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CriminalidadeMoçambique

Moçambique: Nyusi ainda vai a tempo de acabar com os raptos?

7 de julho de 2024

Filipe Nyusi encerra o seu mandato como Presidente da República de Moçambique em seis meses. Mas como fica a promessa de acabar com os raptos que assolam o país há mais de 10 anos?

Filipe Nyusi vai deixar a presidência em seis meses, quando o PR eleito nas eleições de 9 de outubro deverá tomar posse
Filipe Nyusi vai deixar a presidência em seis meses, quando o PR eleito nas eleições de 9 de outubro deverá tomar posseFoto: FILIPE AMORIM/AFP/Getty Images

A cerca de meio ano de terminar o seu mandato como Presidente da República, Filipe Nyusi poderá não cumprir a tarefa de combater os raptos, sobretudo na cidade de Maputo.

Nem as estratégias nem mesmo as mudanças de ministros do Interior efetuadas pelo chefe de Estado travam o fenómeno dos raptos.

Nas palavras do próprio Presidente da República, os raptos são "desafios que suscitam a Polícia da República de Moçambique a necessidade de definir as melhores estratégias e preparação adequada para os enfrentar".

Cidadãos pedem mais segurança

Cidadãos que têm estado a assistir a este crime em plena luz de dia, e em algumas ocasiões mesmo nas barbas da polícia, lamentam a situação e pedem mais ação da corporação.

Moçambicanos pedem mais ação de segurança pública para combater os raptosFoto: DW/L. da Conceição

"Infelizmente é muito triste o que tem acontecido connosco. De alguma maneira mina, fecha as portas para que os turistas ou mesmo nós nacionais possamos sair à vontade", disse um cidadão moçambicano à DW nas ruas de Maputo.

Outro afirmou que "é chocante porque o número de raptos, quanto mais tempo passa, está a crescer" e os "moradores ficam muito preocupados sem saber".

"Precisamos de ser protegidos porque mesmo quando os nossos filhos vão à escola ficamos preocupados", falou mais um moçambicano que pede mais segurança.

Falha na estratégia

O analista político Dércio Alfazema não tem dúvidas de que no combate aos raptos o Governo falhou "na estratégia estruturante."

"É preciso que haja um investimento necessário em termos de meios de investigação e a questão de pessoas devidamente preparadas para poderem trabalhar no combate a este tipo legal de crime", avalia Alfazema.

O analista frisa que as estratégias desenhadas pelo Executivo de Nyusi para combater os raptos, como por exemplo a criação da brigada anti-raptos, não passaram do papel.

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"Mas parece que até agora ainda não se vê uma movimentação concreta neste âmbito e muito menos resultados da atuação dessa brigada. Se bem que ela já foi criada e que já está a atuar e reforça o alerta da necessidade de dotar as nossas unidades de investigação, da polícia, PGR de meios tecnológicos das mais modernas para se antecipar a realização deste tipo legal de crime", diz Dércio Alfazema.

Investigar outros crimes para combater raptos

O analista afirma que para combater os raptos o Governo de Nyusi devia investigar outros crimes ligados ao fenómeno como por exemplo a lavagem de dinheiro.

De acordo com Alfazema, era preciso controlar as "enormes quantidades de dinheiro que circulam fora dos bancos" porque "a forma como esse dinheiro é movimentado para depois pagar o resgate também não é claro".

"Se esse dinheiro estivesse a ocorrer dentro dos bancos, haveria de haver um alerta porque são somas muito avultadas", ressalta. 

Os raptos em Moçambique registam-se desde 2011, altura do mandato de Armando Guebuza, também da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e a capital Maputo tem sido o principal palco deste crime.

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