Moçambique: Momade defende comissão para reconciliação
Lusa
15 de março de 2021
Presidente da RENAMO considera que o "povo moçambicano está cansado de guerras". Em declarações à imprensa, Ossufo Momade defendeu que "a única saída" para o país é a "paz efetiva e uma reconciliação".
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"Não podemos falar só da paz, mas também da reconciliação e, por isso, tenho pensado que era possível que pudéssemos criar uma comissão para reconciliação nacional", disse esta segunda-feira (15.03) à comunicação social Ossufo Momade.
Para o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o "povo moçambicano está cansado de guerras" e, por isso, a pacificação do país é "irreversível". "A única saída é termos uma paz efetiva e uma reconciliação", frisou Ossufo Momade.
Durante 16 anos, Moçambique viveu uma guerra civil, que opôs o exército governamental e a RENAMO, tendo terminado com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 1992, entre o então presidente Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, líder histórico da RENAMO, que morreu em maio de 2018.
Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, durante 17 meses, e que só pararam com a assinatura, em 5 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.
Acordo de Paz
Alguns anos depois, em 6 de agosto de 2019, assiste-se ao Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro, assinado entre o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, prevendo, entre outros aspetos, a Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido de oposição.
O país volta a atravessar um período conturbado, marcado por conflitos armados no centro e norte. Na região centro, a autoproclamada Junta Militar, um grupo dissidente da RENAMO chefiado por um antigo líder de guerrilha do partido, tem protagonizado ataques armados, incursões que já causaram a morte de pelo menos 30 pessoas desde 2019.
No norte, em Cabo Delgado, as forças governamentais enfrentam há três anos uma insurgência armada que provocou uma crise humanitária com mais de dois mil mortos e 670 mil deslocados.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.