Manuel de Araújo tomou posse como edil de Quelimane nesta quinta-feira (07.02.). Um empossamento cujos antecedentes davam para enredo de uma novela. Manuel de Araújo, agora com camisola da RENAMO, fez promessas, claro.
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"Compromisso de honra: Eu, Manuel António Alculete Lopes de Araújo, juro por minha honra servir fielmente o Município da Cidade de Quelimane e dedicar todas as minhas energias ao serviço dos munícipes desta cidade, respeitar a Constituição da República e as demais leis do Estado no exercício da função de presidente do Conselho Autárquico de Quelimane que me é confiado pelo eleitorado e pela lei", palavras do edil de Quelimane, empossado na tarde desta quinta-feira (07.02.)
Manuel de Araújo prestou juramento em meio a fortes aplausos dos citadinos. O empossamento do edil, que lidera agora a capital da província central da Zambézia pela RENAMO, o maior partido da oposição, estava na corda bamba até há dois dias atrás.
É que o Conselho Constitucional só na quinta-feira (05.02.) à tarde informou que recusou o pedido do Governo da FRELIMO e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) que solicitava ao Tribunal Administrativo a revisão do acórdão que decretou a perda do mandato anterior do edil Manuel de Araújo.
O dedo acusador de Manuel de AraújoApós as formalidades relativas ao seu empossamento, as primeiras palavras que Manuel de Araújo foram de críticas.
Moçambique: Manuel de Araújo toma posse como edil de Quelimane em clima de glorificação
"Aqui em Quelimane o povo é soberano, inventaram uma intentona para nos tirar do poder. Em Nampula optaram uma ação mais macabra assassinaram Mahamudo Amurane, aqui em Quelimane ensaiaram uma cassação do nosso mandato e o último plano que eles tinham era de eliminação física de Manuel de Araújo. Deus é grande, estamos aqui vivos e vamos dirigir essa terra", acusou o edil.
Na cerimónia estiveram também alguns representantes do Governo central, entre eles o ministro de Agricultura e Segurança Alimentar, Higinio de Marrule.
"Havia um entendimento claro de que o presidente eleito [Manuel de Araújo] não iria de tomar posse porque que não constava na lista do edital e nós clarificamos dizendo de que sim, havia dois editais. Queremos deixar aqui claro a todos os munícipes de que este ato que testemunhamos é o fruto de todo este processo que começou com o recenseamento eleitoral", esclareceu Higino de Marrule.
Nova Assembleia Autárquica
E foram investidos também nesta quinta-feira (07.02.) os novos membros da Assembleia Autárquica de Quelimane, num total de 40. A RENAMO a maioria, 24 representantes, a FRELIMO tem 14 e o MDM, segunda maior força da oposição, tem um.
Manuel José, da bancada da RENAMO, passa a partir de hoje a ocupar as funções de presidente da Assembleia Autárquica de Quelimane, em substituição de Domingos de Albuquerque, que está agora na posição número três na lista dos membros suplentes do MDM.
Entretanto, os 11 membros da RENAMO que estiveram detidos nas celas da Policia da Republica de Moçambique (PRM), na terça-feira (05.02.), quando protagonizavam uma manifestação de apoio a Manuel de Araújo, já foram postos em liberdade.
Quelimane: Os mecânicos da capital do ciclismo de Moçambique
A bicicleta é o meio de transporte de eleição em Quelimane, capital da província da Zambézia. No centro, multiplicam-se oficinas e mecânicos prontos para prestar os seus serviços quando há uma avaria.
Foto: DW/M. Mueia
Modelos para todos os gostos
Na capital do ciclismo há dezenas de lojas, a maioria de cidadãos chineses, indianos e nigerianos, dedicadas à venda de bicicletas novas e usadas. Em cada um dos estabelecimentos, há no mínimo 500 veículos de todos os feitios e para todas as idades. O preço de uma bicicleta em segunda mão varia entre os 5 mil e os 10 mil meticais, cerca de 140 euros. Os estudantes são os principais compradores.
