Arsénia Massingue assume Ministério do Interior e Cristóvão Chume substituirá Jaime Neto na pasta da Defesa. Analistas acreditam que remodelação visa melhorar a atuação das forças de segurança no norte de Moçambique.
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Com a mudança de nomes nos ministérios da Defesa Nacional e do Interior, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirma que está em curso uma reestruturação das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
"Queremos que as Forças de Defesa e Segurança continuem a ser de excelência para a defesa da pátria e do interesse nacional, consolidando-se cada vez mais como uma força da unidade nacional", disse o chefe de Estado na quarta-feira (10.11), na Escola de Sargentos do distrito de Boane, província de Maputo.
"Cabe a vocês garantir a execução com sucesso da política da Defesa Nacional. Estes jovens que estão perfilados à nossa frente, para além dos que já estão nas outras missões, fazem parte de um leque muito grande de quadros que estão à vossa disposição para ajudar as orientações que estamos a transmitir", acrescentou.
Quais as consequências políticas do afastamento dos ministros?
Aos olhos de Dércio Alfazema, do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), o afastamento do ministro Jaime Neto não deve afetar as operações em Cabo Delgado.
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"Poderão ter um impacto político sobre a forma como estas instituições vão apresentar-se publicamente, como vão continuar a interagir, sobretudo com o Parlamento e com os outros países no âmbito do reforço para as suas capacidades", alertou.
O politólogo enaltece o papel do ministro Jaime Neto no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, no norte do país, e à Junta Militar da RENAMO, no centro. Para Alfazema, o Presidente, Filipe Nyusi, sabe o que está a fazer.
"Pode ser que estes [antigos] ministros venham a ser aproveitados para outras áreas, mas é preciso ter em conta que o Presidente da República conhece muito bem as Forças de Defesa e Segurança", lembra.
"Ele dirigiu o comando conjunto, o comando operativo, portanto tem uma passagem pelo Ministério da Defesa Nacional e é ele que tem estado a dar a cara, que tem estado à frente de toda a estratégia para a questão do terrorismo", frisou o especialista.
Qual o destino de Jaime Neto?
Ismael Mussa, professor universitário e antigo deputado da RENAMO, também não tem dúvidas de que o ex-ministro Jaime Neto pode ser colocado noutras funções estratégicas.
"Não estou a ver isto como uma punição, não estou a ver isto como uma exoneração porque não cumpriu a sua missão. Pelo contrário, estou a ver isto como uma remodelação oportuna para melhor arrumar as peças e preparar a época chuvosa", considera.
Na opinião de Mussa, "é o momento de calmia, porque estamos a ter conquistas no campo militar, mas dentro de uma semana começa a época chuvosa e vamos precisar de forças de segurança com outra pujança".
O Major-General Cristóvão Chume será o novo responsável pela pasta da Defesa. Chume comandava o Exército desde março deste ano, dirigindo as operações no terreno, em Cabo Delgado. Antes, esteve à frente da Academia Militar e foi também diretor nacional de Política de Defesa.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.