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Moçambique: 950 mil pessoas precisam de ajuda alimentar

Lusa
23 de abril de 2021

Programa Alimentar Mundial (PAM) alerta que a crise humanitária em Moçambique está rapidamente a agravar-se devido à violência. Estima-se que os recentes ataques a Palma, em Cabo Delgado, tenham afetado 50.000 pessoas.

Foto: DW

Segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), mais de 950.000 pessoas precisam de ajuda alimentar urgentemente no norte de Moçambique. Calcula-se que os recentes ataques na vila de Palma, na província de Cabo Delgado, tenham afetado 50.000 pessoas, aumentando o número de deslocados e de pessoas em situação de insegurança alimentar.

"As pessoas dispersaram-se em muitas direções diferentes desde os recentes ataques em Palma. Os sobreviventes estão traumatizados. Tiveram de fugir, deixando para trás os seus pertences e as famílias foram separadas", afirmou a diretora nacional do programa das Nações Unidas em Moçambique, Antonella Daprile, que esteve em Pemba, onde muitos deslocados procuraram refúgio, de acordo com um comunicado.

O PAM referiu que muitas pessoas fugiram para Pemba em barcos, enfrentando uma viagem traiçoeira, e que milhares continuam presas em Palma e no povoado vizinho de Quitunda, locais onde a agência das Nações Unidas está a entregar alimentos.

Moçambique "no olho do furacão"

"Esta é a época de chuvas, a época dos ciclones, e o norte de Moçambique está no olho do furacão", assinalou a porta-voz do PAM na África Austral, Shelley Thakral, citada pela agência Associated Press.

"O conflito continua a resultar na fome no norte de Moçambique, com mais de 950.000 pessoas a enfrentarem agora fome severa", referiu ainda o PAM no documento.

Cabo Delgado: traumas de guerra, sonhos de paz

01:44

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A agência das Nações Unidas revelou que está em vias de aumentar a sua resposta no norte de Moçambique, e que tem "planos para apoiar 750.000 deslocados internos e membros vulneráveis das comunidades locais nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa e Zambézia".

O PAM necessita de 82 milhões de dólares (68,3 milhões de euros) para responder à crise humanitária e "apoiar os mais vulneráveis".

Água potável para deslcoados até finais de maio

Cerca de 20 mil deslocados devido aos ataques armados em Cabo Delgado, norte de Moçambique, que estão em centros de realojamento, vão beneficiar de água potável até finais de maio, anunciou o secretário de Estado na província de Cabo Delgado, Armindo Ngunga.

No total, serão abertos 66 furos de água em 21 aldeias de realojamento nos distritos de Chiure, Ancuabe, Montepuez, Metuge, Mecufi e Balama, infraestruturas que vão beneficiar mais de 20 mil deslocados.

Segundo Armindo Ngunga, a abertura daqueles furos poderá aliviar o sofrimento das famílias realojadas.  "Pelo menos três empreiteiros estão a 95% [ para a conclusão das obras]", disse o secretário de Estado, acrescentando que o Governo vai continuar a envidar esforços para que os prazos da execução das obras sejam observados.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.  O mais recente ataque ocorreu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.  

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

 

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