Moçambique: Mais diálogo para evitar conflitos nas eleições
18 de abril de 2023O Conselho Cristão de Moçambique (CCM) traçou uma estratégia para evitar a ocorrência de conflitos pós-eleitorais nas autárquicas de 2023 e gerais de 2024.
Para estes dois pleitos que se avizinham, a organização religiosa está a promover contactos com os partidos políticos e órgãos eleitorais, promovendo o diálogo,no âmbito do projeto "Eu Oro, Eu Voto", financiado pela organização alemã Pão para o Mundo ("Brot für die Welt", em alemão).
"Vamos sentar e conversar com os representantes dos partidos nas cidades onde estamos", avança o presidente do Conselho Cristão, Rodrigues Dambo. "Vamos perceber qual é a sensibilidade deles em relação às eleições, o que a população gostaria de ver os partidos políticos realizarem no período eleitoral."
Foco na lei eleitoral
Em pleitos eleitorais anteriores, os partidos da oposição reclamaram fraudes eleitorais com alegada conivência dos órgãos eleitorais. O Conselho Cristão diz que a lei eleitoral deve ser entendida.
"Toda a informação que recebemos em relação às eleições precisa de ser avaliada. O que estamos a fazer agora é tentar que a lei seja respeitada", explica Rodrigues Dambo.
O presidente do Conselho Cristão não tem a certeza de que será desta vez que haverá "fair play" nas eleições que se avizinham, mas garante que vai trabalhar nesse sentido.
"Cabe, desta vez, ao CCM dar o seu contributo para que possamos continuar a ter eleições pacíficas em que, no final, todos nós nos possamos sentir como vencedores. Porque o vencedor das eleições não é o candidato ou o partido que vence as eleições, é o país no seu todo", considera.
"Eu Voto, eu Oro"
O projeto surgiu há três anos na esteira da preservação da paz e reconciliação nacional em Moçambique. Nessa altura, foram criados clubes de paz, cujo objetivo era a integração dos desmobilizados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) no âmbito do DDR, o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração.
Desta vez, segundo o diretor de programas do Conselho Cristão, Augostão Zita, os três maiores partidos em Moçambique - a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder, e a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na oposição - deverão ser capacitados para prevenir conflitos pós-eleitorais.
"Os partidos políticos serão envolvidos no estabelecimento de uma plataforma de diálogo político como um instrumento de gestão de conflitos eleitorais, antes, durante e depois da realização das eleições", concluiu Zita.
As eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para outubro próximo, enquanto as eleições gerais serão realizadas em 2024.