Em Quelimane, o MDM e a FRELIMO fazem campanha para apresentar os seus candidatos à autarquia. Entretanto, o partido da oposição também quer "limpar" a sua imagem após a saída de membros nas vésperas das eleições.
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A pré-campanha do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Quelimane começou na sexta-feira (10.08) sensibilizando munícipes nas ruas. Neste sábado, a ação eleitoral do segundo maior partido da oposição chegou aos bairros e mercados municipais formais e informais da cidade.
Segundo o delegado do MDM em Quelimane, Listano Evaristo, os membros do partido foram divididos em pequenos grupos para angariar mais apoiantes, apesar dos últimos acontecimentos turbulentos que abalaram o movimento com a saída do antigo cabeça de lista, Manuel de Araújo – atual edil de Quelimane, eleito em 2014 pelo MDM.
Listano Evaristo afirmou à DW África que já não há tempo para cruzar os braços. "É uma atividade que estamos a dar continuidade. Tínhamos planificado com o anterior cabeça de lista que abandonou o partido e estamos a sensibilizar a população, a dizer que o MDM em Quelimane está forte para ganhar as eleições de outubro".
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O delegado frisou que esta semana foram agendadas duas marchas, uma para este domingo, incluindo apenas da juventude, e a outra na próxima semana. Ambas servirão para medir até que ponto o MDM tem acessibilidade na cidade de Quelimane depois da saída do Manuel de Araújo, ressaltou Listano Evaristo.
Além da sensibilização, faz parte da pré-campanha do MDM a apresentação do seu novo cabeça de lista, Rogério Warowaro, que também participa das ações nos bairros.
FRELIMO também avança na pré-campanha
Por seu turno, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) também iniciou este sábado a sua pré-campanha em Quelimane, apresentando o seu cabeça de lista, Carlos Carneiro. A marcha da FRELIMO percorreu várias artérias da cidade e terminou na sede do partido.
Os primeiros pronunciamentos do candidato foram em língua local ao dizer "Mwana Mutchuabo Khankala Burruto", o que em português significa "um quelimanense é sempre bem-educado".
Para Paulino Lenço, secretário provincial da FRELIMO na Zambézia, diz que a corrida eleitoral já começou. Ele acrescenta que "Carlos Baptista Carneiro é o candidato ideal, a pessoa certa para desenvolver a nossa autarquia de Quelimane, ele não é um esfomeado que anda de partido em partido a procura de meios de sobre vivencia".
Carlos carneiro foi eleito na sexta-feira da semana passada (03.08) com 50 votos, contra cinco votos para Manuel de Morais e um voto para Rijone Bombino.
Cabeças de lista dos três partidos na Zambézia
Entretanto, os três principais partidos já encerraram o processo de indicação dos cabeças de lista para os seis municípios da província da Zambézia:
FRELIMO - José Aniceto (Gurue); Felisberto Elia (Milange); Geraldo Sotomane (Mocuba); Virgilio Dinheiro (Maganja da Costa); Miguel Muananvuca (Ato Molocue), e Carlos Carneiro (Quelimane).
RENAMO - Adriano Ermino (Milange); Ibrahimo Naimo (Gurue); José Palaço (Alto Molocue); Elferio Ossifo (Maganja da Costa); Ernesto Matos (Mocuba), e Manuel de Araújo (Quelimane).
MDM - Caldino Júnior (Mocuba); Lucas Mpepo (Milange); Orlando Janeiro (Gurue); André Txetxema (Alto Molocue); Alberto Aface (Maganja da Costa), e Rogério Warowaro (Queliamane).
Escolas e material degradado na Zambézia
Para além da sobrelotação, há várias escolas sem condições na província da Zambézia, no centro de Moçambique. As infraestruturas encontram-se deterioradas e há falta de material escolar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Nacogolone
Aqui as crianças estudam debaixo das árvores, estando as aulas dependentes da meteorologia. A maior parte das crianças que estuda nesta escola foi vítima das cheias de 2015, tendo as suas famílias sido reassentadas nas proximidades do bairro Nacogolone. Foram já várias as iniciativas que surgiram no bairro para a reconstrução de salas convencionais, mas a falta de recursos não as deixou avançar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Mutange
As salas de aula desta escola, localizada a 15 quilómetros do extremo sul da vila sede do distrito de Namacurra, foram construídas com material convencional. No entanto, estão deterioradas. As secretárias escolares e o material didático para os professores estão em más condições e os assentos são trazidos e levados pelos alunos todos os dias de e para as suas casas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária 17 de Setembro
Embora se localize na capital da província, as condições desta escola estão muito abaixo das expetativas. Algumas paredes estão corroídas, outras parcialmente destruídas. O mesmo acontece com as carteiras escolares. O teto está deteriorado, o que constitui um perigo para os alunos. A direção da escola recebeu cerca de 200 mil meticais, mas diz não ser suficiente para reabilitar toda a estrutura.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Quelimane
Localizada no centro, em frente ao edifício do Governo da Província da Zambézia, é umas das escolas mais privilegiadas da cidade. Tem condições favoráveis e adequadas ao ensino e à aprendizagem, possuindo até uma sala de conferências. É a mais antiga escola primária - no tempo colonial, era frequentada pelos filhos dos colonos e filhos de negros assimilados.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Comunitária Mártires de Inhassunge
Fundada pela congregação religiosa Padres Capuchinhos, a Escola Comunitária Mártires de Inhassunge acolhe alunos do 1º ao 10º ano e é muito frequentada por pessoas carenciadas e órfãs. Apesar de ter dificuldades no acesso ao fundo de apoio direto às escolas, a instituição conta com infraestruturas adequadas e salas de aula equipadas com carteiras. Uma realidade diferente das escolas públicas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Secundária Geral de Sangarriveira
Integrando alunos da 8ª à 12ª classe, esta escola, que começou a funcionar em 2013, apresenta já rachas nas paredes, janelas partidas e chão degradado. A diretora Paulina Alamo afirma que as obras não obedeceram ao que estava estabelecido. A dimensão das salas é pequena para a quantidade de alunos existente. Há estudantes que têm de se sentar no chão.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária e Completa de Wazemba
O problema alastra-se também aos professores. Os gabinetes dos diretores e gestores das escolas localizadas em sítios mais distantes das vilas e postos administrativos estão em péssimas condições. Exemplo disso é a Escola Primária e Completa de Wazemba, no distrito de Namacurra. No gabinete do diretor, há atlas geográficos pendurados nas paredes feitas de material de construção local.
Foto: DW/M. Mueia
Pais, alunos e professores garantem manutenção
A estrutura externa do gabinete do diretor da Escola Primária de Wazemba foi construído com materiais locais - paus e folhas de coqueiro para cobrir o teto. As paredes são revestidas por lama. Em muitas outras infraestruturas escolares semelhantes a esta, a reabilitação é garantida pelos próprios alunos, encarregados de educação, lideres comunitários e professores.
Foto: DW/M. Mueia
Governo conhece situação
Carlos Baptista Carneiro, administrador de Quelimane, garante que a reabilitação das escolas e a compra de carteiras escolares está dependente da disponibilidade de fundos, pelo que não será possível reabilitar todas as escolas da cidade ao mesmo tempo. Segundo o administrador, o número das instituições de ensino que aguardam reabilitação é grande e o Governo tem conhecimento da situação.