Governo moçambicano desembolsou cerca de 1 milhão e 500 mil euros para contratação de quadros do setor da saúde desempregados na província da Zambézia, que aguardam pelo enquadramento desde 2016.
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Apesar da boa nova para os enfermeiros e outros quadros do setor de saúde recém formados que aguardam o emprego, há muitas dúvidas sobre os critérios de seleção dos candidatos para essas futuras vagas.
Chandú Joaquim, técnico de laboratório que está há um ano à espera de oportunidade de emprego disse que "não seria correto um profissional de saúde ser formado e sentar em casa dois ou três anos sem nenhum enquadramento.”
Ele acrescenta ainda que "duvida se serão criadas vagas para enquadrar todas as pessoas que estão à espera numa província, porque são várias províncias que formam muitos quadros e não tem enquadramento. Alguns ainda conseguem e os que não tiverem sorte podem ficar em compasso de espera”.
Joaquim lamenta que "para qualquer cidadão é uma coisa muito preocupante estar formado, principalmente na área de saúde e ficar sem trabalhar. Nunca mais consegue adquirir a prática necessária”.
Muitos quadros de saúde e poucas vagas na Zambézia
Benedita António, técnica básica em saúde materno-infantil, também está na dúvida quanto à sua integração.
"Tomara que todo mundo seja chamado para trabalhar porque ficar em casa não ajuda...a teoria não é a prática". afirma
Falta de dinheiro
Para o diretor de saúde da Zambézia, Hidayat Kassim, o principal constrangimento foi a falta de recursos financeiros com que a província se debatia. Mas já foram colocados à disposição das autoridades do setor 105 milhões de meticais (cerca de 1 milhão e 500 mil euros), para a contratação de novos técnicos de saúde para vários distritos da província.
"Felizmente este assunto de fundo já está ultrapassado. Este ano já fomos dotados através de fundo comum do Ministério da Saúde com um montante de 105 milhões de meticais e assim vamos poder contratar 437 funcionários”, garantiu.
Hidayat Kassim, assegurou por outro lado, que "também temos um fundo do orçamento do Estado para o Governo da província da Zambézia no valor de 35 milhões de meticais cerca de 500 mil euros para contratar 200 profissionais de saúde. Vamos lançar brevemente um concurso para as candidaturas e dentro de três meses vamos começar com as contratações".
Elisabete, formada em saúde materno-infantil espera que seja integrada nos serviços de saúde na província. "Sinto-me feliz e emocionada, não se sabe o que vai acontecer porque há muitas pessoas e as vagas são poucas...mas estou esperançosa, vou tentar a minha sorte".
Muitos quadros poucas vagas
O diretor provincial de saúde, não avança o número de técnicos que poderão ser integrados mas fez saber que vão ser chamados 437 técnicos para trabalhar no setor de saúde em diversas áreas.
"Na província da Zambézia têm mais de 2500 enfermeiros. O número de recursos e da classe em geral é um desafio. Nós estamos a formar mais quadros. Este ano vamos colocar mais 437 funcionários que irão melhorar a qualidade na prestação de serviço e assim diminuir a carga de trabalho dos nossos enfermeiros”, diz Hidayat Kassim.
O ingresso de novos técnicos segundo o responsável vai permitir "aumentar o número de pessoal de enfermagem nas escalas de serviço”.
Na cidade de Quelimane, por exemplo, há pelo menos cinco instituições de formação de técnicos de saúde de nível médio, mas somente um é que pertence ao Estado sendo as restantes privadas.
Em média anualmente mais de 1000 candidatos formados nessas instituições, e também de outras províncias moçambicanas procuram emprego. Mas por enquanto a procura é muito superior a capacidade de absorção desses quadros, dizem as autoridades.
