Jornalista Ericino de Salema encontrado depois de raptado
Leonel Matias (Maputo)
27 de março de 2018
O comentador do canal STV foi, esta tarde, levado à força por desconhecidos à saída da sede do Sindicato Nacional dos Jornalistas. Este é o segundo caso de rapto e agressão de jornalistas em menos de dois anos no país.
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O analista Ericino de Salema foi sequestrado na tarde desta terça-feira (27.03) por dois indivíduos não identificados à saída do Sindicato Nacional dos Jornalistas, no centro da cidade de Maputo. A vítima viria a ser localizada uma hora e meia hora depois na estrada circular.
O Secretário Geral do Sindicato Nacional dos jornalistas, Eduardo Constantino descreve o estado em que se encontrava. "Ele foi localizado num estado deplorável, foi espancado e deixado inconsciente mas está fora de perigo”.
A vitima encontra-se hospitalizada a receber cuidados médicos.
O porta-voz da Polícia na cidade de Maputo, Orlando Mudumane, disse que a corporação tomou conhecimento da ocorrência.
"Até então desconhece-se o móbil deste crime. A Polícia lavrou a respetiva peça de expediente e, neste momento, as forças conjuntas da Polícia da República de Moçambique e do Serviço Nacional de Investigação criminal estão no terreno no sentido de esclarecer este caso”.
Condenação do atoO Sindicato Nacional dos Jornalistas, o MISA-Moçambique e o Conselho Superior da Comunicação Social realizaram uma conferência de imprensa conjunta para condenar o ato. Consideraram que este acto visa intimidar a liberdade de expressão e exigiram a responsabilização dos seus autores.
Moçambique: Jornalista Ericino de Salema raptado
Ericino de Salema era um dos comentadores residentes do programa semanal Pontos de Vista da televisão privada STV.
Para Tomás Vieira Mário, que faz parelha com Ericino de Salema no programa, mais do que condenar este acto intimidatório e cobarde o que mais preocupa é que "os perpetradores fazem-no em plena luz do dia, na via publica o que exprime a certeza de impunidade.”
Segundo Tomás Vieira Mário, que é igualmente Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social não há nada que Salema tenha dito que possa justificar em caso algum que fosse vítima de rapto. “Não há nada que qualquer jornalista não dissesse e em liberdade” acrescentou.
Segundo caso em menos de dois anos
Este é o segundo caso em menos de dois anos de comentaristas do programa Pontos de Vista da STV que são raptados e molestados. O caso anterior teve como vitima o professor Jaime Macuiane, que depois de raptado por homens desconhecidos foi alvejado a tiro. Até ao momento, a polícia ainda não identificou os autores do crime.O moderador do programa, Jeremias Langa disse à margem da conferência de imprensa que o sequestro de Ericino Salema e a violência de que foi vitima representa um retrocesso porque as pessoas vão interpretar isso como uma forma de intimidação. "Se pudéssemos pensar que era uma situação ocasional do professor Macuiane isto vem confirmar que era uma coisa intencional, que alguém agiu no sentido de intimidar o jornalista”. Ainda segundo Jeremias Langa o facto destas situações nunca serem esclarecidas constitui uma agravante que se transforma em verdade.
Até prova em contrário vamos dizer que é pelo exercício do trabalho como comentador que ele foi vitima deste sequestro e da violência que sofreu- afirmou Jeremias Langa.
"O que é que as pessoas vão pensar? Vão pensar que este é um modus operandi do sistema aqui em Moçambique. As pessoas vão ter mais medo de falar, já sentíamos que essas manifestações de medo iriam agravar-se naturalmente e dificilmente vamos ter alguém a dar-lhes razão de que não é por esta razão porque estes casos nunca são esclarecidos”.
Ericino de Salema é um jornalista interessado na pesquisa social na perspetiva dos direitos humanos.
Direitos Humanos - Prêmio Mídia para o Desenvolvimento
No âmbito do Prêmio Mídia para o Desenvolvimento, promovido pela DW, o público escolheu as melhores fotografias africanas para a categoria "Direitos Humanos em África". Nós mostramos as fotos selecionadas.
Foto: Adballe Ahmed Mumin
A aldeia do abuso sexual
Nikiwe Masango, de 87 anos, acordou no meio de uma noite com um homem sobre ela, em Jambeni, na África do Sul. "Me violou durante toda a noite. Pediu para que eu cobrisse meus olhos, assim eu não poderia identificá-lo", diz Masango. Foto: Lungi Mbulwana. Uma das fotos que foram selecionadas pelo público para o Prêmio Mídia para o Desenvolvimento da DW na categoria "Direitos Humanos em África".
