O ex-edil de Quelimane diz que tanto o MDM como a FRELIMO na cidade de Quelimane se uniram para o afastar do poder. MDM nega e afirma que Araújo está a fazer "marketing político" e a FRELIMO opta pelo silêncio.
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Em comícios em que participa, o ex-edil de Quelimane tem afirmado que o MDM e a FRELIMO formaram uma frente unida para o afastar. Araújo acusa: "Assistimos hoje àquilo que nós sempre desconfiávamos, de que existe uma coligação MDM e FRELIMO. O MDM já não é um partido da oposição. O MDM mata-bicha, janta, almoça e dorme na cama da FRELIMO."
Manuel de Araújo foi afastado da presidência da cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, na semana passada, com o voto de membros da FRELIMO, o partido no poder, e do MDM, a segunda maior força da oposição. A Assembleia Municipal de Quelimane considerou que o autarca violou a lei ao sair do MDM e ingressar na RENAMO, maior partido da oposição, em julho.
O delegado do MDM na cidade de Quelimane, Listano Evaristo, acusa Manuel de Araújo de estar a fazer "marketing político".
"Nós já assistimos na Assembleia da República à deliberação de um documento em que a RENAMO e a FRELIMO votam a favor e o MDM vota contra. E os membros da Assembleia Municipal de Quelimane entraram, reuniram e analisaram de acordo com os estatutos e a lei. Analisámos e vimos que, realmente, a situação não era legítima, porque não é possível a alguém que reza na mesquita ocupar um cargo na Igreja Católica", conta Listano Evaristo.
Manuel de Araújo sente-se perseguido pela FRELIMO e MDM
Mas Manuel de Araújo diz que não houve qualquer ilegalidade e que está a ser vítima de perseguição.
MDM distancia-se das acusações
No entanto, o MDM nega categoricamente que se tenha coligado à FRELIMO. O delegado do MDM em Quelimane diz que "não há nenhuma coligação, isto não está escrito. É um discurso politico. Araújo esperava que o MDM se pudesse coligar com a RENAMO. A RENAMO é um partido, a FRELIMO é um partido e o MDM é outro partido, cada partido tem as suas linhas de orientação."
A DW África tentou obter uma reação da FRELIMO, sem sucesso. O chefe da bancada do partido na Assembleia Municipal de Quelimane, Rijone Bombino, mostrou-se indisponível para falar sobre o assunto.
Entretanto, à medida que as eleições autárquicas de 10 de outubro de 2018 se aproximam, os partidos desdobram-se em reuniões para preparar a votação.
Escolas e material degradado na Zambézia
Para além da sobrelotação, há várias escolas sem condições na província da Zambézia, no centro de Moçambique. As infraestruturas encontram-se deterioradas e há falta de material escolar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Nacogolone
Aqui as crianças estudam debaixo das árvores, estando as aulas dependentes da meteorologia. A maior parte das crianças que estuda nesta escola foi vítima das cheias de 2015, tendo as suas famílias sido reassentadas nas proximidades do bairro Nacogolone. Foram já várias as iniciativas que surgiram no bairro para a reconstrução de salas convencionais, mas a falta de recursos não as deixou avançar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Mutange
As salas de aula desta escola, localizada a 15 quilómetros do extremo sul da vila sede do distrito de Namacurra, foram construídas com material convencional. No entanto, estão deterioradas. As secretárias escolares e o material didático para os professores estão em más condições e os assentos são trazidos e levados pelos alunos todos os dias de e para as suas casas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária 17 de Setembro
Embora se localize na capital da província, as condições desta escola estão muito abaixo das expetativas. Algumas paredes estão corroídas, outras parcialmente destruídas. O mesmo acontece com as carteiras escolares. O teto está deteriorado, o que constitui um perigo para os alunos. A direção da escola recebeu cerca de 200 mil meticais, mas diz não ser suficiente para reabilitar toda a estrutura.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Quelimane
Localizada no centro, em frente ao edifício do Governo da Província da Zambézia, é umas das escolas mais privilegiadas da cidade. Tem condições favoráveis e adequadas ao ensino e à aprendizagem, possuindo até uma sala de conferências. É a mais antiga escola primária - no tempo colonial, era frequentada pelos filhos dos colonos e filhos de negros assimilados.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Comunitária Mártires de Inhassunge
Fundada pela congregação religiosa Padres Capuchinhos, a Escola Comunitária Mártires de Inhassunge acolhe alunos do 1º ao 10º ano e é muito frequentada por pessoas carenciadas e órfãs. Apesar de ter dificuldades no acesso ao fundo de apoio direto às escolas, a instituição conta com infraestruturas adequadas e salas de aula equipadas com carteiras. Uma realidade diferente das escolas públicas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Secundária Geral de Sangarriveira
Integrando alunos da 8ª à 12ª classe, esta escola, que começou a funcionar em 2013, apresenta já rachas nas paredes, janelas partidas e chão degradado. A diretora Paulina Alamo afirma que as obras não obedeceram ao que estava estabelecido. A dimensão das salas é pequena para a quantidade de alunos existente. Há estudantes que têm de se sentar no chão.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária e Completa de Wazemba
O problema alastra-se também aos professores. Os gabinetes dos diretores e gestores das escolas localizadas em sítios mais distantes das vilas e postos administrativos estão em péssimas condições. Exemplo disso é a Escola Primária e Completa de Wazemba, no distrito de Namacurra. No gabinete do diretor, há atlas geográficos pendurados nas paredes feitas de material de construção local.
Foto: DW/M. Mueia
Pais, alunos e professores garantem manutenção
A estrutura externa do gabinete do diretor da Escola Primária de Wazemba foi construído com materiais locais - paus e folhas de coqueiro para cobrir o teto. As paredes são revestidas por lama. Em muitas outras infraestruturas escolares semelhantes a esta, a reabilitação é garantida pelos próprios alunos, encarregados de educação, lideres comunitários e professores.
Foto: DW/M. Mueia
Governo conhece situação
Carlos Baptista Carneiro, administrador de Quelimane, garante que a reabilitação das escolas e a compra de carteiras escolares está dependente da disponibilidade de fundos, pelo que não será possível reabilitar todas as escolas da cidade ao mesmo tempo. Segundo o administrador, o número das instituições de ensino que aguardam reabilitação é grande e o Governo tem conhecimento da situação.