Já houve empresas interessadas no mercado aéreo doméstico, mas desistiram a última hora. O porquê ninguém sabe. Mas o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) considera que talvez o mercado não seja tão atrativo.
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O Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) lançou esta semana um concurso público para a alocação de rotas aéreas domésticas, regionais e intercontinentais. Isso acontece justamente numa altura em que o país vive uma crise no setor do transporte aéreo de passageiros. A DW África ouviu o IACM, na pessoa do seu porta-voz, Francisco Cabo.
DW África: O concurso lançado é uma resposta aos precários serviços de transporte aéreo e nesse sentido o resultado da visita do Presidente Filipe Nyusi a LAM ou é apenas um procedimento normal do IACM?
Francisco Cabo (FC): Este é um procedimento normal. Regularmente o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) lança estes concursos para que os operadores nacionais e internacionais possam concorrer para oferecerem, dentro das suas capacidades, os seus serviços nas rotas que estão estabelecidas.
DW África: Já houve empresas que manifestaram interesse em operar a nível doméstico, isso há alguns anos. O que impede a entrada desses operadores em Moçambique?
FC: Do ponto de vista jurídico e legal nada impede. Temos estado a receber pedidos de operadores para operarem no mercado nacional. É preciso ter em consideração que na República de Moçambique temos licenciados 17 operadores. A questão que se coloca é que a generalidade destes operadores estão mais virados para o segmento de charter. O que há sim, são as normas internacionalmente definidas pela Organização Internacional de Aviação Civil, que passam pela certificação com as suas cinco fases que todos os operadores têm para passar a operar em Moçambique e depois disso a companhia aérea é licenciada para fazer a sua operação. Há bem pouco tempo tivemos duas companhias que estiveram em processos de certificação e uma delas inclusive passou em todas as fases, mas depois decidiu não fazer a operação para a qual tinha definido.
DW África: Quais foram os motivos apresentados para a desistência de última hora?
ONLINE Mercado Aereo Moc. - MP3-Mono
FC: Do ponto de vista oficial não houve nenhum motivo apresentado ao IACM. Presumimos que sejam motivos ligados a própria companhia aérea. Nós não recebemos nenhum notificação.
DW África: Chega a ser hilariante saber que muitos moçambicanos vão para África do Sul, primeiro, para poderem chegar a Nampula, no seu país, e através de uma companhia aérea internacional, como é o caso da South African Airways...
FC: Sim, mas é preciso olhar para uma ciscunstância que estamos a viver no nosso mercado, Moçambique está na lista negra da União Europeia. Então, essa questão que coloca tem a ver com essa situação específica que hoje estamos a viver. As grandes empresas instaladas em Moçambique acabam criando essas restrições impedindo os seus trabalhadores de voarem nas companhias aéreas nacionais, por isso temos essa situação.
DW África: O mercado aéreo moçambicano é atrativo o suficiente para despertar interesse de operadores aéreos internacionais, por exemplo?
FC: É preciso olhar primeiro para a própria estrutura do mercado. Estamos a falar de um país onde temos aproximadamente 24 milhões de pessoas, e desses 24 quantos efetivamente viajam de avião? Do ponto de vista doméstico apenas movimenta 600 mil pessoas por ano. Isso é menos do que se movimenta no mercado sul-africano. Então, é preciso que a nossa análise em relação à esta questão comece por aí. Porque não temos companhias de grande porte a operarem em voos domésticos? Talvez não haja tanta atratividade para termos um mercado muito grande. O mercado de transporte aéreo em Moçambique não é tão elástico assim como possa parecer.
Insegurança nos táxis de São Tomé e Príncipe
Em São Tomé e Príncipe, andar de táxi pode não ser uma viagem agradável. Os táxis e mini-autocarros da capital, São Tomé, são conhecidos pelo grande número de acidentes e os proprietários enfrentam dificuldades.
Foto: DW/Ramusel Graça
Viaturas em más condições
Em São Tomé e Príncipe, andar de táxi pode não ser uma viagem agradável. Os táxis e mini-autocarros da capital, São Tomé, são conhecidos pelo grande número de acidentes. O parque automóvel está degradado, as dificuldades com a manutenção são um problema do dia-a-dia, associado ao aumento dos preços dos combustíveis. Ainda assim, o táxi continua a ser o ganha-pão de muitas famílias.
Foto: DW/Ramusel Graça
Milhares de passageiros por dia
Cerca de mil viaturas pintadas de amarelo concentram-se na Avenida Geovani, em São Tomé, que faz fronteira com os dois principais mercados Municipal e Coco Coco. São responsáveis pelo movimento diário de cerca de 17 mil pessoas. O parque automóvel é constituído na sua maioria por viaturas Toyota, que os taxistas dizem ser uma marca resistente.
Foto: DW/Ramusel Graça
Remendar e substituir
Claudino da Graça troca o pneu do seu carro. A sua viatura é quase uma anarquia de peças, fruto de vários remendos. Claudino sabe que a solução não é das melhores, mas garante que este carro é o único ganha-pão. A sua viatura, adquirida por empréstimo há já quatro anos, não oferece conforto ou segurança e clama por uma manutenção urgente. O barulho do motor e das chapas soltas não são bons sinais.
Foto: DW/Ramusel Graça
O perigo do "engenho"
Estas viaturas representam o sustento de muitas famílias e, por isso, os condutores enfrentam a estrada com coragem e engenho. Um litro de combustível custa cerca de um euro. Face ao baixo poder de compra, muitos taxistas improvisam depósitos alternativos, utilizando vasilhas de plástico altamente inflamáveis ao lado do motor. Quando o depósito fura, uma garrafa de litro resolve o problema.
Foto: DW/Ramusel Graça
Transporte de mercadorias
Os táxis que ligam o centro da ilha de São Tomé a aldeias no norte e no sul da capital abastecem os mercados logo pela manhã, com peixe e produtos hortícolas, pão e carvão. Os carros estão muitas vezes mal-conservados e circulam sobrecarregados. A viatura na foto tem a mala partida. Uma trave de madeira permite mantê-la aberta.
Foto: DW/Ramusel Graça
Do mar para o mercado: de táxi
Pescadores e peixeiras aproveitam os táxis coletivos para trazer peixe das cidades costeiras para a capital, São Tomé. O transporte é feito nas malas das viaturas, sem refrigeração. Um dia de trabalho para os taxistas que ligam zonas longínquas, incluindo a cobrança das cargas, representa cerca de 100 euros.
Foto: DW/Ramusel Graça
Concorrência em duas rodas
Muitos taxistas colocam a hipótese de abandonar a atividade, que em tempos foi um grande negócio. Aqueles que percorrem a periferia da capital chegam a faturar apenas dez euros num dia. E os moto-táxi (na foto) fazem concorrência aos taxistas são-tomenses.
Foto: DW/Ramusel Graça
Alternativa degradada
Neste arquipélago lusófono não existe uma linha regular de transportes públicos. A última, instituída em 2006, entrou em falência. Os taxistas não têm uma tarefa fácil: argumentam que o poder de compra dos são-tomenses baixou e a imagem das viaturas desmotiva os clientes. Na foto, táxis coletivos esperam por clientes junto à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no bairro de Água Grande.
Foto: DW/Ramusel Graça
Amarelo
Até que volte a haver uma linha regular de ónibus, os táxis e mini-autocarros continuam a ser a única alternativa para que não tiver uma viatura própria. Os transporte de pessoas e mercadorias na ilha de São Tomé depende dos 17.000 táxis pintados de amarelo, que circulam nesta república centro-africana.