Foto: Lungi Mbulwana
Brutalidade policial
O motorista de um taxi-motocicleta "okada" defende-se de um policial após ser preso por se desnudar em um protesto em Lagos, na Nigéria. Em 2012, o governo de Lagos baniu as "okadas" das principais avenidas da capital nigeriana. A polícia foi acusada de uso excessivo da força e violência para forçar o cumprimento da legislação do tráfego na cidade. Foto: Olufemi Ajasa.
Foto: Olufemi Ajasa
Onde há vontade, há educação
Estes alunos estão prestes a remar para a casa em Makoko, um bairro de lata construído com palafitas sobre as lagoas de Lagos. A educação tem sido descrita como a grande arma contra a pobreza. Mas, este bairro de lata flutuante, o mais pobre da Nigéria, muitas crianças têm pouca esperança de ir para a escola. Na foto, estão crianças de sorte. Foto: Oluyinka Ezekiel Adeparusi.
Foto: Oluyinka Ezekiel Adeparusi
Os males sanitários da Cidade do Cabo
Um garoto se diverte pulando sobre casas de banho em Khayelitsha, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Para as pessoas vivendo em assentamentos informais na região, ir à casa de banho pode ser um pesadelo. As instalações têm manutenção precária e não são higiênicas. O alto índice de criminalidade obriga as pessoas a optarem pelo uso de baldes em suas casas. Foto: David Harrison.
Foto: David Harrison
As emoções dos desafortunados
Este homem sul-africano passou mais de 20 anos na prisão. Cada tatuagem no seu rosto simboliza seu status e posição na quadrilha. O retrato mostra que existe beleza em cada um de nós, apesar das circunstâncias que enfrentamos na vida. Foto: Theodore Afrika.
Foto: Theodore Afrika
Maternidade segura
Zituni mostra orgulhosamente seu saudável bebê que nasceu em um pequeno hospital, a alguns metros de sua cabana. O hospital localizado na aldeia de Diff, na fronteira do Quênia com a Somália, tem uma ala de maternidade. A primeira deste tipo na área. Foto: Abraham Ali.
Foto: Abraham Ali
Tribunal de rua
Um homem é arrastado pelas ruas de um bairro da Cidade do Cabo após ter sido espancado pela população, suspeito de ter roubado um telemóvel. O homem foi levado ao hospital pela polícia, mas ninguém foi preso pelo linchamento. O direito a um julgamento justo é um direito humano. Foto: Lulama Zenzile.
Foto: Lulama Zenzile
O espancamento de Bonnie
Agentes de segurança levam o ativista queniano Boniface Mwangi após ele gritar: "traidor, traidor!", durante o discurso de um dirigente sindical. Mwangi foi posteriormente espancado e trancado em uma cela da polícia por fazer uso, pura e simplesmente, do seu direito de liberdade de expressão. Foto: Evans Habil Kweyu.
Foto: Evans Habil Kweyu
O longo caminho para a água potável
Estas pessoas do vilarejo de Jatokrom, no norte do Gana, caminham quilômetros para buscar água da represa. O rio perto da comunidade agrícola secou. A barragem é usada para armazenar água e não é própria para o consumo humano. Milhões de pessoas no Gana ainda carecem de acesso a água potável. Foto: Geoffrey Buta.
Foto: Geoffrey Buta
As lágrimas de uma família despejada
Uma mãe de sete crianças chora na rua. Ela e seus familiares foram despejados de sua casa na capital do Chade, N'Djamena, para dar lugar a um novo hotel de luxo. Mais de 670 pessoas na cidade foram expulsas e suas casas demolidas. Nenhuma, incluindo esta mulher, receberam indenização ou uma moradia alternativa. Foto: Salma Khalil Alio.
Foto: Salma Khalil Alio
Lutando pelo direito de informar
Jornalistas somalis protestam contra a detenção e assassinato de colegas de profissão. As manifestações acontecem depois da prisão de um repórter que entrevistou uma mulher vítima de abuso sexual pelas forças do governo. Com 18 jornalistas mortos em 2012, a Somália é um dos mais perigosos lugares do mundo para profissionais de imprensa. Foto: Adballe Ahmed Mumin.