Uma segunda companhia aérea de origem estrangeira, a Ethiopian Airlines, já está a realizar voos domésticos em Moçambique, tornando-se na segunda companhia de origem estrangeira a ligar diferentes capitais provinciais.
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A Ethiopian Airlines está a operar no mercado doméstico moçambicano desde o último sábado (01.12.), ligando oito destinos, incluindo sete das 10 capitais provinciais, nomeadamente as de Nampula, Beira, Tete, Pemba e Quelimane e ainda à cidade portuária de Nacala.
Esta é a segunda companhia estrangeira autorizada a fazer voos domésticos depois da Fastjet, que quebrou o monopólio detido até 2017 pela operadora estatal Linhas Aéreas de Moçambique, LAM.
O Presidente da Associação para o estudo da defesa do consumidor, , disse a DW África que esta abertura é positiva pois "vai certamente trazer uma concorrência e é de forma que a LAM vai até certo ponto despertar que o mercado deve ser feito com base em serviços de qualidade e em respeito aos utentes".
Direito de escolher
Segundo Bacião, com novas companhias a operarem no mercado aéreo doméstico as pessoas podem optar se "viajam nesta companhia ou viajam na outra, por outro lado traz-nos também um benefício no que diz respeito aos preços. As pessoas que viajaram nesta nova companhia dizem que os preços são muito diferentes em relação aos praticados pelas Linhas Aéreas de Moçambique".Porém, o Comité Sindical da companhia de bandeira nacional emitiu um comunicado no passado dia 23 de novembro, no qual afirma que "os trabalhadores da LAM pedem a quem de direito que reponha a legalidade e tome medidas no sentido de que sejam salvaguardados os interesses nacionais".
Moçambique: Linhas Aéreas de Moçambique face à concorrência?
Já Alexandre Bacião considera que a entrada de novas operadoras ao contrário de ser prejudicial vai criar na LAM um espírito de trabalho, de melhoramento de qualidade e de concorrência.
Para Bacião o pronunciamento dos sindicatos encontra explicação no facto de a companhia ter-se acomodado naquilo que eram os seus serviços. E acrescentou que os sindicatos devem passar para os trabalhadores a mensagem de que "é altura de arregaçar as mangas. Não se pode permanecer numa situação em que pensamos que nós somos os donos. Hoje o mercado é livre".
Requisitos exigidos às companhias aéreasUma série de requisitos é exigida às companhias estrangeiras para obterem o certificado que lhes habilita a operarem no mercado doméstico, conforme refere o Presidente do Instituto da Aviação Civil de Moçambique, João Abreu.
"Tem que demonstrar primeiro que tem uma idoneidade como empresa ou seja é uma empresa que está registada na Conservatória, segundo ter a capacidade financeira para fazer andar o seu negócio, terceiro demonstrar qual é o segmento da operação que pretende voos regulares ou não regulares para a devida licença, demonstrar que tem aviões, pilotos, técnicos de manutenção, uma sede registada em Moçambique e também é preciso garantir emprego no país".
Entretanto, a Ethiopian Airlines já registou uma contrariedade na última terça-feira (04.12.). Um avião com destino a Nampula, com escala em Tete, ficou retido no aeroporto da capital desta província, devido a problemas técnicos detetados depois da aterragem.
Parte dos passageiros em trânsito só seguiu viajem para Nampula na quarta-feira, enquanto outros só embarcaram esta quinta-feira, facto que segundo apurou a DW África criou algum desconforto.
O "boom económico" na cidade de Nampula
Com mais de 60 anos, a cidade de Nampula está em expansão: hotelaria, instituições públicas e melhores vias de comunicação são alguns dos exemplos. Mas há ainda muitos desafios para superar.
Foto: DW/S.Lutxeque
Cidade na rota do desenvolvimento
A cidade de Nampula completa 62 anos de elevação a cidade a 22 de agosto de 2018. Os últimos anos têm testemunhado uma constante em transformação. Novas infraestruturas, como hotéis, centros comerciais, edifícios de serviços públicos, estradas e vias férreas estão a fazer crescer a cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais oferta hoteleira
Nos últimos anos, o setor da hotelaria e turismo é um dos que mais se tem notabilizado, em crescimento e expansão das atividades na cidade de Nampula. Só nos últimos cinco anos, abriram dois grandes hotéis que dão emprego a milhares de moçambicanos. Na foto vê-se o Grand Plaza Hotel, totalmente de capitais moçambicanos e inaugurado em junho passado pelo Presidente da República.
