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Moçambique "não vai aceitar chantagem da guerra"

Lusa | kg
2 de junho de 2020

Presidente Filipe Nyusi atribui a "elites internas e externas" a violência armada no país e apela ao reforço da unidade nacional para lidar com ataques em Cabo Delgado. Amnistia pede ao Governo "para proteger os civis".

Filipe Nyusi, Präsident von Mosambik (D. Anacleto)
Foto: DW

"Os moçambicanos não tolerarão de forma repetida a chantagem da guerra cíclica, movida por grupos de indivíduos manipulados para sustentar o ego das elites internas e externas", afirmou o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, referindo-se aos ataques armados no norte do país, num discurso em que lançou as comemorações dos 45 anos da independência, esta segunda-feira (01.06).

"Os moçambicanos jamais permitirão que Moçambique seja dividido para satisfazer os interesses de invasores de qualquer origem e natureza", frisou.

Filipe Nyusi apelou a um reforço da unidade nacional para que o país consiga lidar com os ataques terroristas em Cabo Delgado, os ataques armados em Manica e Sofala, e a pandemia da Covid-19, doença que classificou como um "inimigo imediato".

"O reajustamento das nossas ações face aos desafios da atualidade não nos exime da necessidade de reforçarmos ainda mais a unidade nacional. Defendemos incondicionalmente a paz e o desenvolvimento", sublinhou o chefe de Estado.

Amnistia pede ao Governo para "proteger civis"

As declarações de Filipe Nyusi surgem na sequência dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e grupos terroristas na província norte de Cabo Delgado, que estão a intensificar-se desde março. No domingo (31.05), o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, anunciou o abate de 78 membros dos grupos armados, incluindo dois cabecilhas tanzanianos. As autoridades provinciais anunciaram que recuperaram o controlo da vila de Macomia, alvo constante dos terroristas.

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A Amnistia Internacional apelou às tropas do Governo moçambicano para "proteger os civis enquanto realizam operações contra grupos armados em Cabo Delgado". Num comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos sublinhou que "as forças de segurança não devem usar as operações para se vingar dos ataques, atingindo residentes, mas para garantir que o grupo armado é responsabilizado por crimes contra o Direito internacional e violações de direitos humanos.

De acordo com o diretor da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Deprose Muchena, "o povo de Cabo Delgado tem sido vítima de uma violência horrível".

Em entrevista à DW África, o jornalista Luis Nhachote, coordenador do Centro de Jornalismo de Investigação de Moçambique, afirmou que "Cabo Delgado está em guerra e a província precisa de ser fechada".

"Se nós tivemos a coragem de ir mexer na Constituição para declararmos o estado de emergência devido à pandemia, podemos mexer nesta mesma condição e declarar estado de guerra em Cabo Delgado. A província precisa ser fechada, porque é uma vítima no contexto geopolítico, no contexto global, devido aos recursos que ela tem. É uma guerra exportada, porque temos fronteiras vulneráveis", considera.

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