Pelo menos sete membros da RENAMO na Assembleia Provincial da Zambézia abandonaram o posto de trabalho e estão em lugar incerto.
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"Neste preciso momento, há sete colegas que foram perseguidos de morte. E para preservarem as suas vidas acabaram por ficar em lugares incertos", denuncia Betinho Jaime, presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, centro de Moçambique. Todos são membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e deputados da assembleia provincial da Zambézia. "Estão vivos e de saúde, mas em lugar incerto", acrescenta Betinho Jaime, que tem falado com os familiares dos desaparecidos.
O presidente da Assembleia Provincial afirma que o problema não se restringe àquelas sete pessoas. "As assembleias provinciais que são dirigidas pela RENAMO têm problemas sérios de perseguição. Essas províncias estão a passar por maus bocados. Os nossos colegas nessas províncias estão a desaparecer em plena luz do dia. Se não forem raptados, e nunca mais voltam, são alvejados a tiro na sua residência. Até hoje não há nenhum trabalho que nos traga luz em relação aos autores" [dessas perseguições], alerta Betinho Jaime.
O próprio Betinho Jaime denunciou ter sido alvo de um ataque, em outubro. Homens desconhecidos invadiram, durante a noite, a sua residência oficial, onde estavam também a esposa e os filhos.
Segundo do político da RENAMO, os polícias que os deviam proteger não estavam no posto de fiscalização. "Até hoje a única declaração que prestei foi na PIC [Polícia de Investigação Criminal]. Não fui ouvido pelo Ministério Público e eu também não insisti mais. Não fiquei satisfeito com as declarações do antigo porta-voz da Polícia da República de Moçambique, o senhor Jacinto Felix, que, pelo contrário, foram no sentido de promover o inimigo para tirar a minha vida", critica Betinho Jaime.
"Ele disse que eu vivo em segurança. Mas a preocupação dele deveria ser: se está protegido, como é que o inimigo entrou? Onde é que estava o agente de proteção?", acrescenta o membro do principal partido da oposição moçambicana.
RENAMO pede transferências entre províncias
"Para mim é como um duelo. Fomos à corrida eleitoral, que é um jogo. E o jogo diz que quem marca mais tem golos e pode pontuar. Não pode surgir outro ["jogador"] a ignorar os golos e a perseguir os jogadores do outro" [lado], afirma Betinho Jaime numa subtil crítica ao partido FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), no poder.
15.12 neu Zambezia - MP3-Mono
A RENAMO sublinha que já perdeu conta ao número de membros que, nos últimos meses, têm sido raptados ou mortos. O presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, Betinho Jaime, pede, por isso, a transferência de membros da RENAMO para outras províncias ou círculos eleitorais. Jaime defende que, neste momento, os membros das Assembleias Provinciais deviam ser de outras zonas, por razões de segurança.
O porta-voz do comando da polícia na Zambézia, Miguel Catenao, não avançou qualquer informação relacionada com estas perseguições. Garantiu dar informações detalhadas depois dos trabalhos com a Polícia de Investigação Criminal na Zambézia.
Em Maputo, o Governo e a RENAMO continuam a não chegar a um consenso para pôr fim ao conflito político-militar em Moçambique. O maior partido da oposição no país continua a exigir governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014. O Governo moçambicano não cede.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
Foto: Getty Images/AFP/G. Cogne
O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.