Foto: DW/S.Lutxeque
Novo Palácio da Justiça em Nampula
A cidade recebeu um dos maiores empreendimentos do setor judiciário que acolhe várias instituições, nomeadamente, a Procuradoria, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, o Tribunal Judicial, o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, e a Administração do próprio Palácio da Justiça. O empreendimento foi construído de raiz e ocupa uma área de mais de dois quilómetros quadrados.
Foto: DW/S.Lutxeque
Centros comerciais desenvolvem economia
Com a descoberta e exploração de vários recursos minerais e naturais na província, muitas empresas, na sua maioria de origem estrangeira, fixam-se em Nampula. Muitas arrendam escritórios em centros comerciais. Um dos exemplos é o Milénio Center, construído nos últimos anos. Fornece serviços de aluguer de escritórios, lojas, cafetarias, estabelecimentos bancários entre outros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Proliferação de quiosques "take-away"
Não são só as grandes empresas que contribuem para desenvolver a cidade. Também há um aumento de quiosques que confecionam e vendem produtos na via pública. Desde 2016, só na cidade de Nampula, as autoridades já municipais já licenciaram centenas destes estabelecimentos para o exercício de atividades. Em quase todas ruas existem quiosques, vulgarmente conhecidos por "take-away".
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais e melhores estradas na cidade
A reabilitação e construção de estradas, em vários pontos do centro da cidade foi um dos marcos dos últimos cinco anos. Boas estradas são uma necessidade para responder ao aumento do parque automóvel que se vem registando desde a independência do país, sobretudo nos últimos anos.
Foto: DW/S.Lutxeque
Grande investimento em ferrovias
A cidade de Nampula, está localizada ao longo do Corredor de Nacala, considerado o "pulmão" económico da província. É atravessada por uma linha férrea que liga ao distrito de Nacala-a-Velha a Moatize, com passagem pelo vizinho Malawi, numa extensão aproximada de 900 quilómetros. A linha representa um investimento de quase 4 mil milhões de euros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Filial do Banco de Moçambique
Na foto vê-se a filial do banco de Moçambique em Nampula. O Banco Central investiu cerca de 240 milhões de dólares nas obras de construção da sua nova sede em Maputo e nas filiais de Nampula e Xai-Xai, bem como na reabilitação e ampliação das filiais de Chimoio e Beira.
Foto: DW/S.Lutxeque
Casas modernas em construção
"Modern Town-Nampula" é um grande projeto de construção que se prevê que resulte em 1800 casas construídas de raiz, no bairro de Mutauanha, numa zona de expansão. Este projeto projeto do Governo moçambicano, através do Fundo de Fomento de Habitação foi lançado em setembro do ano passado e prevê atribuir habitação aos jovens a título de crédito.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mercado Municipal também mais moderno
O Mercado Municipal, vulgarmente conhecido por Mercado Central, é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais que sobrevive até aos dias de hoje. Esta infraestrutura já passou por reabilitações e vai sobrevivendo aos maiores e atuais estabelecimentos comerciais. Antigamente, eram vendidos vestuários e diversos eletrodomésticos. Agora, limita-se a produtos de primeira necessidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Construção da estrada Nampula-Nametil
A estrada que liga a cidade de Nampula a Nametil, sede do distrito de Mogovolas, já está em construção. São mais de 70 quilómetros. Os cidadãos consideram que vai alavancar a economia, pois vai ligar, e assim, aproximar, uma zona de produção à cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Bairros periféricos excluídos do "boom"
A cidade de Nampula conta com mais de um milhão de habitantes e dispõe de cerca de 18 bairros. Começam também a surgir zonas de expansão, onde muitos não beneficiam, na sua totalidade, do "boom" económico que a cidade ultrapassa. A degradação de estradas ou mesmo falta de vias de acesso, bem como a falta de corrente elétrica, água potável e lixo abundante são alguns dos problemas.