Membros e simpatizantes da RENAMO comemoraram as declarações de Manuel Araújo de que vai tomar posse como presidente do conselho autárquico da cidade moçambicana.
Publicidade
Centenas de simpatizantes da RENAMO reuniram-se nesta sexta-feira (18.01) na zona da Sagrada, em Quelimane, para receber com cânticos Manuel Araújo e felicitá-lo pelas declarações de que vai tomar posse como presidente do conselho autárquico da cidade moçambicana.
As declarações foram dadas por Araújo no fim do VI Congresso da RENAMO, na Gorongosa.
"Na República de Moçambique, a soberania ainda não reside no povo. Quando a soberania não reside no povo, o país é autoritário. A missão dos cidadãos é pegar nos instrumentos que têm e lutar contra o regime. É isso que vamos fazer”, afirmou.
Palavras encorajadoras
Membros e simpatizantes da RENAMO reagiram com grande satisfação às palavras de Araújo considerando-as encorajadoras, face ao acórdão do Tribunal Administrativo sobre o mandato que o autarca cumpria desde 2014.
"Nós estamos bem emocionados uma vez que nos esperávamos que um dia as coisas fossem diferente. Quanto à tomada de posse, ele é a pessoa para nos esclarecer melhor", disse um simpatizante. "Foi uma alegria para nós. Foi uma luta para ganharmos as eleições. Nós estamos à espera que esse dia de tomada de posse chegue", declarou o também simpatizante Pablo Salato.
Manuel Araújo garante que vai tomar posse em Quelimane
"Essa posição é mais uma confirmação de que o nosso Poder Judiciário está esgotado. Nós precisamos reinventar o nosso sistema judiciário porque ele não é independente. Temos que começar uma nova luta para libertar os nossos juízes que até hoje estão amarrados ao Poder Executivo. O acórdão do Tribunal Administrativo é, sem margem de dúvida, uma encomenda política. Isso é uma violação”, declarou Araújo.
Mudanças na FRELIMO em Quelimane
O conflito interno na FRELIMO em Quelimane já foi minimizado. Na tarde de quinta feira (17.01), o secretariado do comité do partido na cidade, Pita Duarte, demitiu-se. Ele é acusado de ter contribuído para a derrota da FRELIMO nas últimas eleições autárquicas em Quelimane.
A reunião que culminou com a demissão demorou poucas horas, mas contou com uma boa presença de quadros seniores do partido ao nível da Província da Zambézia. Entre eles, esteve Paulino Lenco, secretário provincial que antes disse à imprensa que as eleições deste ano estão a ser preparadas como todo rigor.
Quelimane: Familiares de doentes queixam-se das condições de acomodação no Hospital
Familiares vêm acompanhar os pacientes transferidos, na maioria, dos hospitais dos distritos e províncias vizinhas. Acompanhantes dormem no chão, alguns sem cobertores, e sem redes mosquiteiras.
Foto: DW/M. Mueia
Acomodação nos sanitários
As autoridades de saúde adjudicaram, recentemente, as obras para a construção de um muro de vedação à volta dos sanitários públicos do Hospital Central Quelimane. É nestes sanitários, e ao ar livre, que uma parte dos acompanhantes dos pacientes deste Hospital dorme. Usam a água do poço para as necessidades diárias, nomeadamente, para preparar refeições, lavar roupa e tomar banho.
Foto: DW/M. Mueia
Dormir em "Muchungué"
"Muchungué" é o nome dado ao local onde, no Hospital Central de Quelimane, se acomodam os acompanhantes dos pacientes que precisam de internamento. A maioria vem transferida dos hospitais distritais da província da Zambézia. À DW, os acompanhantes explicam que este nome se deve às condições do local: "o modo de vida é comparado ao da região de Muchungué, em Sofala, no tempo do conflito armado".
