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Moçambique: Insurgentes atacam aldeia em Cabo Delgado

Lusa
12 de maio de 2024

Populares da comunidade de Missufine, na aldeia de Cajerene, província moçambicana de Cabo Delgado, relataram ataques de grupos insurgentes desde sábado (11.05), com a destruição de casas e tiroteios.

Ataque em Naunde
Ataques armados acontecem em Cabo Delgado desde 2017, matando e destruindo várias aldeias no Norte de Moçambique (Foto de arquivo)Foto: DW/A. Chissale

"A minha casa foi queimada, assim como a do meu vizinho. Os terroristas entraram na sua máxima força e nem se deixaram intimidar por a aldeia estar na via mais movimentada da estrada nacional N1", descreveu este domingo (12.05) uma fonte a partir do esconderijo onde se encontrava.

Segundo a população, o ataque à aldeia de Missufine, área da localidade de Sunate (Silva Macua), no distrito de Ancuabe, situada a quase 70 quilómetros da cidade de Pemba, começou por volta das 18:00 (hora local), e durou quase quatro horas, quando os insurgentes começaram a disparar de forma indiscriminada enquanto incendiavam residências dos populares, na sua maioria de construção precária.

O ataque precipitou a fuga da população da aldeia e comunidades circunvizinhas, nomeadamente Sunate (Silva Macua), sede distrital de Ancuabe, distrito de Chiúre e cidade de Pemba, capital da província.

"A minha família está em Silva Macua, preferi ficar sozinho para averiguar a situação", disse Siaca, 46 anos, a partir da comunidade de Intutupue, a menos de 10 quilómetros da aldeia Missufine, onde ocorreu o ataque.

Segundo fontes locais pelo menos três pessoas foram feridas devido a balas perdidas disparadas pelos insurgentes durante a incursão.

Trata-se do segundo grande ataque em dois dias levado a cabo pelos grupos insurgentes que atuam na província de Cabo Delgado, depois da vila de Macomia, na sexta-feira (10.05).

Entretanto, a população de Macomia começou no sábado à tarde a regressar às suas casas, após relatos da saída do grupo que ocupava a localidade, disseram anteriormente à Lusa fontes da comunidade. 

Segundo as fontes, os insurgentes abandonaram a vila sede de Macomia, que ocupavam desde a madrugada de sexta-feira, por volta das 14:00 de sábado, em direção ao posto administrativo de Mucojo, motivando o regresso dos residentes.

Populares esconderam-se nas matas de Macomia durante os ataques de sexta-feira (10.05)Foto: DW

O Ministério da Defesa Nacional confirmou na sexta-feira um "ataque terrorista", durante a madrugada, à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.

"O ataque durou cerca de 45 minutos e os terroristas foram prontamente repelidos pela ação coordenada das nossas forças, que obrigaram o inimigo a recuar, em direção ao interior do posto administrativo de Mucojo", lê-se num comunicado do Ministério da Defesa Nacional.

O comunicado acrescenta que o ataque aconteceu cerca das 04:45 locais e que, no "confronto", as FADM "capturaram um terrorista e feriram um dos líderes, conhecido por 'Issa', que conseguiu escapar, não havendo registo de mortos ou feridos por parte das Forças Armadas".

"Posteriormente, o terrorista capturado veio a perder a vida por ferimentos graves", refere ainda o comunicado.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã de sexta-feira, este ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

"É verdade que é uma zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (...). Como estão de saída. Espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso", reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos. 

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

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