Moçambique: Os mototáxis de Nampula
Com a crise no transporte público na província de Nampula, os mototáxis multiplicaram-se. A atividade surgiu há mais de cinco anos, mas recentemente alastrou-se em várias cidades. Há vantagens e desvantagens.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mototáxis conquistam os jovens
O serviço de mototáxi está a ganhar espaço em Nampula. A atividade veio reduzir o drama da crise do transporte público em quase toda a província. Esta é mais uma nova forma de ganhar a vida, que tem conquistado muitos jovens nos últimos anos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Estacionamentos "ilegais"
Na cidade de Nampula, nas principais ruas e centros de concentração populacional estão instalados parques de estacionamento "ilegais" de mototáxis. Não há nenhuma identificação. Mas é possível reconhecer esses locais através da concentração de jovens com motorizadas, sempre prontos a servir os cidadãos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Risco de saúde em troca de dinheiro
Há muitos riscos na atividade dos mototaxitas. Os condutores desafiam o sol, a chuva e até chegam mesmo a partilhar os passeios nas ruas com os peões e vendedores, mas também a estrada com viaturas. No final, o que se pretende é lucrar e a saúde só fica acautelada mais tarde, com dinheiro no bolso.
Foto: DW/S. Lutxeque
Crise no transporte
Devido à insuficiência de transporte público na cidade Nampula, aliada à superlotação e ao encurtamento de rotas, muitos cidadãos optam pelos mototáxis. Há muitas vantagens para o passageiro, uma delas é chegar mais rápido ao destino, sem paragens ou desvios de caminhos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Melhor opção contra o desemprego
Amade Wahari tem 34 anos, é casado e pai de cinco filhos. Há três anos o mototáxi é a fonte de sustento da sua família. Por dia consegue entre 400 a 500 meticais. Mas não esconde a sua indignação: "Passamos muito mal com a polícia. Quase diariamente são confiscadas as nossas motorizadas, até mesmo com documentos e tudo que é necessário", revelou.
Foto: DW/S. Lutxeque
Conduzir em zonas perigosas
A cidade de Nampula, a terceira maior do país, apresenta buracos em algumas estradas. Uma delas é a rua Dom Manuel Viera Pinto, no bairro de Namicopo, onde há um grande índice de criminalidade. Mas os mototaxistas arriscam-se até altas horas. Aliás, nesta rua está o maior centro de concentração de mototáxis. Cidadãos e condutores lamentam a situação e pedem ações de combate ao crime.
Foto: DW/S. Lutxeque
Viver de motorizada sem conduzir
Não só os jovens ganham dinheiro como mototaxistas, mas há quem viva de mota sem conduzir. Jeremias é um dos cidadãos que consegue fazer dinheiro através da montagens de motocicletas, que depois serão vendidas em lojas. Peça por peça, Jeremias "faz"’ motorizadas e no final ganha de 400 a 500 meticais por veículo montado.
Foto: DW/S. Lutxeque
Preços das motas disparam
Por causa da crise económica que o país atravessa desde 2015, os preços dos produtos e serviços subiram. Os estabelecimentos comerciais também não ficaram alheios à esta realidade e, por isso, o preço da motorizada duplicou nos últimos dois anos. Em 2016, uma motorizada de marca LIFO XY-49-10 custava 19 mil meticais, mas atualmente pode chegar a 40 mil meticais.
Foto: DW/S. Lutxeque
Proliferação de oficinas de motas
Na cidade de Nampula, cresce o número de oficinas de reparação de motorizadas. Muitas delas chegam mesmo a funcionar em passeios ou estradas, sob o olhar das autoridades que pouco, senão nada, fazem para pôr fim ao problema. Este cenário foi, em parte, originado pelo aumento do número de motociclistas e mototaxistas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Criminalidade "motorizada"
Os ladrões estão a usar as motas para praticar assaltos. O roubo de motorizadas é também outra estratégia cada vez mais frenquente no mundo do crime, na cidade de Nampula. Semanalmente, a polícia recupera dezenas de veículos roubados. As autoridades admitem o aumento da criminalidade, sobretudo no populoso bairro de Namicopo, mas garantem que ações de combate estão em curso.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mortes causadas por mototaxistas
As autoridades policiais de Nampula dizem que os mototaxistas têm contribuído para as mortes nas estradas, devido à falta de conhecimento das regras de condução. "O departamento de Polícia de Trânsito continua a sensibilizar os mototaxistas, para que obedeçam as normas de trânsito, ou seja, não devem levar mais de um cidadão", disse Zacarias Nacute, porta-voz da polícia em Nampula.