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Moçambique: Nyusi critica Mondlane e "vandalismo" nas ruas

Lusa
28 de outubro de 2024

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, critica o candidato presidencial Venâncio Mondlane por se ter declarado vencedor das eleições quando o apuramento estava em curso: "Onde é que se viu isto?"

Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi
Chefe de Estado moçambicano alerta para consequências da escalada de violência no país após o anúncio oficial da vitória do candidato presidencial da FRELIMO, Daniel ChapoFoto: FILIPE AMORIM/AFP/Getty Images

Enquanto falava, remotamente, a partir de Maputo, com os embaixadores moçambicanos, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, criticou esta segunda-feira (28.10) o candidato presidencial Venâncio Mondlane.

"Enquanto estavam apurados menos de 10% dos votos declarou-se vencedor incontestável, anunciando que já tinha criado uma comissão de transição de poderes, apelando aos seus apoiantes a manifestarem-se. Onde é que se viu isto? Em que continente, em que país? Como é que se sabe antes que alguém ganhou", questionou Nyusi.

O chefe de Estado garantiu na mesma intervenção, atualizando o processo sobre as eleições gerais de 9 de outubro, que "de uma maneira geral, a campanha, a votação e o escrutínio decorrem bem", embora notando que os observadores internacionais só dias depois da votação é que apontaram alegados casos de "enchimento de urnas", pelo que devem esclarecer se testemunharam essas situações.

Venâncio Mondlane prometeu "25 dias de terror" em Moçambique após assassinato de dois dos seus apoiantesFoto: Alfredo Zuniga/AFP

Em 10 de outubro, dia seguinte às eleições gerais, o candidato presidencial Venâncio Mondlane declarou-se vencedor das eleições, alegando os resultados das atas e editais processados pela sua candidatura.

"Estamos a fazer uma declaração pública de vitória em face das atas e dos editais originais, verdadeiros, que chegaram a nós", disse o candidato.

Na intervenção de hoje, o chefe de Estado insistiu num apelo à "calma e à obediência pela lei", face às manifestações violentas da última semana, que sublinhou já terem provocado ferimentos, alguns com gravidade, a "mais de 60 polícias".

Os alertas de Nyusi

Nyusi apelou ainda à comunidade internacional, nomeadamente "àqueles que se dizem amigos de Moçambique" a "colaborarem com os moçambicanos de bem", reconhecendo que investidores têm demonstrado inquietação com a situação atual do país.

Criticando a escalada de violência que Moçambique tem enfrentado nos últimos dias, o chefe de Estado assumiu preocupação com os casos de "vandalismo", destruição de bens públicos e saques registados no país.

"Que a nós não nos parece ser assunto do PODEMOS [partido que apoia a candidatura de Venâncio Mondlane]. Vamos compreender um pouco se não estaremos a subir gradualmente para uma confusão grave, que temos de responsabilizar algumas pessoas qualquer dia que seja", avisou.

"RENAMO não se responsabiliza pelos eventos pós-eleitorais"

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Apelou à "responsabilidade" de todos os atores e partidos políticos, e ao uso dos "meios legais" para contestar os resultados já conhecidos, tendo em conta que o Conselho Constitucional ainda não proclamou os resultados finais, criticando igualmente os avisos de novos protestos já anunciados por Venâncio Mondlane, enquanto decorre esse processo.

"Reconhece-se que os moçambicanos têm direto à manifestação e à liberdade de expressão, mas estas devem ser realizadas em obediência à lei", disse Nyusi.

Ainda assim, sublinhou que o período da guerra em Moçambique é uma fase "ultrapassada" e que não pode haver "vandalismo", alertando para as consequências de um líder político "perder o controlo" das suas declarações.

"Não há espaço em Moçambique para nós estarmos a lutar. O apelo que fazemos é que nós todos estejamos unidos e coesos, focados para o desenvolvimento do país, usando as leis", disse.

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