Foto: DW/M. Mueia
Estratégia de mercado
As oficinas do Mercado Central foram instaladas em locais estratégicos, como o próprio recinto do mercado e a avenida 25 de Junho. É aqui que muitos clientes procuram os serviços de reparação. Os preços variam em função do trabalho: reparar uma roda de bicicleta, por exemplo, pode custar 70 meticais - cerca de um euro. A manutenção completa de uma bicicleta nova ronda os 300 meticais.
Foto: DW/M. Mueia
Carga horária pesada
Muitos mecânicos têm de caminhar entre 10 a 15 quilómetros da zona de residência até ao mercado, onde se encontram as oficinas. O horário de trabalho não é fácil: as oficinas abrem de madrugada, entre as 4h00 e as 4h30, e fecham por volta das 17h30. Enquanto alguns regressam finalmente a casa, após um longo dia de trabalho, outros frequentam as aulas do regime noturno.
Foto: DW/M. Mueia
De bicicletas a motas
Fora do mercado central da cidade de Quelimane também há muitas oficinas. Muitos mecânicos oferecem serviço duplo: reparam não só bicicletas, mas também motorizadas. O arranjo de motas é mais rentável, duma vez que se trata de uma "máquina" mais complexa que uma bicicleta.
Foto: DW/M. Mueia
Clientes satisfeitos
Aiena Azevedo é uma das clientes assíduas destas oficinas. Hoje, traz novos pneus para substituir as rodas da sua motorizada. Nunca teve queixas sobre a qualidade dos serviços prestados pelos mecânicos no mercado central de Quelimane. Não se importa de pagar mais pela confiança: nunca deixaria a sua mota nas mãos de mecânicos fora do mercado.
Foto: DW/M. Mueia
Negócio gera negócio
A poucos metros das oficinas, há todo o tipo de peças para bicicletas e motorizadas à disposição de mecânicos e clientes. Em caso de danos maiores nos veículos, é preciso substituir várias componentes e o preço do arranjo aumenta.
Foto: DW/M. Mueia
Aprender o ofício
Todos os dias, as oficinas de Quelimane recebem novos aprendizes de mecânico de bicicletas. É o caso de Lucas Alilo Luís (à direita) que há seis meses trabalha com o mestre Fernando Mariano (à esquerda), os dois naturais de Inhassunge e residentes em Icidhua. Lucas não concluiu a 10ª classe por falta de condições e decidiu juntar-se aos mecânicos do centro.
Foto: DW/M. Mueia
Mecânicos a mais
O mecânico Lucas Casimiro, de 21 anos, do bairro Icidhua, queixa-se da falta de clientes. Diz que não há movimento devido ao excesso de mecânicos de bicicletas na cidade. A ausência de preços fixos também é um problema, na opinião de Lucas Casimiro: cada trabalhador estipula o seu valor e os clientes vão aos mecânicos de baixo custo.
Foto: DW/M. Mueia
Da agronomia à reparação de bicicletas
Em Quelimane, há quem tenha abandonado a sua profissão para se dedicar a este trabalho. Lerio Carlos, de 22 anos, formou-se em Agronomia. Há um ano, decidiu juntar-se aos mecânicos de bicicletas, por falta de emprego na sua área. Afirma que já está adaptado à nova realidade e que gosta do trabalho. Ganha cerca de 200 meticais (cerca de 3 euros) por dia.
Foto: DW/M. Mueia
Pagamento? Só no final!
É uma regra cumprida por todos nas oficinas: clientes e patrões concordam que o pagamento só se faz depois da conclusão do trabalho. Desta forma, evitam-se eventuais falhas na concertação da bicicleta.
Foto: DW/M. Mueia
Fruta para o almoço
Pelas oficinas, a alimentação não é a ideal. Baixon Casquero é um dos mecânicos de renome em Quelimane. Tal como muitos colegas, não tem tempo para ir a casa à hora do almoço. Ao meio-dia, faz uma pausa no arranjo de bicicletas e come duas mangas cozidas. Para variar, nalguns dias compra bolinhos. Nos dias em que ganha mais dinheiro, compra uma refeição preparada numa das barracas do mercado.
Foto: DW/M. Mueia
Profissionais realizados
Muitos mecânicos são jovens e chefes de família. À DW Àfrica, dizem sentir-se bem a exercer esta atividade. Ganham o suficiente para pagar as contas em casa, alimentar a família e comprar material para que os filhos possam ir à escola.