Moçambique: Mobilização para intercalares em Nampula
Sitoi Lutxeque (Nampula)
29 de dezembro de 2017
Em Nampula, CNE mobiliza eleitores para votar nas intercalares de 24 de janeiro de 2018. Será escolhido novo edil da autarquia. Alguns pensam que poderão não votar por falta de cartões de eleitor, mas CNE diz que podem.
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Começou na semana passada na cidade de Nampula a mobilização de cidadãos com idade de votar. Espera-se que possam exercer o seu direito de voto nas eleições intercalares de 24 de janeiro. O escrutínio acontece na sequência do assassinato do edil da cidade, Mahamudo Amurane, em outubro de 2017.
Mas muitos cidadãos já perderam os seus cartões de eleitor. Um deles é Alberto João, que receia não poder votar. ''Dia 24 [de janeiro de 2018] não sei se vou votar porque perdi o cartão. Eu como munícipe estou a ver que não tenho direito a escolher o meu presidente municipal porque não tenho cartão eleitoral. Eu acredito que há muitas pessoas na mesma situação e que não vão poder votar.''
Para as eleições intercalares do próximo mês não haverá novos registos de cartões de eleitor, explica Luís Sande, diretor-adjunto do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
''Aqui não vai haver nenhum recenseamento. Vamos usar os dados que condicionaram a eleição deste mandato, que são dados de 2013'', disse.
CNE garante que todos os eleitores podem votar
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) na província assegura que a falta de cartões não vai impedir o cidadão de ir às urnas eleger o futuro presidente da autarquia.
29.12.17 Nampula intercalares (curta) - MP3-Mono
Daniel Ramos é presidente da Comissão Provincial de Eleições de Nampula e esclarece que ''todo o eleitor que perdeu o seu cartão pode votar com o seu Bilhete de Identidade, tal como pode ir ao STAE provincial para adquirir uma declaração com qualquer identificação que tiver, pode ser carta de condução, ele tem direito de votar.''
O advogado e analista Baptista Isseque considera que não se deviam realizar escrutínios por falta de condições financeiras e porque é curto o tempo que separa as intercalares das eleições autárquicas gerais previstas para outubro de 2018: ''Em princípio, na minha opinião, não devia haver eleições intercalares, olhando para a altura em que morreu Amurane e para o tempo que resta para a realização das eleições gerais e autárquicas."
"Não interessa eleger um presidente para ficar nove ou dez meses. Gastar tanto dinheiro para realizar eleições intercalares'', finaliza Isseque.
Eleições Gerais em Moçambique de 2014
Mais de dez milhões de eleitores foram às urnas para eleger um novo Presidente da República, 250 deputados e 811 membros das assembleias provinciais. Na corrida estão três candidatos presidenciais e 30 partidos.
Foto: DW/A. Cascais
Moçambicanos votam de norte a sul
Uma moçambicana deposita o seu voto numa assembleia em Maputo. Mais de dez milhões de eleitores foram chamados às urnas para eleger um novo Presidente da República, 250 deputados e 811 membros das assembleias provinciais. Na corrida estão três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos. Um processo acompanhado por mais de cinco mil observadores nacionais e 500 internacionais.
Foto: Getty Images/AFP/Gianluigi Guercia
"Enchentes" marcam primeiras horas
O processo de votação começou normalmente na maior parte do país, com grande parte das assembleias a abrirem a horas, segundo o boletim do Centro de Integridade Pública (CIP) e Associação dos Parlamentares Europeus (AWEPA). As organizações falam em “enchentes” nas assembleias de voto nas primeiras horas de votação. Por outro lado, referem a “morosidade no atendimento” em alguns locais.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Ferhat Momade
Mesas fechadas no centro e no norte
Dezenas de assembleias de voto, maioritariamente no centro e norte, não abriram para as eleições, segundo o CIP e a AWEPA. “Na Escola Primária Completa de Angoche, dez assembleias de voto estão encerradas", lê-se no boletim das organizações. Também houve problemas na cidade de Nampula. “Na Escola secundária 12 de Outubro, o processo arrancou duas horas depois devido a questões de logística”.
