Nova coligação "Afonso Dhlakama" tem pernas para andar?
5 de julho de 2022O Partido Independente de Moçambique (PIMO) está a criar uma coligação de partidos políticos (três, no total) e sociedade civil com o objetivo de concorrer às presidenciais de 2024.
Trata-se da Coligação Afonso Dhlakama Novo Moçambique, na qual todos os cidadãos são chamados a aderir para denunciar diversas práticas maléficas na administração estatal como a corrupção, injustiças, criminalidade e o chamado "lambebotismo".
O presidente do PIMO, Yaqub Sibindy, explica que os membros da coligação devem se identificar com os ideais do falecido líder da RENAMO Afonso Dhlakama.
"Esta coligação Afonso Dhlakama é o produto dedicado aos 80 por cento dos moçambicanos, que, ultimamente percebendo que o sistema de eleições em Moçambique é uma fantochada, não votam ou se abstêm. Portanto desde 1994 a 2019 mais de 80 % dos moçambicanos não votam porque sabem que o resultado será a legitimação do escravizador", explica Sibindy em entrevista à DW.
"Corrigir erros do passado"
A coligação quer criar um espaço onde os cidadãos terão oportunidade de corrigir os erros do passado e desenvolver um novo Moçambique.
"Neste momento nós estamos preocupados em criar um espaço de diálogo em que os moçambicanos devem dizer o que pensam e o que devem fazer. Lançámos um congresso da Nação, como órgão máximo de deliberação dos problemas económicos e sociais do país, e estamos determinados em fazer um Moçambique sem falar da FRELIMO. Queremos ignorar o período de 1975 a 2022 e fazer de contas que foi uma calamidade que caiu sobre os moçambicanos", afirma Sibindy.
O presidente do PIMO diz que o candidato à presidência será escolhido pelos membros e o foco é ganhar as presidenciais e não o Parlamento: "O Parlamento não tem soluções. O Parlamento aprova leis que não funcionam e quem faz funcionar leis é o Governo. Por isso neste momento precisamos de um Venâncio Mondlane, de um Manuel de Araújo, de uma Quitéria da Fátima e de todos esses que apontam erros ao país".
Nova cologação tem hipóteses de vingar, afirma analista
O analista político Dércio Alfazema entende que, na história de coligações em Moçambique, estas foram relativamente bem sucedidas.
"É sempre uma expetativa, inclusivamente para os partidos políticos, que, unindo forças, poderão muito provavelmente continuar a ter bons resultados. Agora a questão que se levanta é qual é a mais-valia de cada um destes partidos que vão eventualmente se coligar", pondera.
Alfazema lembra que, para tal efeito, é preciso que os partidos políticos coligados estejam organizados e em sintonia para definirem uma ideia comum para evitar dissenções: "É preciso que sejam avaliadas as reais intenções para em função disso encontrar as valências que poderão eventualmente surgir desse grupo. O próprio PIMO já esteve coligado a outros grupos, como o E-Povo uma iniciativa que se mostrava forte, mas que infelizmente acabou por não avançar".
A Coligação Afonso Dhlakama Novo Moçambique não tem nada a ver com a RENAMO, mas Yaqub Sibindy deixa claro que a família de Dhlakama são todos os que amam a democracia: "O partido RENAMO é livre para concorrer livremente, mas pode também coligar-se à Coligação Afonso Dhlakama. Se a RENAMO deseja, é bem-vinda", diz Sibindy.