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Manuel de Araújo reconhece crise do MDM em Nampula

4 de dezembro de 2017

Em meio a contestações começa nesta terça-feira (05.12) em Nampula o II Congresso do MDM. Manuel de Araújo reconhece que há crise no MDM e discorda da sua estratégia, mas garante que a sua relação com o MDM "é boa".

Manuel de Araújo, edil de Quelimane e membro do MDMFoto: DW/N.Issufo

O II Congresso da segunda maior força da oposição em Moçambique, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), acontece em meio a contestação por parte de alguns munícipes de Nampula, na sequência do assassinato do edil da cidade, Mahamudo Amurane, em outubro passado. É que aquando da sua morte o edil estava de relações cortadas com o MDM. Como vai ser gerida essa tensão no Congresso? Manuel de Araújo é edil de Quelimane e membro do partido e espera ver essa e outras crises do MDM debatidas em Nampula

DW África: O que espera do II Congresso do MDM nesta fase delicada para o partido?

Manuel de Araújo (MA): Acho que os membros do MDM vão ter a oportunidade de discutir estes e outros assuntos e adotar uma estratégia sobre como gerir conflitos e que MDM nós queremos.

DW África: Acha que o MDM minimizou...

MA: Não foi o MDM que minimizou, foi a direção do MDM, porque no MDM há muita gente. E há muita gente que não concorda com a estratégia da direção como em qualquer partido democrático. Acho que onde há democracia não pode haver unicidade de pensamento. Não é o MDM, mas digo que é a direção e mesmo dentro dela são algumas pessoas. Também conhecemos outras pessoas que até fazem parte da comissão política que não concordam.

DW África: Como qualificaria a sua relação com o MDM, é uma relação saudável?

Daviz Simango, líder do MDMFoto: DW/A. Sebastiao

MA: É uma relação saudável, é uma relação boa, diria que é ótima. Mas há um ponto, é que as pessoas não estão habituadas a pessoas com ideias divergentes. E eu digo em público e em privado, discutimos e criamos o MDM e não foi por acaso que colocamos a letra D no meio, de democrático, que a FRELIMO não tem e nem os outros partidos. E o MDM deve ser um exemplo de democracia e nós vamos lutar para isso independentemente do preço que venhamos a pagar a curto, médio e longo prazo, incluindo...

DW África: Incluindo?
MA:
Incluindo o que aconteceu  [assassinatos] ou que está a acontecer com várias pessoas em Moçambique.

DW África: O MDM vai realizar o seu II Congresso em Nampula, um lugar onde há fortes contestações por parte de alguns munícipes. Como se sentem a ter de realizar o evento a contra-gosto de alguns?

MA: Eu sinto-me bem. Quem não deve estar a sentir-se bem é aquele que decidiu que o Congresso devia ser em Nampula. Nós tivemos uma reunião do conselho nacional [do MDM] no Chimoio e a comissão estabeleceu regras de candidatura, as províncias podiam candidatar-se para receber o Congresso. E nós até ao fim do prazo oficial estabelecido pela comissão política só uma província, que é a província da Zambézia, tinha apresentado a candidatura. Mas houve pessoas que não viram de bom tom que esse Congresso se realizasse [na Zambézia] e fizeram de tudo para que o Congresso fosse em Nampula. E o resultado é esse. Então, essas pessoas é que devem estar preocupadas. Eu estou tranquilíssimo.

04.12.17. Manuel Auarujo MDM Crise Congresso - MP3-Mono

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DW África: Neste momento de relativa tensão como avaliaria a coesão no MDM?

MA: Já tinha dito na última entrevista que dei a DW que se tratava de uma crise de crescimento dentro do MDM e que era uma prova para a direção do MDM, era um desafio e era preciso que a direção mostrasse que sabe gerir conflitos. Infelizmente não concordei com a estratégia que a direção adotou, fiz uma carta que enderecei ao presidente Daviz Simango, com cópia para todos os membros da comissão política e para todos os membros do secretariado e para o presidente da mesa do conselho nacional, informando que me distanciava da estratégia que a direção do partido estava a tomar no caso Nampula e Mahamudo Amurane. Acho que se tivessem tomado em consideração os meus conselhos o MDM hoje não estaria onde está hoje, com uma crise clara no Município de Nampula onde foi assassinado o presidente, onde o substituto, o senhor Tocova acaba de ser afastado por causa de algumas atitudes tocovistas e hoje estamos numa situação em que há incerteza total e completa. Isso para mim é um indício de que ainda estamos na fase de crescimento, ainda temos muito que aprender em termos de gestão de conflitos, mas eu estou satisfeito porque isso tudo aconteceu antes do Congresso.

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