Moçambique: Obras de projeto de gás retomadas em breve
18 de março de 2021O ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique disse hoje à Lusa que serão retomadas em breve as obras do projeto de gás de Cabo Delgado. "Estão praticamente criadas as condições para a retoma [dos trabalhos de construção]", referiu Max Tonela.
"Tivemos uma discussão recente, ainda esta semana, com o presidente para África da Total e concordámos que, em breve, será anunciada publicamente a retoma dos trabalhos", enfatizou Max Tonela, à margem do lançamento da primeira pedra de construção da linha de transporte de energia elétrica Chimuara - Alto Molócuè, na província da Zambézia, centro de Moçambique.
Segundo o governante, estão a ser encetados todos os esforços para que o projeto de gás natural do consórcio liderado pela multinacional francesa seja conduzido "dentro do cronograma", ou seja, com início de produção em 2024.
"Há também uma plataforma de discussão entre a Total e o Governo e uma das matérias é a questão da segurança, não só para o local da implantação em Palma, mas para resolver toda a questão de terrorismo em Cabo Delgado", acrescentou.
O ministro assinalou que, apesar da redução do nível de atividade, o projeto da Total atingiu um nível de execução de 23%. "As atividades de engenharia também decorrem conforme o plano inicial" assim como as atividades no mar, 32% das quais realizadas, salientou. O projeto da Área 1, liderado pela petrolífera francesa, é o maior investimento privado em curso em África, avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros.
Comandante da zona de operação especial
O ministro do Interior moçambicano conferiu hoje posse a António Bachir, o novo primeiro adjunto de comandante da zona de operação especial em Afungi, onde estão a ser desenvolvidos os projetos para exploração de gás. "Não é mais um posto, mas antes uma responsabilidade acrescida e o Estado espera inovação, perícia, experiência e ciência", disse Amade Miquidade, durante a cerimónia de tomada de posse na Escola Prática da Polícia, nos arredores de Maputo.
A criação de uma zona de operação especial em Afungi, anunciada na terça-feira (16.03), visa proteger a área em que estão a ser desenvolvidos projetos para a exploração de gás, liderados pela petrolífera Total. "Estaremos aqui para dinamizar [a região]", declarou o governante.
As Forças de Defesa e Segurança designam como "teatro especial de operações" zonas do território nacional onde têm em curso intervenções específicas - como o Teatro Operacional Norte para o conflito com rebeldes armados em Cabo Delgado ou o Teatro Operacional Centro, onde as autoridades perseguem um grupo de dissidentes do principal partido de oposição acusado de protagonizar ataques que provocaram a morte de 30 pessoas desde 2019. Moçambique conta com quatro zonas de operação especial.
A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 670 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos.