O Recenseamento Geral da População e Habitação ainda não começou em algumas zonas de Quelimane, Zambézia, nomeadamente por falta de boletins e meios de transporte.
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As autoridades municipais de Quelimane, na província da Zambézia, em Moçambique, acusaram esta quinta-feira (03.08), em conferência de imprensa, a delegação provincial do Instituto Nacional de Estatística da Zambézia de gerir mal o recenseamento geral em curso em Moçambique.
Abraão Luís, diretor do gabinete de recenseamento, no município de Quelimane, confirma que muitas zonas ainda não foram abrangidas pelo recenseamento.
Segundo Abraão Luís, "alguns materiais (kits de recenseamento) que recebemos chegaram violados e faltam boletins, etiquetas, bonés e camisolas. Ainda não obtivemos uma resposta no sentido da reposição desse material".
Quanto ao material em falta nos kits, o delegado do Instituto Nacional de Estatística (INE) da Zambézia, Armando Terenha reconhece ser "provável que ao longo do trajeto alguém tenha desviado esse material".
Números aquém das expetativas
A província da Zambézia espera recensear perto de cinco milhões de habitantes em mais de 13 mil áreas. Porém, desde 01 de agosto, altura em que teve início o recenseamento da população, apenas foram recenseados cerca de 1500 agregados familiares, número que está muito abaixo das expetativas, segundo as autoridades.
Abraão Luís explica que a atual gestão do processo pode trazer prejuízos: "se essa forma de gerir o processo continuar como até agora, vamos ter áreas que vão ficar sem ser recenseadas".
Para o diretor do gabinete de recenseamento, deve-se ter em conta cada zona. "Os gestores do processo não calcularam os custos e nem fizeram o planeamento da melhor forma. Sentaram-se nos gabinetes, fizeram e aprovaram planos sem terem em conta a realidade do terreno".
Apelo aos habitantes da Zambézia
Por outro lado, a recenseadora Dizauna Abadala, abordada pela DW esta sexta-feira (04.08), diz que o processo está a decorrer da melhor forma, embora algumas famílias não queiram ser recenseadas. "Recenseei apenas 30 pessoas e continuo à procura de outras. Muitas delas trancam as portas das suas casas quando lhes peço licença para entrar", conta a recenseadora à DW África.
Entretanto, as autoridades na província da Zambézia, continuam a apelar à população para que colabore com os recenseadores para que o país tenha dados reais da densidade populacional e habitacional.
Falta organização
Abraão Luís explica que a atual gestão do processo pode trazer prejuízos: "se essa forma de gerir o processo continuar como até agora, vamos ter áreas que vão ficar sem ser recenseadas".
Quelimane-recenseamento - MP3-Mono
Para o diretor do gabinete de recenseamento, deve-se ter em conta cada zona. "Os gestores do processo não calcularam os custos e nem fizeram o planeamento da melhor forma. Sentaram-se nos gabinetes, fizeram e aprovaram planos sem terem em conta a realidade do terreno".Também a logística está a falhar. "Por exemplo, não se sabe quanto é que vão ganhar os guias. Já perguntamos ao gabinete provincial e aguardamos uma resposta", adianta Abraão Luís, acrescentando que "não temos alimentação nem comunicação e, quanto aos transportes, estamos a trabalhar com muitos riscos", o que acredita complicar o processo.
Necessários meios de transporte
O diretor do gabinete de recenseamento, por outro lado, mostrou-se indignado com a falta de transportes para a circulação dos supervisores e controladores. "Descobrimos que há um programa de distribuição de meios de transporte, mas fomos ver no mapa e constatamos que Quelimane não consta na lista dos distritos beneficiados e, como é evidente, estranhamos isso", afirma Abraão Luís.
O delegado do INE da Zambézia, Armando Terenha, reconhece a existência dessas dificuldades e garante que pelo menos alguns meios serão postos à disposição do processo na região.
Terenha refere que "estamos com dificuldades de fundos, mas a cidade de Quelimane vai receber bicicletas", a começar pela sua distribuição nos distritos. No entanto, acrescenta que "a cidade de Quelimane goza de uma vantagem: não existem agregados familiares dispersos".
Moçambique: Eleições autárquicas de norte a sul
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar na quarta-feira (20.11). Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país.
Foto: DW/ER. da Silva
Longas filas para votar
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar no dia 20 de novembro. Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país. Esta assembleia de voto na Gorongosa, no centro do país, é o exemplo mais marcante. Pois, foi neste município que a RENAMO teve a sua base, que foi tomada pelas forças governamentais.
Foto: Reuters
À espera desde a madrugada
Eleitores fazem fila para votar em assembleia de voto em Pemba, Cabo Delgado. Em muitos lugares, formaram-se filas antes das 05h00. Em todo o país, alguma lentidão e realização de campanha junto às filas são alguns dos incidentes registados. No escrutínio participam 18 partidos, grupos de cidadãos e associações, para a eleição de edis e membros das assembleias municipais.
Foto: DW/E. Silvestre
Identificação à entrada
Funcionário eleitoral confere listas à entrada de uma assembleia de voto em Maputo, a capital moçambicana. Em alguns locais, houve problemas nos livros de registo de algumas assembleias de voto, onde os números não correspondiam exactamente aos nomes das listas.
Foto: picture-alliance/dpa
CNE garante condições do sufrágio
Biombo com o símbolo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) protege a privacidade dos eleitores nesta escola em Pemba, Cabo Delgado. De acordo com a CNE, a afluência da população às eleições municipais é "muito grande". Nas últimas eleições, em 2008, a taxa de abstenção foi de 53,6%. Na altura, participaram apenas 43 municípios. Este ano, as eleições abrangem mais dez municípios (um total de 53).
Foto: DW/E. Silvestre
Como votar?
Funcionário eleitoral mostra o boletim de voto a um eleitor numa assembleia, em Maputo. Na cidade de Nampula, registou-se uma irregularidade: Filomena Mutoropa, candidata a presidente do município pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), foi deixada de fora do boletim de voto.
Foto: picture-alliance/dpa
Guebuza vota e apela ao voto
Um dos primeiros votantes foi o Presidente da República de Moçambique. Armando Guebuza votou na escola secundária Josina Machel, no centro da capital moçambicana. Guebuza exortou todos os moçambicanos a votaram nas eleições municipais, apelando ao eleitorado para exercer o seu direito da "melhor forma". A FRELIMO, o partido do Governo de Guebuza, tem sido o partido dominante nos últimos pleitos.
Foto: picture-alliance/dpa
Oposição tenta aumentar número de autarquias
Nas últimas eleições de 2008, a FRELIMO ganhou 42 dos 43 municípios. O MDM – Movimento Democrático de Moçambique ganhou na cidade da Beira. Depois da renúncia do edil da cidade de Quelimane, houve eleições intercalares em 2011, que acabaram com a vitória de Manuel de Araújo do MDM (na foto). Ele conquistou a segunda autarquia para o MDM e tenta defender a sua maioria nas eleições de 2013.
Foto: picture-alliance/dpa
O receio de votar num dos bastiões da RENAMO
Um eleitor vota na Gorongosa, um dos focos de tensão da crise político-militar moçambicana. À tarde, homens armados, alegadamente da RENAMO, atacaram a vila de Gorongosa, em Sofala, centro de Moçambique, "sem criar distúrbios" aos eleitores, de acordo com uma fonte do governo. O receio de ir votar é significativo, nesta região que tem sido palco de confrontos entre FRELIMO e RENAMO.
Foto: Reuters
Fraca participação em Metangula
Secretária de uma mesa de voto em Metangula, na província do Niassa no norte de Moçambique, espera por eleitores à entrada da assembleia de voto. Nesta região a afluência às urnas era baixa depois do pico das primeiras horas da manhã. A maior parte das assembleias de voto estão vazias, chegando a registar-se períodos de 10 a 15 minutos sem que um eleitor apareça.
Foto: DW/E. Saul
Ambiente de calma um pouco por todo o país
Um eleitor posa para a fotografia numa assembleia de voto da capital moçambicana. O ambiente de tranquilidade contrasta com o atual clima de tensão político-militar que se vive em Moçambique. Estas são as quartas eleições do género na história do país, ensombradas pelo boicote da RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique.