O município de Marromeu, no centro de Moçambique, repete esta quinta-feira a eleição autárquica em oito mesas de voto. A primeira votação foi invalidada pelo Conselho Constitucional.
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Pelo menos seis mil cidadãos votam esta quinta-feira (22.11) no município de Marromeu, no centro de Moçambique, na repetição das autárquicas. A nova eleição está a decorrer em apenas oito das 39 mesas de voto. A votação de 10 de outubro foi invalidada pelo Conselho Constitucional.
Neste escrutínio, concorrem a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido.
Logo nas primeiras horas, eleitores marcaram filas para votar nas escolas Samora Machel e 25 de Junho. A eleitora Joana Sainda, em entrevista à DW África, lamentou o facto de se ter registado problemas nas eleições de 10 de outubro. "Se não houvesse aqueles problemas, já estaríamos a saber quem vai nos governar, agora andaram a fazer brincadeiras", desabafou a eleitora.
Presença policial
Algo estranho registado e anotado pelos observadores foi a presença de agentes da polícia mesmo perto das filas, o que viola a lei que estabelece que os polícias devem permanecer a pelo menos 300 metros de distância das assembleias de votação.
O observador nacional António Zefanias lamentou e garantiu ter reportado o caso ao Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). Ainda segundo o observador, após a reclamação, os agentes afastaram-se.
"De princípio a polícia estava num raio não adequado, mas depois de uma explicação, os agentes se afastaram. Penso que no fundo o que se quer é que este processo seja livre, justo e transparente, de modo que não haja repetição porque isto gasta dinheiro", afirmou António Zenafias, que avaliou positivamente o andamento da votação.
O diretor provincial do STAE, Jorge Donquene, garante que toda logística está criada para que o processo decorra dentro da normalidade. "Está tudo apostos para que o processo decorra com normalidade, reparando para o clima que é bastante calmo", conluiu.
Repetição
A marcação da votação para hoje foi decidida na última segunda-feira pelo Conselho de Ministros, que acolheu uma proposta de data feita pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), conforme prevê a legislação eleitoral moçambicana.
A repetição da votação foi ordenada pelo de Constitucional - equivalente a um Tribunal Constitucional -, que considerou terem ocorrido graves irregularidades no escrutínio em Marromeu durante a realização das eleições autárquicas de 10 de outubro.
A FRELIMO venceu as eleições autárquicas de 10 de outubro em 43 das 53 autarquias do país, a RENAMO ganhou em oito e o MDM numa autarquia.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.