instituto Nacional de Telecomunicações (INCM), trata-se da primeira fase de encerramento de emissores no processo de transição de sinal analógico para sinal digital, a ser concluído até final de 2021.

Numa primeira fase, até 30 de setembro, vão ser desligados 16 emissores em todo o país e na segunda fase, até final do ano, seguem-se outros 14 em zonas mais remotas.

A rede combina 60 retransmissores espalhados pelas capitais provinciais e vários distritos e arranca com 18 canais abertos.

"Apagou-se a televisão”

Rui João é residente da cidade de Tete, centro do país, e já foi vítima do apagão desta segunda-feira (20.09.).

Numa primeira fase, até 30 de setembro, vão ser desligados 16 emissores em todo o país Foto: picture alliance/ZB/Tödt

"De repente, quando eu estava a assistir a televisão, apagou-se a televisão”, conta surpreso à DW.

Em outubro de 2020, na cidade da Beira, aquando do lançamento do sinal de televisão digital, o Presidente da República, Filipe Nyusi, estabeleceu o prazo de um ano para se efetuar a migração.

Nyusi assegurou que ninguém ficaria excluído do processo, contudo já há prejudicados. São principalmente cidadãos de baixa renda, que não conseguem pagar regularmente pacotes mensais de outras plataformas de distribuição de sinal de televisão ou seja um descodificador. 

"A própria condição social não favorece. Agora com esta informação será um embate mesmo”, afirma Adriano Pelé, residente na cidade de Maputo.

Já Suzana Adriano desconfia que poderá ficar longe dos ecrãs da televisão.

"Eu sou uma mãe de sete filhos, dos sete filhos só um que trabalha, assim vou ficar sem assistir nada porque há vezes que fico mesmo um mês sem recarregar”, lamenta.

Monitoria das transmissões

A primeira estação televisiva a fechar o sinal analógico foi a TVM, Televisão de Moçambique.

Aquando do lançamento do sinal de televisão digital Filipe Nyusi assegurou que ninguém ficaria excluído do processoFoto: DW

"Já era esperado o dia de hoje. Exatamente às 12 horas pusemos o ponto final à transmissão do sinal analógico. Para dizer que a cidade de Maputo está sem sinal a partir de agora e temos aderir já ao sinal digital”, afirmou José Dzeco, técnico da TVM.

O INCM, Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique, entidade que regula as comunicações no país, garante uma fiscalização dos sinais analógicos depois desta fase de transição para o digital, assegurou Jubelito Chuquela, funcionário da instituição.

"Os emissores de transmissão analógica devem estar desligados a partir de hoje, então o INCM vai continuar a fazer a monitoria de transmissão desses sinais de forma que aconteça aquilo que acabamos de testemunhar aqui”, explicou.

A migração da radiodifusão custou 156 milhões de dólares e é financiada pela China.

Para ligar televisores analógicos à nova norma são necessários conversores vendidos em agentes autorizados da Transporte, Multiplexação e Transmissão (TMT), empresa pública responsável pelo sinal, ao preço de 1.200 meticais (o equivalente a cerca de 16 euros).

O prazo para a migração a nível mundial era 2015 e, no que se refere à região da SADC, 2020. Moçambique está atrasado neste processo e, caso não faça a migração, corre o risco de estar impedido de transmitir o sinal de televisão por força dos acordos internacionais sobre esta matéria. E, associado a isso, está a descontinuidade de fabrico de equipamentos analógicos.

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