A FRELIMO iniciou esta terça-feira (26.09) o seu XI Congresso sob o lema "Unidade, Paz e Desenvolvimento". Na abertura, o líder apelou ao debate aberto e a mudanças no seu seio face às transformações.
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Mais de dois mil e duzentos delegados ao Congresso vão discutir durante seis dias um total de cinco teses, entre as quais "Unidade Nacional, Paz, Democracia e Reconciliação Nacional", "O Desenvolvimento Económico e Social", e "O Estado, Ética Governativa e Descentralização".
No seu discurso de abertura, o presidente do partido, Filipe Nyusi, disse que a prioridade do país é a paz, a intensificação do diálogo, a unidade nacional e o desenvolvimento equilibrado de Moçambique.
Nyusi indicou ainda que o país deve estar focalizado na defesa dos interesses nacionais acima dos interesses de grupos e na consolidação do estado de direito.
Num discurso que durou cerca de uma hora, o Presidente do partido no poder lançou um vigoroso ataque contra a corrupção, afirmando que o seu combate é o mais urgente e vital de todos os desafios no país: "Não pode haver tolerância com a ilegalidade, o suborno, a extorsão e todos os outros desmandos. A FRELIMO não pode permitir que se fechem os olhos a esses abusos".
Relativamente à descentralização da administração do Estado, um tema que considerou crucial na jovem democracia moçambicana, Nyusi disse que a sua implementação constitui um dos mecanismos indispensáveis do estado de direito e de justiça social no país. Sublinhou, no entanto, que não deve haver conflito entre descentralização e a preservação da unidade nacional.
O Congresso vai ainda eleger os órgãos de direção do partido e desenhar estratégias para as eleições autárquicas do próximo ano e gerais de 2019.
Filipe Nyusi aprovado como candidato para as eleições de 2019
A Comissão Política já veio a público anunciar que aprovou por unanimidade e aclamação a indicação de Filipe Nyusi para a sua sucessão no cargo de Presidente da FRELIMO, posição defendida, igualmente, pelas delegações provinciais ao Congresso e pela Associação dos veteranos da luta de Libertação Nacional.
26.09 Congresso FRELIMO - MP3-Mono
Fernando Faustino, secretário-geral desta organização de massas, considerada a mais interventiva dentro do partido, afirma que "a CLLIN (Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional), como sempre, está com o camarada presidente Filipe Nyusi". E acrescenta: "Vamos reelegê-lo e, consequentemente, em 2019, é o nosso candidato natural para as próximas eleições".
O Congresso vai ainda aprimorar o programa quinquenal da FRELIMO, e os Estatutos e Programa do Partido, bem como analisar a vida interna da organização, segundo o porta-voz António Niquice.
Ainda de acordo Niquice, "questões como a paz e o aumento da produção e da produtividade estarão igualmente no cerne da agenda".
A situação económica do país é um dos pontos que deve merecer a atenção do Congresso, uma vez que, segundo um dos participantes do encontro, o membro da FRELIMO e presidente da Confederação das Associações Económicas Agostinho Vuma, "a crise financeira já se faz sentir há bastante tempo na economia real". "Isso desafia-nos a todos nós, mas muito em particular a liderança do setor privado e também ao partido que dirige o povo moçambicano", seublinhou.
A propósito da realização deste Congresso, o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, disse no fim de semana a jornalistas na Gorongosa: "Espero que neste Congresso o Presidente da República, como presidente da FRELIMO e como futuro candidato às eleições de 2019 consiga unir os radicais da FRELIMO para o apoiarem naquilo que tem vindo a negociar comigo (a descentralização administrativa do Estado, e o enquadramento dos homens armados da RENAMO na Polícia e no Serviço de Informação e Segurança do Estado, SISE).
O encontro conta com a participação de centenas de convidados, nomeadamente 1200 nacionais e 24 delegações estrangeiras.
Eleições Gerais em Moçambique de 2014
Mais de dez milhões de eleitores foram às urnas para eleger um novo Presidente da República, 250 deputados e 811 membros das assembleias provinciais. Na corrida estão três candidatos presidenciais e 30 partidos.
Foto: DW/A. Cascais
Moçambicanos votam de norte a sul
Uma moçambicana deposita o seu voto numa assembleia em Maputo. Mais de dez milhões de eleitores foram chamados às urnas para eleger um novo Presidente da República, 250 deputados e 811 membros das assembleias provinciais. Na corrida estão três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos. Um processo acompanhado por mais de cinco mil observadores nacionais e 500 internacionais.
