Moçambique: Mahamudo Amurane em rota de colisão com MDM
Sitoi Lutxeque (Nampula)
30 de maio de 2017
Edil diz estar dececionado com o MDM e reafirma que, sem pedido de desculpas público do líder do partido, vai afastar-se. MDM diz que Amurane ainda é considerado membro, pois não apresentou a sua renúncia, oficialmente.
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O clima de tensão entre o edil de Nampula, Mahamudo Amurane, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) parece não ter solução à vista, podendo-se dizer que as relações entre ambos estão já cortadas.
Numa entrevista à DW África, Mahamudo Amurane afirma estar "dececionado com a politicagem” do MDM "de mentir, denegrir as pessoas e de querer derrubar os seus membros”.
O edil de Nampula, que também é membro da Comissão Politica Nacional do MDM, instância mais alta de decisão do partido, insiste que o movimento liderado por Daviz Simango continua empenhado em denegrir a sua imagem como forma de ofuscar a sua governação.
30.05.2017 MDM/Amurani - MP3-Mono
‘'Dizem que tenho casa em Portugal e quando apresentei um projeto na Assembleia Municipal [para aprovação de uma verba para custear a deslocação de uma equipa de trabalho a Portugal para discutir assuntos de cooperação] rejeitaram o documento porque estaria a mentir sobre os objetivos desse projeto. O MDM faz uma política para denegrir as pessoas. Para mim isso não é política”, afirmou.
O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula acrescentou ainda que exige que o MDM lhe peça desculpas publicamente pela alegada campanha de difamação na imprensa. Caso contrário, abandona, definitivamente, o partido.
MDM não está "enfraquecido”
O delegado político do MDM na cidade de Nampula, Luciano Tarieque, afirma, por seu lado, que o partido não encontra motivo para estar dececionado, uma vez que o edil Mahamudo Amurane ainda é membro do MDM. "Estamos a analisar o assunto e não encontramos motivo para estarmos dececionados. Levámos o colega ao poder em cumprimento do manifesto eleitoral do MDM e hoje como está bem [economicamente] com o apoio do partido já tem uma outra forma de atuar", começou por afirmar Luciano Tarique, lembrando que o presidente do município local ainda é membro do partido. "Se chegar a altura de ele anunciar que quer regressar ao partido, pode vir.... nós contamos com ele porque ainda não renunciou'', disse.
À DW África, Luciano Tarieque afirmou que o MDM não se encontra enfraquecido, até porque, acrescenta, ‘'reconhecemos que, em 2012 e 2013, quando não éramos Governo, fizemos um trabalho com sucesso que permitiu a eleição [de Mahamudo Amurane] como presidente e é este trabalho que continuamos a fazer”. Luciano Tarieque acrescenta que "o partido está preocupado em manter o governo do MDM na cidade de Nampula, e em todos os municípios [sete] existentes na província, para além de trabalhar, cada vez melhor, tendo em vista as eleições gerais de 2019. Se alguém foi encomendado para destruir o MDM , não vai conseguir”, asseverou.
Importa referir que o Movimento Democrático de Moçambique agendou a realização do seu segundo congresso para dezembro, na cidade de Nampula. Mahamudo Amurane afirmou poder não tomar parte, enquanto as suas exigências não forem satisfeitas.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
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O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.