Foto: DW/M. Mueia
Péssimas condições
À DW, os acompanhantes dos doentes queixam-se da falta de dormitórios, cobertores e redes mosquiteiras. Não há também estendais para a roupa. As roupas que são lavadas são expostas nas matas para secar. Já por muitas vezes, asseveram estas pessoas, houve queixas sobre as condições de sobrevivências no local, mas as autoridades nada fizeram para melhorar a situação.
Foto: DW/M. Mueia
Redes mosquiteiras
Cada acompanhante é responsável por criar as suas condições para dormir. Têm por isso que trazer as suas próprias "esteiras e mantas". A fumaça das fogueiras tem sido uma salvação, pois afugenta os mosquitos, uma vez que também não existem redes mosquiteiras no local.
Foto: DW/M. Mueia
Refeições
As refeições são confecionadas individualmente ou em pequenos grupos de quatro elementos, independentemente, do sexo ou idade, e têm como base as pequenas contribuições de arroz e farinha ou valor monetário. Muitas vezes, o caril é feito com peixe seco, localmente conhecido como "Madjembe", e verduras preparadas em água e sal.
Foto: DW/M. Mueia
Entreajuda
Joaquina Oniva veio da Maganja da Costa, a sul da província da Zambézia. Acompanha a sua neta, que está internada há meses. Joaquina Oniva não tem nada para comer, nem para dormir, tal como a maioria dos acompanhantes. Quando a comida acaba, pede ajuda a outros acompanhantes. Algumas vezes, há gente de boa fé que, ao preparar refeições, conta com mais dois ou três elementos.
Foto: DW/M. Mueia
Falta de segurança e luz
Também Eric Semba se queixa das condições do local. À DW, lembra o sofrimento que tem passado: as noites sem cobertor, sem um dormitório convencional e sem comida. Com ou sem chuva, homens e mulheres dormem, juntos, no local. Muitas mulheres reclamam que são assediadas sexualmente por falta de segurança e iluminação.
Foto: DW/M. Mueia
Esperando a alta médica dos familiares...
Beatriz Lourenco Coambe é mais uma das muitas mulheres que aqui se encontra. Veio há três semanas do distrito de Mocuba, para acompanhar o seu irmão, internado devido a um acidente de viação. Beatriz Coambe explica que gostava de abandonar o local devido ao sofrimento que ali passa. Mas não tem alternativa. Terá que esperar até que o seu irmão tenha alta médica.
Foto: DW/M. Mueia
Situações mais críticas
Não revelando a sua identidade, este jovem veio do distrito de Gorongosa, em Sofala, para acompanhar o seu irmão mais novo. Por semana vai duas vezes à lixeira do Hospital à procura de caixas que sirvam de dormitório. Não tem condições para comprar esteiras ou cobertores. O dinheiro que trazia de casa acabou, por isso, de madrugada, circula pelos bairros vizinhos, onde apanha fruta para vender.
Foto: DW/M. Mueia
Sem garantias de melhorias
Em média, e segundo os dados estatísticos da direção do Hospital Central de Quelimane, cinco a dez acompanhantes procuram abrigo neste local, diariamente. A maioria chega dos distritos de Caia, Maganja da Costa, Mocuba, Inhassunge, Madal, Namacurra, Nicoadala e Pebane. Apesar das reclamações serem frequentes, não há garantias de melhoria das condições a curto prazo.
Foto: DW/M. Mueia
Hospital reconhece situação
O diretor do Hospital Central de Quelimane, Ladino Suade, diz estar preocupado com a situação e lamenta a falta de capacidade para solucionar o problema. No entanto, afirma que à sua instituição compete cuidar dos pacientes e não dos acompanhantes. Na sua opinião, a Direção Provincial de Ação Social da Zambézia deveria intervir.
Foto: DW/M. Mueia
Situação arrasta-se desde 2016
Construído com fundos do Governo e parceiros sul-coreanos, o Hospital Central de Quelimane foi inaugurado a 27 de outubro de 2016. É composto por mais de 100 compartimentos e tem ainda uma clínica privada com serviços e tratamentos mais especializados. Durante a construção deste Hospital, não foi periodizada a construção de salas para os acompanhantes dos pacientes.