Foto: Getty Images/AFP/Gianluigi Guercia
"Enchentes" marcam primeiras horas
O processo de votação começou normalmente na maior parte do país, com grande parte das assembleias a abrirem a horas, segundo o boletim do Centro de Integridade Pública (CIP) e Associação dos Parlamentares Europeus (AWEPA). As organizações falam em “enchentes” nas assembleias de voto nas primeiras horas de votação. Por outro lado, referem a “morosidade no atendimento” em alguns locais.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Ferhat Momade
Mesas fechadas no centro e no norte
Dezenas de assembleias de voto, maioritariamente no centro e norte, não abriram para as eleições, segundo o CIP e a AWEPA. “Na Escola Primária Completa de Angoche, dez assembleias de voto estão encerradas", lê-se no boletim das organizações. Também houve problemas na cidade de Nampula. “Na Escola secundária 12 de Outubro, o processo arrancou duas horas depois devido a questões de logística”.
Foto: Getty Images/AFP/Gianluigi Guercia
Dhlakama quer polícia longe
O líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, votou na Escola Secundária Polana, no centro de Maputo, onde manifestou a convicção de que vai ganhar. Depois de ter depositado o seu voto, o candidato Resistência Nacional Moçambicana, que concorre às presidenciais pela quinta vez, apelou para que a polícia se mantenha longe das mesas de voto durante as eleições e pediu aos eleitores que controlem o seu voto.
Foto: AFP/Getty Images/Gianluigi Guercia
Simango vota na Beira
O candidato presidencial Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou pouco depois das 08:00 na Escola Primária das Palmeiras 1, na Beira, a segunda cidade moçambicana, onde é presidente do município desde 2003. Simango, acompanhado pela esposa e um filho, disse estar convicto neste processo e garantiu que vai aceitar qualquer resultado destas eleições.
Foto: DW/A. Sebastiao
Nyusi confiante na vitória
O candidato presidencial da FRELIMO, Filipe Nyusi, declarou “confiança total” na sua vitória nas eleições. O candidato do partido no poder há 40 anos em Moçambique votou na Escola Secundária Polana, no centro de Maputo, no mesmo local onde meia hora antes o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, depositou o seu voto. A assembleia de voto exibia nas primeiras horas de votação uma elevada participação.
Foto: Reuters/Grant Lee Neuenburg
Guebuza apela à não violência
O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, exortou o eleitorado a votar sem violência nas eleições gerais, as quintas na história democrática do país, considerando o escrutínio um "momento especial” no processo democrático do país. “Devemos fazer tudo para que esta festa não seja manchada”, declarou o chefe de Estado, depois de ter votado em Maputo.
Foto: picture-alliance/dpa/Antonio Silva
Dia calmo em Maputo
Na capital moçambicana o dia foi marcado por “um clima de muita calma e muito civismo”, de acordo com o enviado da DW África a Moçambique, António Cascais. Na Escola Primária Filipe Samuel Magaia (foto), assim como noutras assembleias de voto, o repórter foi abordado por alguns eleitores que se queixaram de não terem conseguido votar porque alegadamente “não constavam das listas”.
Foto: DW/A. Cascais
Grande afluência em Nampula
O centro de Nampula registou uma grande afluência às urnas durante a manhã, com filas de mais de 50 pessoas. O mesmo não se verificou na periferia da capital do maior círculo eleitoral. Segundo a agência Lusa, as autoridades eleitorais responderam com um processo organizado no centro. Nos bairros periféricos, os poucos postos de votação com elevada participação revelaram grande desorganização.
Foto: Reuters/Grant Lee Neuenburg
Filas curtas em Lichinga
Eleitores esperaram pela sua vez para votar na Escola Secundária Geral Paulo Samuel Kankhomba, em Lichinga, a capital da província do Niassa, no norte. O processo de votação decorreu calmamente, havendo uma fraca afluência de eleitores. Segundo o correspondente da DW África, Ernesto Saúl, as filas para votar eram curtas. Algumas tinham apenas entre 35 a 40 eleitores.
Foto: DW/E. Saul
Votação na Beira “faça chuva ou faça sol”
Faça chuva ou faça sol, ninguém iria abandonar o seu lugar na fila para votar, disseram esta manhã vários eleitores ao correspondente da DW África na Beira, Arsénio Sebastião. Na capital da província de Sofala, alguns cidadãos revelaram que preferem optar pela continuidade, enquanto outros esperam uma mudança governamental nas quintas eleições da história da democracia em Moçambique.
Foto: Arcénio Sebastião
Boletins destruídos em Tete
No distrito de Tsangano, província de Tete, membros da RENAMO queimaram boletins de voto em nove mesas de votação. Segundo Ibrahimo Mangera (foto), primeiro vice-presidente da Comissão Provincial de Eleições de Tete, as mesas abriram na ausência dos delegados daquele partido, que se atrasaram. “Quando chegaram, exigiram que o processo fosse reiniciado e este pedido não foi aceite, disse Mangera.
Foto: DW/A. Zacarias
UE acompanha o processo
De um modo geral, as eleições gerais estão a correr bem, considerou a chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE) em Moçambique, Judith Sargentini. “A maioria das assembleias de voto abriu a horas. O material e o pessoal estavam a postos, mas não necessariamente os representantes dos partidos políticos”, afirmou a eurodeputada holandesa, que dirige mais de cem observadores.