Governo de Moçambique decide manter medidas de contenção da Covid-19 por mais 21 dias. Presidente teme que, no período de Páscoa, a entrada de moçambicanos vindos da Africa do Sul provoque "importação de casos".
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Todas as capitais províncias moçambicanas vão observar o recolher obrigatório das 10 horas da noite até às 4 horas da manhã a partir desta terça-feira (06.04). O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (05.04) pelo Presidente Filipe Nyusi. O objetivo do Governo de Moçambique é conter a propagação do novo coronavirus.
O aumento de infeções, segundo Nyusi, explica a iniciativa do Governo. "Temos consciência dos sacrifícios que são pedidos a todos nós. A única solução é persistir sem desalento, sem dar tréguas à pandemia. Não podemos permitir que se coloque em riso todo o trabalho até agora empreendido", diz o chefe de Estado
O Presidente teme que, no período de Páscoa, a entrada de moçambicanos que trabalham ou residem na Africa do Sul possa provocar a terceira vaga da pandemia. "Entraram no país milhares de concidadãos moçambicanos e sul-africanos vindos da República da África do Sul. Este movimento migratório poderá resultar na importação de casos de Covid-19 e, consequente, no alastramento de cadeias de transmissão de uma variante do novo coronavírus mais infeciosas", explicou
Covid-19 em Maputo: os sítios em que menos se cumpre o distanciamento social
Com o aumento dos casos positivos de Covid-19 em Maputo, crescem também as críticas aos espaços onde as medidas restritivas para conter a pandemia, como são o distanciamento social e regras de higiene, não são cumpridas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Mercados, maiores focos
A propagação do novo coronavírus na cidade de Maputo está aumentar. Na capital moçambicana, os locais onde há menos distanciamento social são apontados como os maiores focos de propagação do vírus. Os mercados são um destes lugares, como podemos ver nesta imagem do mercado informal de "Xikeleni".
Foto: Romeu da Silva/DW
Filas nos bancos
O mesmo acontece nos bancos. O Presidente da República Filipe Nyusi criticou, na sua comunicação à nação, o atendimento neste serviço. Como mostra esta imagem, continua a ser comum as filas à porta dos bancos. As pessoas aglomeram-se não cumprindo o distanciamento de dois metros determinado pelo governo.
Foto: Romeu da Silva/DW
Cidadãos cansados
Também nas ATM o distanciamento social não é cumprido, algo que pode ser justificado com o desgaste dos cidadãos em ficar muito tempo na fila à espera da sua vez para levantar o dinheiro. Aqui, não é só o distanciamento que preocupa. Não existe também sabão para a lavagem ou desinfeção das mãos após a utilização da máquina.
Foto: Romeu da Silva/DW
Escolas
Também nas escolas, é difícil falar em distanciamento, apesar de chefe de Estado ter elogiado a postura destes estabelecimentos no combate à pandemia. No entanto, nos intervalos, as crianças continuam aos abraços, muitas vezes sem máscaras ou viseiras, o que pode propiciar a propagação do vírus.
Foto: Romeu da Silva/DW
Transportes coletivos
Diversos círculos sociais criticam os operadores dos transportes semicoletivos a quem acusam de estar a violar as orientações do governo, segundo as quais, em cada banco devem sentar-se apenas três pessoas. No entanto, e por causa da receita, alguns "chapeiros" violam a regra. A polícia municipal, ao que tudo indica, não está a conseguir controlar a situação.
Foto: Romeu da Silva/DW
Número de passageiros mantém-se
A mesma crítica estende-se aos chamados "Smart kikas" que continuam a transportar mais de cem pessoas, quando deviam reduzir para metade. Em Maputo, estes sãos os meios de transporte preferidos porque levam pessoas desde o centro da cidade até à periferia. Nas horas de ponta, o cenário de aglomeração é arrepiante. Não há desinfeção das mãos à entrada, nem mesmo do próprio autocarro.
Foto: Romeu da Silva/DW
Paragens sem distanciamento
Outro cenário muito comum na capital moçambicana são as filas, sem distanciamento, nas paragens de transporte semi-coletivo. O cenário piora quando chega o transporte, pois há "guerra" pelo assento, ninguém quer viajar de pé.
Foto: Romeu da Silva/DW
Terminais de autocarros
Os terminais são tidos também como focos de propagação do coronavírus. Nestes locais, desaguam diariamente vários "chapas" provenientes de quase toda a periferia. Ao já acentuado movimento de passageiros, juntam-se os vendedores informais, o que dificulta ainda mais o cumprimento do distanciamento social.
Foto: Romeu da Silva/DW
Fila numa padaria
Observamos também alguma falta de distanciamento nas filas para a compra de pão em algumas padarias de Maputo. No interior dos estabelecimentos, o controlo é eficaz, pois entra apenas um cliente de cada vez. Mas no exterior, a realidade é diferente como se pode ver nesta fotografia tirada no bairro da Malhangalene, fronteira entre a cidade de cimento e os bairros periféricos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Difícil mas não impossível
Os supermercados são também estabelecimentos com muita procura. Para além do entra e sai, muitos dos clientes mexem nos produtos sem desinfetar as mãos. O distanciamento social é também um problema, no entanto, tem vindo a melhorar em muitos dos espaços. Aos fins de semana, os gestores preferem deixar alguns cliente de fora do estabelecimento para evitar aglomerados no interior.
Foto: Romeu da Silva/DW
Serviços públicos
Diariamente, são muitas as pessoas que precisam de se dirigir aos serviços públicos para tratar de assuntos variados. Às repartições de registo criminal, por exemplo, acorrem todos os dias muitos candidatos que procuram empregos nas instituições do estado. Apesar da afluência, a rapidez no atendimento acaba por minimizar o risco, e aumentar o distanciamento social.
Foto: Romeu da Silva/DW
Tradição inimiga da prevenção
As cerimónias familiares, por exemplo funerais, estão limitadas, atualmente, a 20 pessoas. No entanto, e porque culturalmente este tipo de eventos costuma ter muito mais gente, continuam a existir funerais com o dobro do número permitido.
Foto: Romeu da Silva/DW
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"Medidas conservadoras"
Janeiro e fevereiro foram os meses de mais mortes e infeções em Moçambique. Por isso, o Nyusi disse que quer evitar um cenário dramático. "Considerando os fatores supracitados e, para evitar a terceira vaga que vivemos nos meses de janeiro e fevereiro, decidimos manter todas as medidas de contenção da Covid-19 em vigor por mais 21 dias com inicio no dia 6 de abril".
O analista Ericino de Salema disse que o Governo tomou medidas conservadoras e preferiu não correr riscos iguais aos que o país esteve exposto no início do ano. Falando ao canal privado STV, Salema salientou que o recolher obrigatório estendido a outras cidades "é de razoabilidade duvidosa”.
"Por uma razão muito simples. Em Cuamba, no Niassa, Mocuba, na Zambézia, Macia, em Gaza, Chokwe e Montepuez [em Gaza e Cabo Delgado respetivamente] podem ter muito mais gente do que uma capital provincial como Lichinga", adverte.
Para o analista, tendo em conta o dinamismo económico, há centros urbanos que não são capitais, mas deviam ter uma perspetiva mais ampla de ações. Para ele o critério não precisava de ser "só a capital provincial, mas o nível do movimento ou densidade populacional ou atividade económica".
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