Segundo o plano inicial, o novohospital provincial de Maxixe deveria ter começado a funcionar em 2019. Mas a obra está paralisada desde 2022, alegadamente por falta de fundos.

O hospital foi projetado para atender pacientes de doze distritos da província de Inhambane. O atraso multiplica as dificuldades dos pacientes, sobretudo das mulheres e crianças, disse à DW África a Larissa Cossa. A residente de Maxixe salienta que o novo hospital poderia salvar muitas vidas, porque há poucas infraestruturas de saúde na província.

Pacientes em risco de vida

"Muita gente que fica doente só tem um centro", diz Cossa, e explica: "Mulheres grávidas em risco de parto prematuro devem recorrer ao Hospital Rural de Chicuque, onde, no entanto, só há uma incubadora". Quando é necessário voltar a transferir a paciente, já pode ser " muito tarde a criança pode já ter perdido a vida. Se tivesse aquele hospital concluído, iria nos ajudar."

Maria Fernando, residente no distrito de Massinga, diz que seria mais fácil transferir os pacientes para o novo hospital em Maxixe do que para o hospital provincial na cidade de Inhambane, como acontece atualmente. "Se estivesse aqui um hospital provincial, não iria transferir uma pessoa de Massinga a Inhambane, mas sim de Massinga a Maxixe, por estar perto", afirma.

O novo hospital provincial de Maxixe deverá empregar 500 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e outros técnicos.

Horácio Maluva, do Ministério da Saúde, disse à DW África que a obra deverá retomar no próximo ano. "Está um pouco parada, porque estamos a proceder aos atos administrativos", explica. "O contrato [com o empreiteiro] tinha expirado por falta dos fundos, mas agora estamos nos trâmites para renovar o contrato. Este ano já não temos condições para poder continuar com a obra, agora só no próximo ano".

Inauguração só em 2024

Um fraco consolo para Arnaldo Arone, natural do distrito de Morrumbene, que lamenta que os pacientes tenham de continuar a percorrer longas distância para conseguir tratamento médico de qualidade. "Quando são transferidos do Hospital Distrital de Morrumbene vão ao Hospital Rural de Chicuque e de lá saem para a cidade de Inhambane."

É um vaivém pouco recomendável para quem tem problemas de saúde - já para não falar no desassossego para as famílias dos pacientes, comenta Habiba Mussagy, uma residente de Inhambane: "Se o Estado terminar este hospital, podia ajudar muita gente".

O novo hospital provincial de Maxixe é financiado pelo Estado moçambicano. As obras estão orçadas em cerca de 711 milhões de meticais (dez milhões de euros).