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Moçambique lidera índice de mortes por acidentes na CPLP

Sitói Lutxeque (Nampula)26 de novembro de 2015

Em Moçambique, os acidentes de viação continuam a ser uma das maiores causas de morte. Na origem dos acidentes estão, muitas vezes, a condução sob efeito de álcool e o mau estado das estradas.

Viatura acidentada numa das estradas de NampulaFoto: DW/S. Lutxeque

A província nortenha de Nampula registou, de janeiro a princípios de setembro último, pelo menos 191 acidentes de viação, contra 186 reportados no igual período do ano passado. Estes dados foram revelados recentemente pelo comandante provincial da polícia da República de Moçambique em Nampula, Abel Nuro: “Tivemos 208 mortos contra 199, há uma subida. Feridos graves 143 contra 176, há uma redução. Feridos ligeiros 73 contra 62, há uma subida.”

De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente em Moçambique as autoridades têm divulgado a morte de cerca de 1.700 pessoas nas diversas estradas do país. Mas a OMS estima que o número real de mortes seja superior a 8.000.

Na província de Nampula os acidentes são, na sua maioria, do tipo capotamento e atropelamentos, causados principalmente por despiste, bem como condução sob efeito de álcool. Também problemas mecânicos das viaturas, principalmente de transporte de passageiro, têm resultado em acidentes.neste contexto tem relevo igualmente o excesso de velocidade,

Só na semana passada, pelo menos sete pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas, vítimas de cinco acidentes de viação registados nos distritos de Meconta, Muecate e na cidade de Nampula.

Mau comportamento na origem do problema

Hospital Central de Nampula, onde são tratadas algumas das vítimas de acidentesFoto: DW/S. Lutxeque

Calado Lopes é presidente da Associação Moçambicana Sem Acidentes de Viação (AMOSAVI). Ele aponta o comportamento humano como a principal razão dos sinistros.

Entretanto, Nampula é uma província com problemas sérios de transportes públicos. Desde 2013, a região começou a registar entradas não autrizadas nas vias públicas de operadores de serviço de táxi-motorizado. Grande parte destes operadores não possui carta de condução.

Calado Lopes diz que “os condutores de veículos com e sem motores são os principais protagonistas, pela falta de formação sobre código de estrada". Lopes critica ainda o comportamento dos condutores na via pública: "Eles conduzem mediante a esperteza e sem observância da lei de estrada. Às vezes fazem ultrapassagens à esquerda e excedem a velocidade numa curva, nos entroncamentos, cruzamentos e lombas.”

Segundo um Relatório Mundial sobre Segurança Rodoviária, apresentado em Genebra (Suíça) e Londres (Inglaterra) em outubro do ano passado, Moçambique lidera o índice de mortes por acidentes de viação nos países de língua portuguesa, com cerca de 31,6 mortes por 100 mil habitantes por ano.

Formação e Sensibilização

Foto: DW/S. Lutxeque

Sérgio Mourinho, porta-voz do comando provincial da polícia da República de Moçambique em Nampula, garantiu que a sua corporação vai apertar o cerco para evitar o derramamento de sangue nestes dois últimos meses do ano: “Continuaremos a promover campanhas de sensibilização para os automobilistas e aos demais utentes das vias públicas. Vamos também punir os que violam as regras de trânsito”.

De referir que a Associação Moçambicana Sem Acidente de Viação, com sede na cidade de Nampula, criou, em 2014, uma escola de condução para os motociclistas e ciclistas. O objetivo era evitar os acidentes, muitas vezes protagonizados pelos condutores de bicicletas e motorizadas. Mas não há muitos interessados.

Calado Lopes garante que “a AMOSAVI tem vindo a estabelecer contactos permanentes com instituições de direito, com vista a criarem mecanismos para forçar os condutores de veículos com e sem motor a frequentarem as escolas de condução", uma vez que estes não tomam a iniciativa de remediar a situação e assim "continuam a matar pessoas.”

Recorde-se que, em 2014, de acordo com a Associação Moçambicana para vítimas de acidentes rodoviários (AMVIRO), mais de 2.000 pessoas morreram como resultado de acidentes nas estradas do pais.




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