Foto: Getty Images/AFP/Gianluigi Guercia
Dhlakama quer polícia longe
O líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, votou na Escola Secundária Polana, no centro de Maputo, onde manifestou a convicção de que vai ganhar. Depois de ter depositado o seu voto, o candidato Resistência Nacional Moçambicana, que concorre às presidenciais pela quinta vez, apelou para que a polícia se mantenha longe das mesas de voto durante as eleições e pediu aos eleitores que controlem o seu voto.
Foto: AFP/Getty Images/Gianluigi Guercia
Simango vota na Beira
O candidato presidencial Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou pouco depois das 08:00 na Escola Primária das Palmeiras 1, na Beira, a segunda cidade moçambicana, onde é presidente do município desde 2003. Simango, acompanhado pela esposa e um filho, disse estar convicto neste processo e garantiu que vai aceitar qualquer resultado destas eleições.
Foto: DW/A. Sebastiao
Nyusi confiante na vitória
O candidato presidencial da FRELIMO, Filipe Nyusi, declarou “confiança total” na sua vitória nas eleições. O candidato do partido no poder há 40 anos em Moçambique votou na Escola Secundária Polana, no centro de Maputo, no mesmo local onde meia hora antes o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, depositou o seu voto. A assembleia de voto exibia nas primeiras horas de votação uma elevada participação.
Foto: Reuters/Grant Lee Neuenburg
Guebuza apela à não violência
O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, exortou o eleitorado a votar sem violência nas eleições gerais, as quintas na história democrática do país, considerando o escrutínio um "momento especial” no processo democrático do país. “Devemos fazer tudo para que esta festa não seja manchada”, declarou o chefe de Estado, depois de ter votado em Maputo.
Foto: picture-alliance/dpa/Antonio Silva
Dia calmo em Maputo
Na capital moçambicana o dia foi marcado por “um clima de muita calma e muito civismo”, de acordo com o enviado da DW África a Moçambique, António Cascais. Na Escola Primária Filipe Samuel Magaia (foto), assim como noutras assembleias de voto, o repórter foi abordado por alguns eleitores que se queixaram de não terem conseguido votar porque alegadamente “não constavam das listas”.
Foto: DW/A. Cascais
Grande afluência em Nampula
O centro de Nampula registou uma grande afluência às urnas durante a manhã, com filas de mais de 50 pessoas. O mesmo não se verificou na periferia da capital do maior círculo eleitoral. Segundo a agência Lusa, as autoridades eleitorais responderam com um processo organizado no centro. Nos bairros periféricos, os poucos postos de votação com elevada participação revelaram grande desorganização.
Foto: Reuters/Grant Lee Neuenburg
Filas curtas em Lichinga
Eleitores esperaram pela sua vez para votar na Escola Secundária Geral Paulo Samuel Kankhomba, em Lichinga, a capital da província do Niassa, no norte. O processo de votação decorreu calmamente, havendo uma fraca afluência de eleitores. Segundo o correspondente da DW África, Ernesto Saúl, as filas para votar eram curtas. Algumas tinham apenas entre 35 a 40 eleitores.
Foto: DW/E. Saul
Votação na Beira “faça chuva ou faça sol”
Faça chuva ou faça sol, ninguém iria abandonar o seu lugar na fila para votar, disseram esta manhã vários eleitores ao correspondente da DW África na Beira, Arsénio Sebastião. Na capital da província de Sofala, alguns cidadãos revelaram que preferem optar pela continuidade, enquanto outros esperam uma mudança governamental nas quintas eleições da história da democracia em Moçambique.
Foto: Arcénio Sebastião
Boletins destruídos em Tete
No distrito de Tsangano, província de Tete, membros da RENAMO queimaram boletins de voto em nove mesas de votação. Segundo Ibrahimo Mangera (foto), primeiro vice-presidente da Comissão Provincial de Eleições de Tete, as mesas abriram na ausência dos delegados daquele partido, que se atrasaram. “Quando chegaram, exigiram que o processo fosse reiniciado e este pedido não foi aceite, disse Mangera.
Foto: DW/A. Zacarias
UE acompanha o processo
De um modo geral, as eleições gerais estão a correr bem, considerou a chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE) em Moçambique, Judith Sargentini. “A maioria das assembleias de voto abriu a horas. O material e o pessoal estavam a postos, mas não necessariamente os representantes dos partidos políticos”, afirmou a eurodeputada holandesa, que dirige mais de cem observadores.